Gazeta troca festa por colchões e comida para vítimas da enchente

Estava praticamente tudo programado para brindar nossos leitores ainda neste fim de ano pelos quatro anos de existência do jornal Gazeta de Joinville. Local escolhido, data agendada e a certeza da vinda do maior humorista brasileiro no maior espetáculo do ano na cidade. Porém, a catástrofe climática que se abateu sobre o Estado, atingindo milhares de famílias na cidade, fez a direção do jornal mudar seus planos em respeito ao sofrimento pelo qual muitos joinvilenses estão passando.

“Temos plena consciência de que a hora não é para festa, por isso decidimos adiar a vinda do humorista Chico Anysio para o início de 2009”, afirmou o diretor-presidente do jornal, Camal El Achkar Filho.

Além disso, Camal propôs aos demais diretores que parte do valor investido na vinda do comediante a Joinville fosse revertida na compra de donativos (colchões e alimentos) às vítimas da enchente.

A decisão foi tomada ainda na manhã do último sábado, quando as fortes enxurradas começaram a assolar a cidade. “Foi algo muito chocante. Sabíamos que não poderíamos ficar de braços cruzados”, afirmou o diretor do jornal.

Diretor do jornal comanda doações

A entrega dos colchões e alimentos foi realizada na tarde da última quarta-feira (26) numa das comunidades mais carentes da cidade, área de invasão no bairro Jardim Paraíso, na qual vivem centenas de famílias.

Um cenário dramático se desenhava a cada instante quando avistávamos as famílias que se aproximavam para receber os donativos. Com as águas mais baixas, mulheres e crianças puderam se aproximar para receberem as doações.

Os dois veículos da Gazeta foram enviados carregados de colchões e alimentos não perecíveis.

Uma multidão se aglomerou logo na chegada e causou um certo tumulto. “Não foi fácil organizar a fila, mas com a ajuda de lideranças locais conseguimos atender as famílias que mais necessitavam”, completa o ditetor-presidente.

A aposentada Luzia Aparecida, de 45 anos, viúva, três filhos, após receber doação ressaltou quase em prantos: “Estamos abandonados aqui. É difícil alguém vir para resolver nossos problemas”.

EDITORIAL: Erros recorrentes

As enchentes no Vale do Itajaí são recorrentes, ou seja, de tempos em tempos o rio Itajaí-açu transborda e as cidades que ficam às suas margens acabam sofrendo inundações.

Em 1983, uma grande enchente atingiu a região e os especialistas afirmavam, na época, que se tratava de um fato raro, que ocorreria a cada 50 anos. No entanto, no ano seguinte, as cheias vieram com a mesma intensidade na região, desafiando aqueles que a todo custo teimavam em creditar ao imponderável o caos que se instalou.

Agora, apesar das fortes chuvas que caem sobre Santa Catarina, causa estranheza a proporção do desastre e do número de vítimas fatais. Se o fenômeno das grandes enchentes é recorrente, por que os prefeitos e o governo do Estado não têm um plano para enfrentá-lo?

Não se está negando que as chuvas são intensas e que causariam grandes estragos. No entanto, o que se vê é desproporcional ao que teria sido se governos usassem mais tempo agindo para prevenir tragédias do que investindo maciçamente em publicidade e autopromoção; como se ao dizer que o governo está bem, que é bom, que é perfeito, isso automaticamente se auto-realizasse.
O nosso rico estado de Santa Catarina não é tão rico em governantes. É rico sim na solidariedade de sua gente, de sua classe empresarial empreendedora e seu povo trabalhador.

Mais preocupante é perceber a omissão, diante desta tragédia, dos prefeitos recém-eleitos para governar as cidades atingidas pelas inundações. Fica a impressão de que o futuro irá repetir o presente.

Quando as águas baixarem e a lama for retirada, os catarinenses atingidos por esta enchente recorrente irão se perguntar: “Será que desta vez os governantes do nosso Estado irão aprender a lição e fazer o dever de casa para que nas futuras enchentes não aconteçam tragédias destas proporções?”

Carlito deve fazer auditoria em contratos mais polêmicos

Contratos milionários assinados no apagar das luzes da administração tucana podem ser revistos, segundo prefeito eleito

Sergio Sestrem

O prefeito eleito Carlito Merss (PT) e sua equipe já estudam detalhadamente o relatório elaborado pela Comissão de Transição Governamental do prefeito tucano Marco Tebaldi e que foi entregue formalmente na tarde da última segunda-feira (24) na sala do Colegiado da Prefeitura.

Dois volumosos compêndios que totalizam 600 páginas reúnem desde organograma geral da prefeitura, operações de crédito, contratos assinados e projetos em andamento. No segundo constam informações gerais sobre todas as unidades gestoras do governo municipal.

Dos contratos milionários assinados pela atual administração, dois vão receber atenção minuciosa do prefeito eleito: o que trata da implantação do novo sistema de informática e o que recentemente contratou nova empresa responsável pela segurança patrimonial do poder público municipal.

Vamos conferir item a item, reafirma Carlito Merss

Em junho deste ano a prefeitura ficou por duas semanas sem atendimento em virtude de uma disputa entre duas empresas de sistemas de informação. Após perder uma licitação que lhe daria direito a continuar prestando serviços ao município, a ISO, de Blumenau se negou a prorrogar o contrato por mais três meses. Segundo a empresa blumenauense, o edital teria favorecido a empresa Aporte, de Joinville. Esta, por sua vez, já deveria estar com o novo sistema em operação na metade do ano e que deverá ser implantado somente em dezembro.

“Esse sistema é vital para o município e não pode acontecer o que aconteceu na metade do ano”, relembra “Temos que ter controle total sobre isso para que possamos administrar com segurança”, apontou.

Um outro caso polêmico diz respeito à contratação de vigilância eletrônica em escolas do município a um custo de R$ 35 milhões, vencido pela empresa Kronos, que desde fevereiro foi contratada emergencialmente pelo município logo após rescisão da prefeitura com a EBV. “Temos de verificar cada número com calma”, avaliou.

Dívidas que serão herdadas do Hospital São José também foram comentadas pelo prefeito eleito: “Fiquei sabendo pelos jornais que gira em torno de R$ 10 milhões”, afirmou. Carlito evitou polemizar, mas não descartou realizar uma auditoria para certificar-se dos valores desembolsados pelo município junto a forncedores. “Vamos conferir item a item e, se preciso for, não descartamos realizar uma auditoria em todos os contratos”, afirmou Carlito.

O vereador Marcos Aurélio Fernandes (PT), integrante da comissão de transição, assegurou que com a entrega do relatório pela prefeitura foi cumprda a primeira etapa da transição. “Agora temos que estudar com atenção”, finalizou.

DRAUZIO VARELLA: O flamboyant da Dr. Arnaldo

Os flamboyants florescem nesta época do ano. Em meio à folhagem rendilhada, exibem mil flores em forma de chamas acesas para o alto.

Na avenida Dr. Arnaldo, junto à Cardeal Arcoverde, zona central, pode ser visto um dos flamboyants mais floridos de São Paulo. Plantado no jardim da faculdade de Saúde Pública, o mais generoso de seus galhos se curva e cobre de sombra e beleza metade da avenida. Bem embaixo dele, todos os dias, milhares de automóveis e um dos corredores de ônibus mais movimentados da cidade despejam fuligem e gases tóxicos. Impávido, assim que chega o verão, ele revida ao ataque químico com flores encantadoras.

As árvores que teimam em florescer no meio da poluição são exemplos vivos de um fenômeno batizado de hormese, em 1943. Recentemente ressuscitada por uma série de publicações científicas, na verdade, hormese é um conceito descrito em 1888 pelo farmacologista alemão Hugo Schulz, ao observar que doses baixas de substâncias tóxicas estimulavam o crescimento de certos fungos.

Depois de analisar experimentos semelhantes realizados em animais pelo médico alemão Rudolph Arndt, ambos enunciaram a lei de Schulz-Arndt: pequenas doses do que faz mal podem eventualmente fazer bem ao organismo.

Essas idéias caíram em descrédito nas décadas de 1920 e 1930, porque Arndt era adepto da homeopatia que defende a noção segundo a qual soluções extremamente diluídas, contendo algumas poucas ou mesmo nenhuma molécula da substância ativa dissolvida, são dotadas de efeito terapêutico.

O mal-entendido não tinha a menor razão para surgir: a hormese envolve concentrações, no mínimo, 10 mil a 100 mil vezes maiores do que as homeopáticas. O fenômeno provavelmente representa uma resposta adaptativa ao estresse: na presença deste, o organismo ativaria seus mecanismos de reparação dos tecidos e manutenção da integridade funcional, numa espécie de compensação que o tornaria mais apto a enfrentar a seleção natural. Os exemplos são inúmeros:

1) doses pequenas de álcool reduzem significativamente o risco de ataques cardíacos, enquanto quantidades mais elevadas estão associadas à hipertensão, cirrose hepática e outras doenças graves;

2) o exercício físico moderado priva uma parte das células de oxigênio e glicose, aumenta a concentração nefasta de oxidantes em outras e debilita a imunidade. No entanto, melhora as condições gerais de saúde porque essas agressões celulares estimulam o aparelho cardiorrespiratório e os sistemas de defesa a funcionar com mais eficiência;

3) restrição calórica na dieta retarda o envelhecimento e aumenta a longevidade em todos os animais já estudados. O número baixo de calorias ingeridas mantém o organismo sob estresse, ativando enzimas responsáveis pela reparação do DNA e acelerando a morte de células potencialmente malignas (apoptose);

4) a dioxina - usada como desfolhante no Vietnã - é produto de alta toxicidade: o equivalente a sete colheres de chá numa piscina olímpica é suficiente para causar câncer de fígado em 50% dos ratos estudados. Doses mínimas de dioxina, ao contrário, protegem ratos contra o aparecimento de tumores hepáticos;

5) os riscos das radiações costumam ser avaliados com base na incidência de câncer entre os 86.600 sobreviventes das explosões atômicas de Hiroshima e Nagasaki. Nesse grupo, a incidência de câncer cresce à medida que aumentam as doses de radiação às quais foram expostos seus componentes. Estudos recentes, no entanto, sugerem que, entre eles, os menos atingidos pelas radiações curiosamente apresentam maior longevidade do que o grupo controle (não exposto à bomba);

6) pesquisas conduzidas em populações que vivem no oeste da China e no estado americano do Colorado, onde os níveis de radiação natural são três a quatro vezes maiores do que no resto do mundo, demonstraram incidência discretamente diminuída de casos de câncer.

Alguns cientistas acreditam existirem evidências suficientes para assumirmos que radiações abaixo de certo limiar são inofensivas, contrariando o paradigma atual que considera prejudicial à saúde da espécie humana qualquer dose de radiação.

Edward Calabrese e Linda Baldwuin, da Universidade de Massachusetts, fizeram uma revisão de milhares de trabalhos publicados sobre o tema. Foram encontrados exemplos de hormese em plantas que crescem mais rápido na presença de herbicidas, bactérias que se multiplicam mais depressa com antibióticos, células imunológicas que proliferam na presença de arsênico, insetos que vivem mais e produzem mais ovos quando tratados com pesticidas e muitos outros. No final, Calabrese diz: “O fenômeno é encontrado em todas as espécies estudadas nos reinos animal e vegetal”.

Embora ainda haja pontos de vista discordantes e dificuldade na elucidação dos mecanismos moleculares desses fenômenos, o interesse por essa área é palpitante. A hormese pode alterar substancialmente as regras atuais para definir quantidades mínimas aceitáveis de substâncias tóxicas nos alimentos, na água potável, em produtos industriais e interferir com a limpeza do lixo atômico.

Para nós, habituados aos alimentos com conservantes, às bebidas industrializadas, às frutas e legumes borrifados com pesticidas e a viver na poluição, é consolador confiar na hormese.

Novas denúncias contra ex-secretário Norival Silva

Segundo MP, Norival autorizou pagamento ilegal a fiscais da Vigilância Sanitária

Rogério Giessel

Uma nova ilegalidade com o dinheiro da saúde é alvo de uma ação civil pública do Ministério Público Estadual (MPE). O epicentro parte de um velho conhecido da Justiça catarinense, o ex-secretário de saúde do município Norival Silva, que foi preso no início desse ano acusado de cobrar propina para fraudar a lista de pagamento dos credores da pasta que comandava. De acordo com a inicial da ação protocolada pelo promotor da 13ª promotoria, Assis Marciel Kretzer, o então secretário Norival Silva concedeu de forma irregular uma gratificação aos fiscais da Vigilância Sanitária de Joinville. Também são denunciados os também ex-secretários Cromácio José da Rosa, Paulo Iolando Santana e o atual secretário, Armando Dias Pereira Junior. O prefeito Marco Antonio Tebaldi não ficou de fora e deverá responder junto com os outros denunciados.

“Foi um cala boca”

De acordo com o MPE, desde julho de 2007, os fiscais da Vigilância Sanitária do município de Joinville vêm recebendo uma gratificação de R$ 250,00, sem que para isso exista uma lei que regulamente tais pagamentos. Norival Silva, na época, era o gestor do Fundo Municipal de Saúde e instituiu o pagamento à revelia da lei. “A remuneração dos servidores públicos e o subsídio de que trata o § 4º do art. 39 somente poderão ser fixados ou alterados por lei específica, observada a iniciativa privada em cada caso, assegurada a revisão geral anual, sempre na mesma data e sem distinção de índices”, diz o inciso X do artigo 37 da Constituição Federal.
Os fatos chegaram ao MPE em forma de uma denúncia anônima, onde consta que o procedimento adotado por Norival tinha um objetivo diferente do que apenas melhorar a remuneração dos fiscais. “Foi a forma na época do sr. Norival Silva dar um cala boca” (sic), “ajeitar o salário do pessoal”, informa o denunciante. A má-fé ganhou prosseguimento sob o comando dos sucessores de Norival na pasta.

Gratificação não aparece no contracheque


Segundo o Ministério Público, os três secretários, cada qual, no período em que foram titulares da pasta da Saúde do município, desfalcaram juntos a soma de R$ 108 mil dos cofres públicos. O valor é a soma que os 27 fiscais que atuam na inspeção veterinária e vigilância sanitária receberam irregularmente, ou seja, sem a previsão legal durante os 18 meses (julho de 2007 a outubro de 2008). Foram pagos R$ 250,00 mensais a cada um deles. As gratificações eram pagas através de depósitos, sem a discriminação em seus contracheques, situação que demonstra o conhecimento dos secretários da ilegalidade dos pagamentos. Diante dessa manobra, o MPE aponta o descumprimento da lei 8.492/92, em seu artigo 10, que prevê: “Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades referidas no art. 1º desta lei (...)” É também citado o artigo 11: “Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da administração pública qualquer ação ou omissão que viole os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade às instituições (...)”.

Bens, direitos políticos e cargos públicos dos envolvidos estão ameaçados

O Ministério Público pede que os pagamentos sejam suspensos e que os bens dos réus fiquem indisponibilizados. Para isso, há a solicitação de envio de ofícios às agências bancárias de Joinville, Detran e Cartórios de Registro de Imóveis. Trata-se de medida para identificar os bens dos acusados e bloqueá-los, como garantia de ressarcimento ao erário. Além disso, a 13ª Promotoria pede a suspensão dos direitos políticos, perda do cargo público e multa civil aos envolvidos.

DEFESA CIVIL: Gerente estadual aponta despreparo de municípios

Para major Emerson Nery, prefeituras só lembram da Defesa Civil quando acontecem tragédias

Sergio Sestrem

A Defesa Civil dos municípios está preparada para atender com rapidez a tragédias climáticas como a ocorrida no último final e semana? O gerente da Defesa Civil do Estado, major Emerson Nery acredita que não. Ele responsabilizou os prefeitos pela indiferença com que tratam as defesas civis na maioria dos municípios catarinenses.
“O problema é que as defesas civis municipais não estão preparadas como deveriam. Nem todos os municípios catarinenses estavam preparados”, relatou.

“As prefeituras só lembram da Defesa Civil quando acontece um desastre”, critica.
O major ressaltou que o alerta na página oficial da Defesa Civil de Santa Catarina esteve atualizado constantemente e que todos os municípios do Estado tinham consciência do que estava por vir.

O gerente da Defesa Civil de Joinville, André Schmalz, afirmou que a realidade no município é diferente. “A situação é crítica, mas temos conseguido responder à maioria dos chamados”.

Porém, desde o último final de semana, são dezenas de ligações de moradores assustados principalmente com quedas de muros, deslizamentos e quedas de árvores. Na tarde da última terça-feira (25) um casal foi pessoalmente à sede da Defesa Civil. Ambos, moradores da rua Teresópolis, se mostravam apreensivos com a possibilidade de queda de um barranco próximo ao terreno.

“Eles disseram que estão com muitas ocorrências e não poderiam nos atender”, diz o homem, que preferiu o anonimato.

No bairro Anita Garibaldi, moradores do Condomínio Villa Fiori reclamam descaso do poder público para solucionar um problema que põe em risco centenas de pessoas.

Uma obra embargada desde 2006 no alto de um morro em frente ao condomínio é o motivo da preocupação. No sábado de manhã duas árvores caíram sobre o muro do condomínio.

Segundo uma moradora, “as árvores tiveram de ser cortadas e retiradas pelos próprios moradores, já que a Defesa Civil não atendeu ao chamado, afirma”.

Horas depois, mais apreensão: o muro de contenção que protegia o barranco começou a ruir, segundo a mesma moradora, por ser mal construído.

“A Defesa Civil veio ao local e nada fez, disse que era esperar cair que não atingiria as casas. Por volta das 22 horas do último sábado (22) o muro caiu”, disse.
No último dia 24, técnicos da Secretaria Regional e Seinfra compareceram ao local e detectaram que a construção, em cima do morro, corre o risco de cair sobre o condomínio que possui seis residências.

Segundo a moradora, os técnicos avisaram que para evitar o acidente a casa deveria ser demolida. “Ao entrar em contato com a Defesa Civil recebemos a seguinte resposta: “Se cair, tem abrigo para todo mundo.”

Os cuidados com as doenças pós-enchentes

Após as enxurradas, os cuidados devem ser redobrados. Depois dos transtornos causado pelas cheias, a população atingida corre sério risco de contaminação por várias doenças. Há também um aumento na proliferação dos vetores de doenças, como ratos e mosquitos, e de picadas de animais peçonhentos, como aranhas, escorpiões e cobras.
A maioria das doenças ocorre devido à ingestão de água contaminada ou pelo simples contato com essa água. Entre as principais doenças, temos a leptospirose, a hepatite,a febre tifóide, o cólera e a dengue.

Em Joinville, para prevenir contaminações, a Secretaria de Saúde de Joinville (SMS) está em alerta e com equipes do setor da Vigilância em Saúde percorrendo as regiões atingidas. Uma das doenças que mais preocupa a saúde pública neste caso é a leptospirose, que ocorre em períodos de enchentes, e é transmitida pelo contato com água ou lama contaminada principalmente pela urina de animais roedores.

A doença também pode ser adquirida durante a limpeza das residências, após a inundação. Por isso, a secretaria pede atenção a toda comunidade após o contato com a água, pois o período de incubação da doença vai de 3 a 20 dias, e os sintomas variam desde febre alta, cefaléia, dores musculares, principalmente nas panturrilhas.

Saiba mais
ESTADO DE OBSERVAÇÃO
QUEM DECRETA - Órgãos de monitoramento meteorológico. EM QUE CASOS - Desastres naturais de intensidade leve a moderada. DURAÇÃO - Indeterminada

ESTADO DE ALERTA
QUEM DECRETA - Órgãos de monitoramento meteorológico e da defesa civil. EM QUE CASOS - Desastres de intensidade forte. DURAÇÃO - Algumas horas

SITUAÇÃO DE EMERGÊNCIA
QUEM DECRETA - Órgãos de monitoramento meteorológico e da defesa civil. EM QUE CASOS - Desastres de grande porte. DURAÇÃO - Indeterminada.

CALAMIDADE PÚBLICA
QUEM DECRETA - Prefeituras, estados e o governo federal. EM QUE CASOS - Desastres grandes e com muitas vítimas. DURAÇÃO - No máximo 180 dias

O que é El Niño?
El Nino (“o menino”, em espanhol) representa o aquecimento anormal das águas superficiais e sub-superficiais do Oceano Pacífico Equatorial. A palavra El Niño é derivada do espanhol, e refere-se a presença de águas quentes que todos os anos aparecem na costa norte de Peru na época de Natal

O que é La Niña?
O termo La Niña (“a menina”, em espanhol) surgiu pois o fenômeno se caracteriza por ser oposto ao El Niño. Pode ser chamado também de episódio frio, ou ainda El Viejo (“o velho”, em espanhol). Algumas pessoas chamam o La Niña de anti-El Niño.

O que ocasionou as fortes chuvas? Entre outros fatores as chuvas foram causadas principalmente pela Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), uma grande faixa de nebulosidade semi-estacionária, que se estende desde o sul da Amazônia, passando pela Região Centro-Oeste e prolongando-se para o Oceano Atlântico, acarretando chuvas que podem ser intensas.

Lula age rápido e SC recebe ajuda recorde

Municípios atingidos pelas chuvas recebem quase R$ 2 bilhões para reconstrução

“Em nenhuma outra oportunidade um estado em situação de emergência, passando por uma verdadeira tragédia como está passando Santa Catarina, recebeu tamanho montante de recursos do governo federal e de forma tão rápida”. A manifestação é da senadora Ideli Salvatti (PT) respondendo as afirmações do governador Luiz Henrique da Silveira (PMDB), que minutos antes do desembarque do presidente Lula em Itajaí, na tarde de quarta-feira (26), declarou que era positiva a visita do presidente, desde que ele não chegasse de mãos vazias: “É fundamental essa vinda do Lula. Espero que ele venha de mãos cheias”, disse o governador.

E o presidente Lula não decepcionou. Conforme a senadora, o total R$ 1,6 bilhão em recursos que o presidente anunciou em solo catarinense para obras de infra-estrutura, saúde e socorro às vitimas é muito mais que se poderia esperar. Além disso, será feito um aporte de R$ 370 milhões para o governo de Santa Catarina, por meio de títulos públicos. “Se R$ 1,6 bilhão não é mão cheia, não sei o que é”, ponderou a senadora.

O presidente Lula visitou Santa Catarina acompanhado de três ministros e anunciou uma série de investimentos. A medida provisória vai garantir R$ 150 milhões para a Defesa, R$ 350 milhões para recuperação de portos, R$ 280 milhões para rodovias e R$ 100 milhões para Saúde. A mesma medida provisória prevê a garantia de recursos na ordem de R$ 720 milhões para a defesa civil de Santa Catarina, mas que também serão divididos com outros estados que também sofreram com as cheias.

Minutos antes da declaração do presidente de que R$ 280 milhões seriam disponibilizados para as rodovias, durante a coletiva com o ministro Temporão, o governador avisou que precisaria de R$ 200 milhões para reformar as rodovias estaduais, danificadas com as chuvas.

Mas, na mesma entrevista, o governador Luiz Henrique também elogiou a postura do presidente Lula: “Ele tem me ligado dia e noite”, afirmou, dizendo estar satisfeito com a solidariedade apresentada por governos de todo o país. “Diante da comoção que esta tragédia causou, estamos recebendo solidariedade de toda a parte. Quero agradecer publicamente a todo Brasil pela ajuda”, disse LHS.

Valores destinados para SC

R$ 720 milhões para ações de Defesa Civil;
R$ 350 milhões para recuperação de portos;
R$ 280 milhões para recuperação de estradas;
R$ 150 milhões para ações das Forças Armadas; e
R$ 100 milhões para ações de Saúde, inclusive reconstrução de postos de atendimento e substituição de equipamentos hospitalares.

Além desses recursos orçamentários, o Ministério da Fazenda está fazendo aporte específico de R$ 370 milhões para o governo estadual de Santa Catarina, por meio de títulos públicos.

A Medida Provisória será publicada em edição extra do Diário Oficial da União desta quarta-feira (26/11).

Grupo de 160 pessoas é resgatado em Santa Catarina; 84 morrem devido às chuvas

Um grupo de 160 pessoas foi resgatado na noite de terça-feira do alto do Morro do Baú, em Luiz Alves (SC). Balanço da Defesa Civil Estadual contabiliza 84 mortos devido às chuvas que atingem o Estado de Santa Catarina.

Segundo o órgão, ao menos 54.039 tiveram de sair de suas casas, sendo que 22.952 estão desabrigados --devem ficar em abrigos do poder público-- e 31.087 desalojados, ou seja, abrigados nas casas de familiares ou amigos.

O grupo de 160 pessoas estava ilhado após o Morro do Baú deslizar. Foram necessárias quatro aeronaves para o resgate. As equipes levaram medicamentos, cobertores e colchões. O grupo foi resgatado e levado para a região central da cidade de Ilhota.

Para obter mais informações sobre como registrar o desaparecimento de familiares, a Defesa Civil pede que as famílias liguem para a SSP-SC (Secretaria de Segurança Pública de Santa Catarina) no fone: (048) 3251-1000.

Segundo o governo estadual, funcionários de outras secretarias devem reforçar o atendimento às famílias atingidas pelas chuvas.

O número de desaparecidos no Estado também é grande. A Defesa Civil registra 30 desaparecimentos, mas a Defesa afirmou acreditar que o número deve subir muito.

fonte: Folha Online

'São anos de descaso do poder público em Santa Catarina', avalia pesquisadora

As características do solo e do relevo e as condições climáticas anômalas não são capazes de, sozinhas, explicar a tragédia ocorrida em Santa Catarina. Mais do que os fenômenos naturais, o descaso do poder público ao longo das últimas décadas foi a principal razão do elevado número de mortos, desabrigados e desalojados em decorrência das chuvas que atingiram o Estado no mês de novembro. Quem faz essa avaliação é a geóloga e pesquisadora do grupo de estudos de Desastres Ambientais da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), Maria Lúcia de Paula Hermman.

A Defesa Civil de Santa Catarina registrou, até o momento, 59 mortes, 7.703 desalojados e 15.434 desabrigados, vítimas, sobretudo, de inundações, desabamentos e deslizamentos de terra. Para a pesquisadora, que monitora os desastres ambientais ocorridos no Estado desde 1980, "há muito tempo essas tragédias vêm se repetindo em Santa Catarina e nada de efetivo foi feito por parte do poder público".

Hermman admite que uma quantidade incomum de chuva atingiu o Estado nos últimos dias, mas avalia que não houve, ao longo dos anos, o esforço necessário dos governos e prefeituras para impedir ocupações irregulares em encostas de morro e em planícies fluviais, locais que sofrem quando há grande ocorrência de chuvas.
Cidades mais atingidas pelas chuvas em Santa Catarina

Solo e relevo catarinense

A pesquisadora explica que, ao longo do litoral de Santa Catarina , distribuem-se três grandes "serras". A primeira, semelhante à "Serra do Mar" do sudeste, começa no extremo norte do Estado e vai até Joinville; a segunda, conhecida como "Serra do Leste", vai de Joinville até o começo do litoral sul; e a terceira, "Serra Geral", ocupa o litoral sul de Santa Catarina até o Rio Grande do Sul. Nas proximidades dessas serras estão algumas das principais e mais populosas cidades catarinenses, como Joinville, Blumenau, Itajaí e Brusque.

De acordo com Hermman, uma boa parte da população litorânea de Santa Catarina reside nas médias ou baixas encostas destas serras. Enquanto as moradias localizadas nas médias encostas são suscetíveis a desmoronamentos, as situadas nas baixas encostas costumam ser atingidas por deslizamentos de terra.

"Nas baixas encostas há uma camada espessa, extremamente permeável, conhecida como 'manto superficial', formada pelo desgaste das rochas, causado pela ações do sol, dos ventos e das chuvas. Essa camada fica entre a superfície e a rocha dura. Quando chove muito, a água ocupa toda essa camada, o manto fica encharcado e os deslizamentos inevitavelmente acontecem", explica a pesquisadora.

Rios

Outra região de risco, segundo Hermman, são as planícies fluviais, ou seja, regiões localizadas próximo das margens dos rios, que sofrem constantes inundações nos períodos de chuva.

"A legislação impede a ocupação de áreas a menos de 30 m de distância das margens dos rios, mas isso não é respeitado em Santa Catarina". A pesquisadora conta que no Vale do Itajaí, região do Estado mais afetada pelas chuvas, uma parcela significativa da população reside nas planícies fluviais.

"Várias cidades, como Blumenau, por exemplo, são cortadas por rios. Muitas rodovias, inclusive, foram construídas próximas dos leitos dos rios", diz. "Não há como transferir uma cidade de lugar, obviamente, mas o governo pode tomar várias medidas, como dragar os rios, aprofundar os canais, retirar as pessoas das margens, construir muros, limpar bueiros, coibir ocupações clandestinas, aplicar multas pesadas, entre outras. As cidades precisam serem reestruturadas e planos de prevenção mais efetivos necessitam ser colocados em prática para evitar tragédias como esta que Santa Catarina está vivendo", completa Hermman.

Fonte: UOL
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Chega a 59 número de mortos por causa das chuvas em SC; oito municípios estão isolados
Postado por: Rogério Giessel
Atualizado às 20h27

O governo de Santa Catarina continua a contabilizar mortos devido à chuva que atinge o Estado. Segundo a Defesa Civil, já foram confirmadas 59 mortes, sendo 13 em Blumenau, quatro em Luiz Alves, seis em Jaraguá do Sul, 15 em Ilhota, duas em Rancho Queimados, dez em Gaspar, quatro em Rodeio, duas em Benedito Novo e as outras quatro foram registradas nas cidades de Pomerode, Brusque, Guaratuba (PR) e Bom Jardim da Serra. "Se chover mais, será o caos final", diz o governador de Santa Catarina


Agora, oito municípios estão isolados - São Bonifácio, Luiz Alves, São João Batista, Rio dos Cedros, Garuva, Pomerode, Itapoa e Benedito Novo. A Defesa Civil estima que a ajuda às comunidades isoladas pode demorar um dia para chegar.

O órgão registra 43.054 desalojados e desabrigados, sendo 28.543 desalojados (os que podem contar com ajuda de vizinhos e familiares) e 14.511 desabrigados (pessoas que precisam dos abrigos públicos). Cerca de 1,5 milhão de pessoas foram afetadas.

Aproximadamente 160 mil pessoas estão sem luz e outras seis cidades estão sem abastecimento de água. De acordo com a Defesa Civil de Santa Catarina, as chuvas devem continuar até esta quarta (26). Para o coordenador do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (Cptec/Inpe), o fenômeno das chuvas em SC "é anômalo, mas natural".

Calamidade pública

Com novas quedas de barreira, na noite de domingo (23), o prefeito de Blumenau, João Paulo Kleinübing, decretou estado de calamidade pública no município. No total, 20 mil estão desalojados e 280, desabrigados. Boletim informa que o nível do Rio Itajaí-Açu atingiu a marca de 9,5 metros às 15h, no centro de Blumenau. Chuva dificulta tráfego


Segundo a Defesa Civil, em Balneário Camboriú, o hospital Santa Inês foi atingido por um desmoronamento de barranco. Os pacientes foram removidos para outros setores do próprio hospital, que não recebe mais pessoas. No município, 2.000 estão desabrigados e 25 mil pessoas foram afetadas.

Quase 40 municípios tiveram graves prejuízos em decorrência das chuvas. Joinville conta 2.350 pessoas desalojadas e desabrigadas. Em Brusque, 100 casas foram interditadas por deslizamentos. Em Itajaí, deslizamentos, alagamentos e malha viária danificada deixam 1.200 desabrigados e 2.000 desalojados. O secretário da Infra-Estrutura de Santa Catarina, Romualdo Theophanes França, informou que as chuvas irão atrasar obras do PAC no Estado. Cidades mais atingidas pelas chuvas em Santa Catarina


Mais chuvas para os próximos dias

O gerente de Operações da Defesa Civil, major Emerson Neri, acredita que a situação deve piorar nos próximos dias porque as chuvas vão continuar. "Está chovendo ininterruptamente há quase dois meses e, infelizmente, a expectativa da meteorologia é de que o clima não mude nos próximos dias. Praticamente todos os municípios do litoral, de norte a sul, foram afetados. E ainda não temos informações consolidadas de todas as cidades", afirmou.

Diversos trechos de rodovias estaduais e federais estão interditados por causa de deslizamentos e queda de barreiras. Ainda há risco de outros deslizamentos, por isso, a Defesa Civil orienta a população a usar seus veículos apenas em casos de emergência.

Ajuda de outros Estados e doações

Seis helicópteros foram enviados ao Estado. Os governos dos Estados de São Paulo e Minas Gerais encaminharam na tarde desta segunda (24) quatro unidades para auxiliar nos trabalhos de resgates as comunidades catarinenses. O Exército Nacional desloca duas unidades.

O ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, aproveitou a reunião ministerial com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para acertar os termos de medida provisória que vai destinar recursos federais ao socorro das vítimas das enchentes e à recuperação da infra-estrutura do Estado. Enchentes provocam destruição e mortes em várias cidades de Santa Catarina

Cestas básicas, colchões, cobertores e kits de higiene estão sendo entregues às famílias atingidas pela chuva. O governo de Santa Catarina fez contato no domingo (23) com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para reforçar o pedido de auxílio à região de Blumenau, principalmente com helicópteros nas áreas isoladas da cidade. Ao presidente, o governador disse que o maior problema na região é a chuva constante.

Também foram procurados os governadores do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius (PSDB), e do Paraná, Roberto Requião (PMDB), para pedir apoio na atuação junto à Defesa Civil. O Estado do Paraná autorizou na tarde de ontem o envio de 140 bombeiros militares, 16 viaturas, 15 barcos, dois helicópteros e um avião para auxiliar às vítimas de Santa Catarina.

A Defesa Civil distribui alimentos, água potável e medicamentos. Em Florianópolis, doações podem ser feitas no Portal do Turismo, Assembléia Legislativa e Procon. No interior do Estado, os produtos devem ser encaminhados aos abrigos, Defesa Civil e prefeituras.

A recomendação é de que produtos de limpeza não sejam misturados com alimentos e roupa. Os alimentos devem estar dentro da validade, de preferência não perecíveis e com a embalagem em boas condições.

Chuvas em Santa Catarina danificam gasoduto Brasil-Bolívia

O abastecimento de gás entre o município de Guaramirim, em Santa Catarina, até o Rio Grande do Sul, foi interrompido na noite de ontem por causa das chuvas, segundo nota divulgada pela Transportadora Brasileira Gasoduto Brasil-Bolívia.
Deslizamento é fator mais dramático em SC, afirma governador
Luiz Henrique Silveira (PMDB), governador de Santa Catarina, disse hoje (24) que os deslizamentos de terra são o fator mais dramático das chuvas que atingem o Estado. "Quatro meses de chuva batida, sem parar, estão dissolvendo a terra e as casas estão desabando. Temos 7.300 desabrigados em alojamentos públicos. Essa é a maior que já ocorreu em todos os tempos em Santa Catarina"

Leia a notícia completa

De acordo com a nota da TBG, a interrupção se deu por conta de um acidente no duto, seguido de fogo e ruído elevado, no trecho do gasoduto Brasil-Bolívia, na localidade de Belchior, em Blumenau, em Santa Catarina.

Não há registro de vítimas ou danos a edificações, de acordo com a empresa, e o vazamento e o fogo foram debelados após o fechamento das válvulas de segurança do gasoduto próximas ao local do vazamento.

No sábado (22), outro duto foi rompido em Santa Catarina. De acordo com a SC Gás, a queda de uma parte do leito da pista da rodovia BR 470, na altura do km 41,5, pressionou a tubulação do duto, o que ocasionou o vazamento do gás, bloqueio imediato das válvulas e incêndio no local. Por causa do acidente, as cidades de Blumenau, Gaspar, Pomerode, Timbó e Indaial estão sem abastecimento de gás.

Os acidentes ocorreram por conta das fortes chuvas e inundações ocorridas na região de Santa Catarina. Tanto a TBG quanto a SC Gás acionaram imediatamente seus planos de contingência, com a mobilização de equipamentos, materiais e recursos humanos para efetuar o reparo dos gasodutos.

Fontes: UOL, Agência Estado e Agência Brasil

Sobe para 63 o número de mortos em SC; milhares estão desabrigados

O número de pessoas mortas pelas chuvas que atingem o Estado de Santa Catarina subiu para 63, segundo boletim divulgado no final da noite desta segunda-feira. O número de pessoas desalojadas ou desabrigadas também é grande: de acordo com a Defesa Civil, 43.104 ficaram sem suas casas, sendo que 14.561 estão desabrigados --devem ficar em abrigos do poder público-- e 28.543 desalojados, ou seja, abrigados nas casas de familiares ou amigos.

Os governadores José Serra (PSDB), de São Paulo, e Aécio Neves (PSDB), de Minas, informaram nesta segunda-feira que enviarão helicópteros para auxiliar no resgate das vítimas das chuvas.

O governo federal e os governos dos Estados do Paraná e do Rio Grande do Sul também já anunciaram o auxílio às vítimas atingidas, disponibilizando medicamentos, cestas básicas, colchões, cobertores, travesseiros e materiais de limpeza.

Devido aos estragos provocados pela chuva, o governador decretou neste sábado (22) situação de emergência em todo Estado. O decreto é válido por 180 dias.

Hospital Municipal São José agoniza sem nenhuma assistência

"O prefeito Tebaldi vai pra cadeia e eu também".
Ary Giovanni Santangelo, Diretoe do Hospital São José

Rogério Giessel

O governo do prefeito Marco Antonio Tebaldi (PSDB) está prestes a apagar as luzes de sua gestão, porém, surpresas desagradáveis poderão surgir quando o prefeito eleito Carlito Merss assumir as rédeas da administração municipal no dia 1º de janeiro. Provavelmente, a pior avalanche virá rolando do Hospital Municipal São José e cairá como um imenso abacaxi no colo do novo prefeito. Em duas entrevistas exclusivas para essa Gazeta, uma no dia 7, e outra no dia 12 desse mês, o diretor do hospital, o odontólogo Ary Giovanni Santangelo, deixou de lado as tradicionais maquiagens e descreveu a real situação do São José. Além de uma dívida milionária, o principal hospital da cidade está com a maioria dos equipamentos quebrados por falta de manutenção. O credenciamento de transplantes também está seriamente comprometido em virtude de problemas com a Vigilância Sanitária. Materiais básicos como esparadrapos, agulhas e sondas já estão começando a faltar. “O sistema está problemático, economicamente o hospital está se tornando inviável.”, alertou Ary. E, como se não bastasse, o moribundo São José ainda tem que abrigar indicados políticos em cargos estratégicos, o que pode comprometer ainda mais seu precário funcionamento.

Uma dívida milionária

Somente com fornecedores, o hospital tem hoje uma dívida de quase R$ 10 milhões e que deve aumentar significativamente com o passar dos meses. Ary explica que o Hospital São José não vem recebendo da Secretaria Municipal de Saúde os recursos integrais pagos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) referentes aos serviços prestados.

O diretor cita como exemplo o mês de setembro, quando o hospital faturou R$ 3,3 milhões e recebeu apenas R$ 1,9 milhão da Secretaria Municipal de Saúde. “O valor de R$ 3,3 milhões foi pago pelo SUS para a Secretaria de Saúde, e esse dinheiro o Hospital São José precisa, porque os encargos com a folha são de responsabilidade do hospital. Em outubro, a folha do hospital custou R$ 3,27 milhões e o hospital recebeu R$ 2,27 milhões. Eu vou ter que tirar R$ 1 milhão do SUS para pagar os encargos, pró-labore, sobre aviso e plantões.”

De acordo com Santangelo, somente em 2008, o hospital perdeu R$ 6 milhões do SUS. “A Secretaria Municipal recebeu esse dinheiro que equivale ao faturamento do hospital. O SUS paga, e quem administra é a secretaria. É aí que está o problema.”, lamenta. Ary Santangelo.

Próximo governo encontrará hospital quebrado

O diretor alerta também para o descaso com os equipamentos. “Hoje nós estamos sem cautério na sala cirúrgica, sem eletrocardiograma, que é o mais simples dos equipamentos, sem endoscópio para endoscopia digestiva, sem artroscópio e sem colonoscópio. Falta também um outro equipamento respiratório utilizado pelos pneumologistas que eu não me recordo o nome.” Mas a lista do descaso não para por aí. O hospital está sem eletrocardiógrafo e nas salas cirúrgicas falta cautério e bisturis eletrônicos. Equipamentos mais complexos, como o tomógrafo, também não estão funcionando. O motivo da quebradeira é a ausência de manutenção revelou o diretor. A situação se torna crítica pelo fato de o hospital não possuir nenhum equipamento extra. Materiais básicos como agulhas, sondas uretrais, cânulas de aspiração e até esparadrapo estão começando a faltar. “Eu já estou tendo problema com esse tipo de material, e eles são muito utilizados na UTI e nas cirurgias. Isso tá causando um grande problema.”

RECURSOS MALGERIDOS

Ele atribui essas deficiências à falha na administração dos recursos. O diretor alega que o obstáculo na manutenção e na aquisição de materiais existe também em função de uma determinação do prefeito, que não quer que se faça empenho e nem licitações por causa da transição de governo. Essa ordem soa no mínimo estranha, já que o Executivo enviou a Câmara de Vereadores, um projeto de lei complementar que cria níveis e altera tabelas de salários dos servidores. O impacto financeiro deste projeto é de R$ 855 mil para este ano e para 2009 de aproximadamente R$ 5 milhões.

Hoje, o responsável pela administração dos recursos do hospital São José, é o diretor-executivo Osmar Arcanjo de Oliveira. Sobre ele, Ary deixou escapar o clima que impera no hospital pós-eleições. “Agora com o resultado da eleição, da derrota definitiva do Darci, esse menino (Osmar Arcanjo) mudou do preto para o branco. Você tem que ver como ele está desesperado.” E adianta, “Ele não vai conseguir fechar o balanço esse ano. O prefeito vai pra cadeia e eu também.”, relata Ary. Sobre sua responsabilidade em relação ao estado do hospital, Ary admite: “Eu fatalmente vou ser penalizado porque eu não consegui fazer com que meu subordinado fizesse o serviço correto. A culpa vai ser minha, eles sabem disso. A assinatura deles junto com a minha não vale nada, só a minha é que é responsável.”

Transplantes podem ficar comprometidos

O São José também corre o risco de perder o credenciamento do SUS para transplantes de fígado. Desde o credenciamento, o hospital ainda não realizou nenhum. O diretor destacou que se até o final de 2008 não for realizado o procedimento o descredenciamento será inevitável. . “Eu tenho que fazer ainda esse ano um transplante de fígado, nem que seja na marra. Porque o hospital pode perder a credencial deste tipo de transplante. Isso porque está faltando um material líquido que custa R$ 15 mil”. O São José também está sob fiscalização da Vigilância Sanitária, que diagnosticou cem irregularidades que necessitam serem revistas. “Sem revermos todas essas situações nós não vamos conseguir o alvará, e se não conseguirmos o alvará, perdemos todas as nossas credenciais de transplante. É um risco muito grande”, alertou Santangelo.

Saem técnicos, entram apadrinhados

Ary Santangelo diz que varias exonerações estão sendo solicitadas. “As exonerações que estão sendo feitas são de cargos políticos. Eu não aceitei e não posso aceitar cargos técnicos sendo usados para cargos políticos.” O diretor também afirma que os pedidos de exoneração partiram da prefeitura, e que quando tomou conhecimento de uma lista apresentada pelo Osmar Arcanjo ligou pra o chefe de gabinete do prefeito, Carlos Roberto Caetano, do qual, ouviu a seguinte resposta. “Estão exonerados”. Restou a Ary solicitar a oficialização do pedido a Caetano. “Eu disse : Tá bom, você me manda por fax isso.”

Equipamentos perdidos

Os equipamentos da unidade de queimados e os equipamentos para a UTI que seriam fornecidos pelo Fundo Nacional de Saúde (FNS) foram perdidos por falta de interesse do município. “A ficha técnica foi feita em janeiro, só que Brasília alegou falta de interesse de nossa parte em continuarmos o projeto atualizando os dados e complementando os documentos. Nós ficamos sem essa parte.”, revelou Ary. Esses equipamentos custariam R$ 2,72 milhões. Outra situação grave é na construção da casamata, do setor oncológico – para que seja instalado o acelerador linear – que foi orçada em R$ 1,3 milhão. O estado entrou com R$ 700 mil mas a falta da contrapartida da prefeitura impediu o projeto original. “Agora é que a prefeitura complementou. Na verdade, ela não complementou, ela reduziu o projeto. O projeto inicial era o dobro do tamanho do que vai ser construído. Ary Santangelo também revela que um outro equipamento deixou de ser adquirido. “Eram dois equipamentos, um era o acelerador linear propriamente dito e o outro era o de braquiterapia, que é usado no tratamento do câncer ginecológico. Nesse caso, com o equipamento que nós possuímos, a mulher fica exposta à radiação durante 36 horas ininterruptas, deitada sem poder se mover, enquanto que com o equipamento que nós perdemos ela ficaria apenas 10 minutos”, explicou.

EDITORIAL: O juiz estóico

Aos 44 anos de idade e 17 de magistratura, o juiz federal Fausto Martin de Sanctis é considerado um dos maiores especialistas em crimes de colarinho branco, com diversos livros publicados.

De Sanctis ganhou notoriedade porque por duas vezes mandou prender um dos empresários mais poderosos do país: o banqueiro Daniel Dantas. Com isso, enfrentou e enfrenta o passionalismo do presidente do STF, ministro Gilmar Mendes, que também mandou soltar duas vezes Dantas.

Apesar do bombardeio diário orquestrado pelo grupo do banqueiro e de ter enfrentado nessa semana julgamento no Tribunal Regional Federal, o juiz se mantém estóico em suas posições. Em nota oficial divulgada nessa quarta-feira, 19, De Sanctis explica as razões pelas quais abre mão da inscrição para o cargo de desembargador federal, da maior corte federal brasileira, a qual, teria direito por antigüidade.

Chama atenção o fato de o juiz colocar em destaque as manifestações de brasileiros desconhecidos e que se posicionaram favoráveis à permanência dele como juiz de primeira instância porque dizem confiar no trabalho do magistrado.

Em sua prestação de contas à sociedade, o magistrado afirma: “Acima de tudo, o respeito e a dignidade do ser humano sempre têm que ser preservados, não importando a profissão ou o cargo que ocupa ou o local onde é exercido. Juiz é sempre juiz, independentemente da instância ou de sua nomenclatura”.

O crime organizado precisa ser enfrentado e para isso é preciso que a sociedade apóie aqueles que se dispõem a correr riscos, desafiando poderosos infiltrados nos Três Poderes da República. A atitude do juiz De Sanctis, antes de ser questionada como insubordinação, deve ser vista como um ato de coragem e inteligência de alguém que conhece e entende os mecanismos de subversão causados por esse cancro na sociedade.

Apesar de duramente criticado por seus pares, De Sanctis colhe também reconhecimento de grande parte dos brasileiros que querem ver este país passado a limpo.

DRAUZIO VARELLA: O caminho das células-tronco

Raras descobertas em medicina geraram tanta expectativa quanto a das células-tronco. De fato, a possibilidade de regenerar tecidos lesados por meio do transplante de células capazes de diferenciar-se em qualquer outra talvez venha a representar para as doenças degenerativas típicas do século 21 um avanço semelhante ao dos antibióticos para as moléstias infecciosas no
século passado.


Raras descobertas em medicina geraram tanta expectativa quanto a das células-tronco. De fato, a possibilidade de regenerar tecidos lesados por meio do transplante de células capazes de diferenciar-se em qualquer outra talvez venha a representar para as doenças degenerativas típicas do século 21 um avanço semelhante ao dos antibióticos para as moléstias infecciosas no século passado.

Para situar a discussão, vamos lembrar que existem dois tipos de células-tronco: as adultas e as embrionárias. As adultas estão presentes na maioria dos tecidos e apresentam capacidade limitada de diferenciação, isto é, conseguem formar apenas alguns tipos de células. As embrionárias são totipotentes, ou seja, podem diferenciar-se em qualquer tipo de tecido.

Células-tronco adultas são utilizadas nos transplantes de medula-óssea (que nada tem a ver com medula espinhal) em casos de leucemia, por exemplo. Depois de administrar doses altíssimas de quimioterapia e radioterapia que matam as células cancerosas, mas destroem também as células responsáveis pela produção de glóbulos vermelhos, brancos e plaquetas, infundimos na veia do paciente células-tronco retiradas de um doador compatível. Ao chegar à medula dos ossos, essas substituem as que morreram e produzem novos glóbulos sangüíneos e plaquetas.

Já as embrionárias são imaturas, obtidas nas primeiras divisões de um óvulo fecundado, portanto muito mais versáteis. Enquanto as células-tronco presentes na medula-óssea de um adulto conseguem formar apenas glóbulos vermelhos, brancos e plaquetas, as embrionárias podem formar neurônios, músculos, tecido hepático, pulmonar ou qualquer outro.
Embora alguns defendam o emprego de células-tronco adultas em lugar das embrionárias para regenerar tecidos, os argumentos utilizados não encontram respaldo na comunidade científica que se dedica à área. Não há mais dúvida de que a capacidade de diferenciação daquelas é muito inferior e que ninguém sabe como fazer células-tronco da medula óssea de um adulto regenerarem neurônios num paraplégico ou músculo cardíaco num coração enfartado.

Infelizmente, essa questão foi envolvida numa polêmica inglória: de um lado, alguns religiosos interessados em proibir a pesquisa com elas, por considerar que a vida humana se inicia no momento em que o espermatozóide penetra o óvulo; de outro, os que concordam com os cientistas que propõem o aproveitamento de óvulos fecundados e congelados nas clínicas, mas desprezados por serem de má qualidade para a fertilização.

Entre os que defendem o uso de células embrionárias existe uma multidão de crianças portadoras de doenças hereditárias que afetam os músculos e impedem a deambulação, paraplégicos, portadores de Parkinson, Alzheimer, doenças cardíacas, esclerose múltipla, diabetes dependente de insulina e seus familiares aflitos. O drama vivido por essas pessoas criou pressão irresistível para a aprovação das pesquisas com células-tronco embrionárias no parlamento brasileiro e de outros países.
Para deixar clara minha posição, defendo o direito de acesso ilimitado aos benefícios que essas pesquisas trarão. Os que, por razões religiosas, são contrários a elas, por julgarem que descongelar óvulos fecundados, inúteis, que nunca serão implantados em útero algum, é assassinato, merecem todo respeito. A eles deve ser assegurado o pleno direito de recusar submeter-se a esse tipo de tratamento (quando estiver disponível), tal como Testemunhas de Jeová recusam transfusões de sangue, mas não o de criar dispositivos legais para impor ditatorialmente suas convicções aos que não pensam da mesma forma.

Enquanto a maioria dos pesquisadores estimava que os primeiros tratamentos estariam disponíveis em cinco a dez anos, a Geron, uma companhia da Califórnia, anuncia na revista Science que seus estudos conduzidos em animais sugerem que o tratamento com células embrionárias pode ser seguro e eficaz num grupo selecionado de pacientes.

Pesquisadores da Geron apresentaram os dados de suas pesquisas ao FDA (Food and Drug Administration), a rigorosa agência americana que controla a liberação de medicamentos, com a esperança de conseguir autorização para iniciar um estudo-piloto em portadores de traumatismos de medula espinhal em meados de 2006.

Mesmo os cientistas céticos, cautelosos quanto às possíveis conseqüências nefastas que a aplicação apressada de tratamentos ainda pouco testados possam trazer aos pacientes, estão de acordo com a escolha do alvo: neurônios lesados em acidentes medulares são mais fáceis de regenerar do que células produtoras de insulina nos diabéticos ou neurônios cerebrais inativos em pacientes com Parkinson.

O caminho que as células embrionárias deverão percorrer antes de entrar na prática médica será árduo. É preciso provar que as células transplantadas irão alojar-se no local adequado, que elas se diferenciarão nas células que desejamos e que seu crescimento ficará sob controle para que não formem tumores.

Os dados experimentais sugerem que os três objetivos têm sido alcançados pelos pesquisadores da Geron e por outras equipes. Pela tradição do FDA, o início do estudo jamais será autorizado enquanto seus técnicos não estiverem convencidos de que os pacientes não correrão riscos.

Esse primeiro estudo estabelecerá as normas de segurança para os que virão a seguir. A expectativa na comunidade científica é muito grande.

Qual é a sua cor?

Pergunta que constava em ficha de seleção motivou revolta em jovem

Sergio Sestrem

Um bom currículo pode não ser o suficiente para conseguir uma vaga no mercado de trabalho. Apesar de a discriminação quanto a sexo, raça e “aparência” ser proibida em lei, a cor da pele ainda continua sendo motivo de muita polêmica por esse item ainda constar em fichas de emprego.

A situação constrangedora foi vivida no início do mês pela universitária Luana Vilma da Rosa, 24 anos, há um ano desempregada. No dia 4 de novembro ela foi encaminhada pelo Serviço Nacional de Emprego (Sine) para seleção a uma vaga administrativa no Hospital Infantil de Joinville.

Confiante em seu currículo – uma vez que já havia trabalhado por dois anos em um museu da cidade na área de atendimento ao público – ao chegar no hospital a jovem passou por testes e teve de preencher outra ficha com a pergunta “qual a cor da sua pele?”. Intrigada com o questionamento, ela respondeu à questão pensativa sobre que relevância isso teria para demonstrar sua capacidade ao cargo.

“Fiz os testes logo cedo. Tinha certeza de que fui bem. Fui pra casa na expectativa de que seria chamada, mas na parte da tarde me ligaram dizendo que eu não estava apta, sendo que eu sou quase formada em História e minha qualificação era maior do que a pedida por eles”, reclama a jovem, que se diz preterida na escolha. “Por isso resolvi falar. Eu não vou mais passar por isso, nunca mais”, desabafa.

A jovem, de família classe média, solteira, também afirmou que essa é a segunda vez que enfrenta esse problema. “Também já recebi indicação para trabalhar em uma loja do centro, mas chegando lá a gerente olhou para mim e simplesmente me dispensou dizendo que eu “não tinha o perfil” exigido por eles. “Me senti muito mal. Foi horrível. Minha mãe chegou a chorar”, afirma Luana.

Por outro lado, a direção do Hospital Infantil negou que o item cor de pele seja utilizado como critério de seleção de candidato. Segundo o diretor executivo Ademar Marcelo Soares, “essa informação é usada apenas para fornecer informações ao IBGE”.

Mulheres negras têm mais dificuldades de encontrar emprego

Polêmicas à parte, o fato é que o caso de Luana Vilma da Rosa é o retrato do que acontece com a maioria das mulheres negras no Brasil, que enfrentam maiores dificuldades de encontrar emprego. A taxa de desemprego entre homens e mulheres no mercado de trabalho é maior para as negras, que quando conseguem uma vaga, trabalham quase sempre sem carteira assinada, ganhando menos que outros segmentos, segundo estudo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

A realidade de Joinville, como comprova Luana, não é diferente da nacional. Com uma população negra estimada em aproximadamente 50.000 pessoas, conta-se nos dedos o número de mulheres afro-descendentes trabalhando em shoppings e lojas centrais ou em funções de liderança em empresas, por exemplo. Qual seria o motivo para que a maioria delas ainda continue atuando em funções de limpeza ou produção? “Se fosse um cargo inferior eu tenho certeza que eu pegaria a vaga”, comenta a estudante.
Para a professora de História e ex-coordenadora do Grupo Consciência Negra, Maria da Consolação Pereira Osório, a falta de conscientização e senso de dignidade ainda fazem com que situações desse tipo aconteçam.

Docente da rede estadual de ensino há vários anos, Consolação afirma que enquanto não forem exigidos critérios mais rígidos que valorizem apenas o fator competência, os conflitos vão continuar aparecendo. “Temos um mito de que aqui no Brasil pelo fato de existir uma grande miscigenação, vivemos em uma democracia racial, mas não é bem assim”, explica. “Com o acesso do negro aos estudos, a tendência é aumentar os conflitos na disputa pelo mercado e trabalho, caso haja critérios de interpretação duvidosa. Os conflitos vão continuar acontecendo porque as pessoas querem ser tratadas com dignidade”, explica.

Para ela, as leis severas que punem a discriminação racial e o acesso à informação fizeram com que a sociedade tomasse conhecimento e passasse a repudiar o ato, mas não é somente lei que vai fazer com que a discriminação seja eliminada. “Até alguns anos atrás, o negro era discriminado e deixava tudo por isso mesmo. Agora a realidade é outra e isso não é mais aceito”.

A professora já sentiu na pele a discriminação sofrida no comércio da cidade. “Eu entrei na loja, fui para comprar algo. Fiquei esperando por minutos para ser atendida. Depois de mim entraram outros clientes que prontamente foram atendidos. Uma outra cliente percebeu o fato e antes que o vendedor viesse atendê-la pediu para que eu fosse atendida na sua frente”, lembra. “Fiquei indignada. Na hora reclamei para o gerente, que se desculpou. Cumpri meu papel de cidadã”, lembra. “Em Joinville, o negro continua invisível. Você entra em uma loja e o pessoal não te vê. Para eles, você não é cliente”, afirma.

“Somente a educação é o caminho. Porém, caso sejam realmente comprovadas situações desse tipo elas devem ser denunciadas. Temos que ter a dignidade. Todo o ser humano tem que se sentir afrontado com esse tipo de coisa”, sustenta Consolação.
Para juristas, as razões da discriminação nem sempre são perceptíveis à primeira vista, pois trazem oculto um componente cultural muito forte e enraizado. A sociedade ainda costuma admitir certas práticas como normais e inofensivas, sem perceber que resultam em preconceito e discriminação.

Passados 120 anos da abolição da escravatura, os resquícios de preconceito racial diminuíram, mas ainda não foram eliminados, segundo Luana. Há menos de quarenta anos era comum encontrar anúncios de emprego em Joinville pra lá de discriminatórios, como lembra Normélio da Costa, 89 anos. “Tinha placas que diziam: Contrata-se, mas não admite-se negro”, lembra o aposentado que passou por dificuldades. A partir de 1995, a lei n. 9029 proibiu a prática discriminatória para o acesso ao emprego por motivo de sexo, origem, raça, cor, estado civil, situação familiar ou idade.

“Na maioria das vezes, as empresas agem por puro desconhecimento, mas a realidade é que quesitos como estes jamais deveriam aparecer em processos de seleção”. É o que afirma a promotora Rosemary Machado Silva, da 15ª Promotoria de Justiça e que atua na área da Defesa dos Direitos Humanos, Cidadania e Fundações em Joinville.

“Temos situações em que os casos são comprovados e investigados a fundo. Vou recomendar aos diretores do hospital para que excluam esses itens para que este problema não volte a acontecer”, afirma a promotora.

A lei proíbe qualquer prática discriminatória e limitativa para efeito de acesso a relação de emprego, ou sua manutenção, por motivo de sexo, origem, raça, cor, estado civil, situação familiar ou idade.

As fotos exigidas em processos de seleção também geram polêmica. A procuradora ensina que “os critérios admissionais devem ser objetivos, solicitando o currículo, certificação de formação, aplicar testes, tudo feito de forma transparente e documentada”, explica.

Qualquer pessoa que estiver participando de um processo de seleção no qual são exigidos documentos não previstos na lei, ela pode fazer uma denúncia em uma Comissão Regional de Igualdade e Opotunidades de Gênero, Raça, Etnia e Pessoas com Deficiência e Combate à Discriminação. Estas unidades estão presentes nas Superintendências Regional de Trabalho e Emprego de todo o Brasil.

Hospital tenta se explicar; estudante não se convence

A diretoria do hospital também afirmou que não há distinção de sexo, raça ou qualquer outro quesito na hora de escolher um funcionário. “Aqui trabalham profissionais de vários perfis, sem qualquer tipo de distinção. O que pode ter acontecido é ela não ter sido aprovada em uma das etapas de seleção com as psicólogas. O que levamos em consideração é apenas o criterio técnico”, justificou o diretor técnico.

Informada de que o item jamais seria utilizado para critério de seleção, Luana não se convenceu da justificativa apresentada pela direção do hospital. “Para que existe esta pergunta antes? Por que não fazem a pergunta depois?”, interroga-se. “Se a pergunta esta lá é porque pode servir de critério de classificação e se isso acontecer é ilegal, afirma a jovem”, conclui.

PF revela: Dantas pagou propina de R$ 18 milhões para políticos, jornalistas e juízes

Novas informações agravam ainda mais o caso que tem como pivô Daniel Dantas

Rogério Giessel

Os tentáculos da corrupção parecem despontar em todas as esferas dos poderes. A situação mostra sua gravidade quando o conteúdo da gravação realizada durante uma reunião da cúpula da Policia Federal (PF), no dia 14 de julho desse ano, veio a público e revelou possíveis pagamentos de propinas a políticos, juizes e jornalistas. A ligação entre setores da imprensa e Dantas, segundo a gravação, era feita pelo ministro-chefe da Secretaria de Planejamento de Longo Prazo, Roberto Mangabeira Unger.

Em um dos trechos da gravação feita na reunião, o delegado Carlos Eduardo Pelegrini revela: “Nosso alvo é extremamente estrategista. Ao pegar o laptop (na casa dele, na hora da apreensão) estavam os manuscritos: na PF vai a pessoa tal, falar com tal. No Judiciário vai a pessoa tal. No jornalista, a gente contrata o Mangabeira para chegar nos meios de comunicação. Estava todo o organograma dele lá”, disse o delegado que também era um dos responsáveis pela operação Satiagraha.

O superintendente da PF em São Paulo, Leandro Coimbra, solicitou aos demais presentes na reunião que tivessem cuidado ao perpetrar acusações sobre a divisão da suposta propina, que alcançava o valor de R$ 18 milhões. “As organizações hoje se caracterizam por tentar entrar nos órgãos públicos. Temos que ter sobriedade nesses julgamentos”, alertou Coimbra.

“Imprensa sem-vergonha”

Ainda na reunião, o delegado da PF, Protógenes Queiroz, denunciou parte da imprensa de querer “desestabilizar” as investigações. Protógenes rotulou o jornal Folha de S. Paulo e as revistas Veja, Istoé Dinheiro e Época de “imprensa sem-vergonha”. Para o delegado, os títulos sobre o caso nesses veículos de comunicação tentavam “denegrir” o trabalho da PF. “Tentaram fazer isso no Judiciário, não conseguiram. Tentaram fazer no Ministério Público, não conseguiram. Será que aqui vão conseguir? Acredito que não”, indagou o delegado.

O diretor da Divisão de Combate ao Crime Organizado, Roberto Troncon, alegou que os esforços da PF para manter em sigilo as informações estão se mostrando infrutíferos. Prova disso, foi o vazamento da operação para a imprensa. Especificamente na Operação Satiagraha, jornalistas chegaram antes que a PF na prisão do ex-prefeito Celso Pitta. “A equipe (PF) teve que pedir licença para estacionar o carro”, disse se referindo à Rede Globo. “A Globo, que já teve preferência outras vezes e que gerou a ira da imprensa em geral. Se tivesse que dar privilégio para alguma empresa, que se desse para a pública, para a TV Cultura”, bradou o diretor.

“Mídia bandida”

Leandro Coimbra e Protógenes Queiroz também não pouparam criticas à Rede Globo. Eles não esconderam durante a reunião que a emissora é privilegiada pela Polícia Federal. “Ainda mais uma imprensa que é uma empresa privada, que vive de lucros, que é a líder de audiência. Por que temos de dar preferência para a Rede Globo?”, cutucou Coimbra.

Indignado, o delegado Prótogenes disse que um capítulo inteiro foi atribuído à imprensa no relatório. Na gravação ele chamou a imprensa que tenta desmoralizar a PF de “mídia bandida”, e acrescentou: “Eu fiz mesmo um parágrafo de mídia para movimentar a sociedade e nós refletirmos realmente a questão da mídia nos trabalhos da PF, e até refletir no Judiciário e no Ministério Público Federal também”.

GM mantém fábrica em Joinville, mas crise pode atrasar cronograma

Corporação americana está à beira de um colapso; e vendas da subsidiária brasileira têm forte recuo

Sergio Sestrem

A crise no setor automobilístico das principais montadoras sediadas nos Estados Unidos e com subsidiárias no Brasil pode afetar os planos de investimentos em ampliações ou instalações de novas unidades, inclusive a construção da fábrica de motores da GM em Joinville.

Sacudidos quase diariamente por notícias sombrias vindas dos Estados Unidos que põem em xeque o futuro da General Motors Corporation em solo americano, não há como dissociar os reflexos da cambaleante matriz americana sobre a subsidiária brasileira. Esta semana o presidente da divisão brasileira, Jaime Ardila, emitiu nota a imprensa na qual reafirma o momento delicado pelo qual passa a empresa.

“O mercado financeiro global atravessa a sua pior crise das últimas décadas com reflexos em todos os países tantos os desenvolvidos, como aqueles em desenvolvimento”. A nota também lembra o recuo nas vendas registrando o recuo de cerca de 3 milhões de veículos encalhados em depósitos.

Apesar desse quadro, segundo a nota, a empresa aponta crescimento em países em desenvolvimento como Brasil, Rússia, China e Índia, que estão sendo alvos de “agressivos planos de investimento e crescimento”. A nota sustenta ainda que a há dois anos as operações da GM no Brasil passaram a ser lucrativas e que as duas empresas - a sede americana e a subsidiária brasileira - possuem entidades jurídicas distintas. “Por essa razão os investimentos estão todos mantidos entre os quais a nova fábrica de motores em Joinville e um centro de distribuição em Porto Suape (PE)”, prossegue a mensagem.

Por outro lado a situação delicadíssima da empresa americana pode sim comprometer os investimentos em solo brasileiro. No início do mês, o presidente executivo da companhia, Rick Wagoner, veio a público negar a hipótese de falência da empresa “A GM Corporation tomará todas as medidas possíveis para evitar a falência”, afirmou, pouco depois de avisar que a companhia poderá ficar sem liquidez no primeiro semestre de 2009.

Esta semana as três grandes montadoras americanas [GM, Ford e Chrysler] foram pedir socorro adicional de U$ 25 bilhões para evitar falência e comprometer ainda mais a combalida economia americana. Porém, o pedido não foi bem recebido pelo senador Richard Shelby, que sugeriu que as empresas deveriam ter falência decretada por possuírem modelos fracassados. O fato é que o barco começa a fazer água também na subsidiária brasileira. Na edição do último dia 19, a Folha de S. Paulo repercutiu informação da coluna Radar On-line que postou que “não dá mais para esconder: a crise instalou-se na indústria automobilística brasileira”. Segundo a nota da Folha, o quadro sombrio foi revelado depois da divulgação da queda de 32% nas vendas nos primeiros 17 dias de novembro. A nota encerra afirmando que “a GM sofre mais”, com queda de quase 50%.

LIBERAÇÃO

Para tentar afastar riscos no país, o presidente Jaime Ardila pediu autorização da matriz para a liberação de US$ 1 bilhão em investimentos, quantia que também deve ser utilizada para viabilização da unidade de motores em solo catarinense. Segundo ele, a previsão de faturamento para 2008 foi revista para baixo: de US$ 11 bilhões para R$ 9,5 bilhões.

BNDES avalia financiamento

A construção da fábrica de motores da GM em Joinville também pode receber financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) que está analisando a viabilidade da operação e ainda não tem data para emitir o parecer.

O banco, com sede no Rio de Janeiro, confirma o pedido de financiamento feito pela subsidiária da GM no Brasil. O assessor de imprensa do banco, Gustavo Henrique Costa, afirmou que o pedido ainda está em analise e sem previsão para divulgação.

A fábrica de motores da GM em Joinville terá investimentos previstos de R$ 350 milhoes. O projeto prevê 120 mil motores e 50 mil cabeçotes ao ano, com geração de 500 empregos diretos e 1,5 mil indiretos.

Para se instalar em Santa Catarina, a GM conseguiu do Estado dois tipos de incentivos fiscais,: Super-prodec e Pró-emprego. Eles postergam o recolhimento de ICMS para empresas que geram emprego e renda.
As obras de terraplenagem prosseguem em ritmo lento no terreno de 500 mil metros quadrados, no km 47 da BR-101, devido também às chuvas. Na primeira etapa, a área construída será de 60 mil metros quadrados, 180 mil metros quadrados de mata nativa serão conservados.

A fábrica da GM em Joinville

R$ 350 milhões de investimento

500 empregos diretos

1,5 mil empregos indiretos

120 mil motores 1.4 flex/ano

LAIR RIBEIRO: Ganha-ganha: o jogo dos mestres

O ganha-ganha é um jogo diferente, onde não há perdedores. Nele, os jogadores precisam agir com maestria, valendo-se da astúcia, da inteligência e da capacidade de representar um perigo em potencial para os predadores.

E mais: precisam saber pensar de maneira construtiva e criativa e aprender como alterar o comportamento com precisão e rapidez, interagindo com o meio e com os outros, sempre positivamente. Assim como os mestres!

A vida é um jogo, e no jogo do ganha-ganha, é preciso saber usar com inteligência os recursos disponíveis e, principalmente, é preciso saber fazer mais com menos.

O jogo de vítimas e predadores é assim:

Os predadores só querem ganhar.

As vítimas preferem fugir; no máximo, elas se rendem.

Essa determinação em só ganhar ou em só perder tem relação direta com a crença na escassez de recursos do planeta e com a forma como se reage a ela. Quem acha que nunca terá condições de ter o suficiente sacrifica-se, quem quer se prevenir procura acumular o máximo de recursos, não importando os meios.

O jogo dos mestres é assim:

Os mestres conhecem a realidade que os cerca, que pode tanto ser abundante quanto escassa. Eles acreditam no próprio valor e enxergam o mundo de forma não-convencional. E eles também são criativos, flexíveis, inteligentes e sabem utilizar os próprios recursos de maneira elegante, procurando obter o melhor para si, sem, contudo, destruir o outro ou impor-lhe uma posição inferior.

Para participar do ganha-ganha

Reavalie a sua forma de pensar, isso aumenta substancialmente a sua capacidade de competir e de se modificar.

Ajuste seu foco mental e emocional: isso lhe dá condições de modificar todo o cenário a seu redor.

Aprecie, explore e utilize ao máximo a capacidade de ajudar a si mesmo e aos outros na avaliação crítica de decisões: disso resulta uma infinidade de idéias e de possibilidades, significando um verdadeiro despertar do seu potencial.

Em busca da vitória

Revelação no esporte, sargento do 62º Batalhão de Joinville conquistou a medalha de ouro no campeonato sul-americano de Jiu-jítsu e abre caminhos para a modalidade na cidade.

Gustavo Meneghim

O sargento Ednei Franco Tomazini é adepto do jiu-jítsu há 4 anos e há dois últimos passou a participar de campeonatos da modalidade. O militar, que inclui em sua rotina militar a função de instrutor de defesa pessoal em artes marciais do batalhão, e que treina no mínimo 15 horas semanais, há cerca de um ano vem colhendo frutos de sua dedicação.

Em 2008, Tomazini conquistou o primeiro lugar no pódio no campeonato Sul-americano realizado em São José, no dia 9 de novembro. Meses antes ele já havia conquistado o ouro no Campeonato Paranaense e o terceiro lugar no Campeonato Mundial no Rio de Janeiro. Entre os resultados de 2007, somam-se um título catarinense e um terceiro lugar no Campeonato Brasileiro, também na capital carioca.

O primeiro lugar conquistado em São José garantiu então a vaga para o campeonato mundial que será realizado no final de janeiro em Lisboa. Mas para isso, o atleta que realiza seus treinos na conceituada academia Gracie/Joinville, sob as instruções de Bruno Rocha, destaca a necessidade de encontrar patrocínio entre o empresariado local para enfrentar mais este desafio: “Consegui diversos resultados importantes no jiu-jítsu, sempre arcando com todas as minhas despesas, agora já estou pronto para representar Joinville e os futuros patrocinadores no exterior”.

Apesar de Joinville ainda estar despertando para a modalidade, é importante citar que o campeonato em questão será televisionado para o mundo todo e, conseqüentemente, aqueles que ajudarem o atleta em sua missão poderão obter um retorno na mídia local e internacional através dos destaques que o atleta vier a conseguir no esporte.

Tomazini quer também contribuir para melhorar a imagem do esporte que muitas vezes carrega o estigma de luta violenta, “devido à maioria dos atletas de vale-tudo (este sim violento) serem praticantes do jiu-jítsu. Tomazini ainda acrescenta que esta modalidade deve ficar restrita à academia, onde a prática é orientada com disciplina e respeito”.

Interessados em obter mais informações ou mesmo fechar parcerias de patrocínio devem ligar para o fone34331194, ou escrever para o e-mail eftomazini@terra.com.br

Um pouco de história sobre a modalidade

Existe uma grande discussão quanto à origem do jiu-jítsu, que dá conta de que o esporte teve origem na Índia, através de seus missionários, até chegar à figura lendária de Bodhidharma, indiano que teria sido o 28º patriarca do zen e fundador do primeiro templo de Kung Fu Shaolin na China.

Posteriormente o jiu-jítsu foi desenvolvido no Japão, onde existiam até 700 variações da luta, dependendo da escola, onde na maioria eram utilizados golpes de articulação, torções e estrangulamentos para imobilizar o oponente. A arte marcial se tornou tão importante para a sociedade japonesa que chegou a ser, por decreto imperial, proibido de ser ensinado fora do Japão durante séculos, sob pena de traição da pátria, e condenação à morte.

Com a introdução da cultura ocidental no Japão, promovida pelo imperador Meiji (1867-1912), as artes marciais caíram em relativo desuso em função do advento das armas de fogo, que ofereciam a possibilidade de eliminação rápida do adversário sem o esforço da luta corporal. As artes de luta só voltaram a ser valorizadas mais tarde, no início do século XX, quando o Ocidente também aprendeu a apreciar esse tipo de luta.

No Brasil


O jiu-jítsu chegou ao Brasil em 1917, com Mitsuyo Maeda, também conhecido como conde Koma, que foi enviado ao Brasil em missão diplomática com o objetivo de receber os imigrantes japoneses e fixá-los no país. Sensei (mestre) da Academia Kodokan de judô, Maeda ensinou esta arte a Carlos Gracie em virtude da afinidade com seu pai, Gastão Gracie. Carlos, por sua vez, ensinou a seus demais irmãos, em especial a Hélio Gracie que popularizaram e adaptaram a modalidade ao país.

Nosso jiu-jítsu se difere pela técnica mais apurada (ao invés da força) e principalmente pelas técnicas de luta no solo pelo uso de dispositivos de alavanca.
A modalidade tem o aval de diversas federações nacionais e internacionais que buscam em um futuro próximo introduzir o esporte como modalidade olímpica.

Fundação Cultural programa o Dia da Consciência Negra

No dia 20 de novembro será comemorado o Dia da Consciência Negra. A data é dedicada à reflexão e à luta contra o preconceito racial no Brasil. Para conscientizar os joinvilenses, a Fundação Cultural de Joinville preparou uma programação especial, que inicia às 18 horas, na Estação da Memória.

Como nos últimos anos, a realização de um evento especial de resgate à cultura afro pela Fundação Cultural vai ao encontro da proposta da instituição, que desde 2005 busca resgatar e preservar as tradições de nossa cidade. “Assim como a cultura germânica, a cultura afro é muito presente em Joinville”, destaca a gerente de Incentivo e Difusão Cultural da FCJ, Margit Olsen.

Dança, exposição de artes plásticas, desfile de trajes e adereços afro e apresentação de capoeira fazem parte das atrações da programação de celebração da data, que neste ano, homenageia Maria Laura Cardoso Eleoterio, pelos trabalhos efetuados com a comunidade afro-brasileira da cidade.

Festejada no Brasil desde 2003, a data homenageia Zumbi dos Palmares, líder do Quilombo dos Palmares, que morreu no ano de 1967 em um combate, defendendo seu povo. O Dia da Consciência Negra foi estabelecido pelo Projeto de Lei número 10.639.

Fundação Cultural programa o Dia da Consciência Negra

No dia 20 de novembro será comemorado o Dia da Consciência Negra. A data é dedicada à reflexão e à luta contra o preconceito racial no Brasil. Para conscientizar os joinvilenses, a Fundação Cultural de Joinville preparou uma programação especial, que inicia às 18 horas, na Estação da Memória.

Como nos últimos anos, a realização de um evento especial de resgate à cultura afro pela Fundação Cultural vai ao encontro da proposta da instituição, que desde 2005 busca resgatar e preservar as tradições de nossa cidade. “Assim como a cultura germânica, a cultura afro é muito presente em Joinville”, destaca a gerente de Incentivo e Difusão Cultural da FCJ, Margit Olsen.

Dança, exposição de artes plásticas, desfile de trajes e adereços afro e apresentação de capoeira fazem parte das atrações da programação de celebração da data, que neste ano, homenageia Maria Laura Cardoso Eleoterio, pelos trabalhos efetuados com a comunidade afro-brasileira da cidade.

Festejada no Brasil desde 2003, a data homenageia Zumbi dos Palmares, líder do Quilombo dos Palmares, que morreu no ano de 1967 em um combate, defendendo seu povo. O Dia da Consciência Negra foi estabelecido pelo Projeto de Lei número 10.639.

ORÇAMENTO FEDERAL: Carlito prioriza saúde de Joinville em suas emendas

O deputado federal Carlito Merss apresentou nesta semana a sua proposta para as emendas individuais ao Orçamento Geral da União. Em destaque, a cidade de Joinville, a qual comandará a partir de 2009. Merss preocupou-se em reservar recursos para a área da saúde da maior cidade do Estado, uma das suas principais bandeiras durantes as eleições. Conforme a lista, Carlito reservou R$ 7 milhões para a cidade, onde R$ 4,5 milhões foram carimbadas para a saúde. Entre elas R$ 800 mil para atenção especializada em Saúde, e R$ 3,7 milhões para a construção do PA da zona oeste, Posto do Adhemar Garcia, Posto de Pirabeiraba, PA do Aventureiro, Construção do Caps e Reforma e equipamentos para o São José.
Para Joinville ainda foram reservados recursos para microbiologia, turismo, controle de enchentes, gerência do Ministério do Trabalho e Emprego, infra-estrutura, Parque da Estação Ferroviária e recuros para o 62º BI. A Udesc também foi contemplada com emenda individual do deputado, com o valor de R$ 200 mil, para bolsa de estudos (capes).

Os demais R$ 3 milhões, que totalizam os R$ 10 milhões por deputado, foram destinados para infra-estrutura de diversos municípios da região norte como Araquari, Barra do Sul, Barra Velha, Canoinhas, Garuva, Itapema, São Francisco do Sul, Gaspar, Monte Castelo, Papanduva, Porto União, Rio do Sul, Schroeder e Corupá. Confira a lista completa:

JOINVILLE


Atenção Especializada em Saúde
R$ 800 mil

Construção do PA da Zona Oeste R$ 1 milhão,
Posto Adhemar Garcia (300 mil),
Posto de Pirabeiraba (700 mil),
PA do Aventureiro (300 mil),
Construção do Caps (400 mil) e
Rede de Saúde (Reforma e equipamentos) - R$ 1 milhão
Total = R$ 3,7 milhões

Laboratório de Análise de Alimentos (microbiologia)
R$ 300 mil

Centro de Informações Turísticas
R$ 150 mil

Controle de enchentes
R$ 500 mil

Gerência do Ministério do Trabalho e Emprego
R$ 500 mil

Infra-Estrutura Urbana / Construção e Reformas de Pontes
R$ 500 mil

Parque da Estação Ferroviária
R$ 500 mil

Ministério do Exército/ 62º Batalhão de Joinville
R$ 150 mil

Udesc/ Bolsa de Estudos (capes)
R$ 200 mil



Araquari
Infra-estrutura urbana - R$ 100 mil

Barra do Sul
Unidade de Saúde - R$ 300 mil

Barra Velha
Construção do Mercado Público - R$ 300 mil

Canoinhas
Infra-Estrutura Urbana - R$ 100 mil

Garuva
Infra-Estrutura Urbana - 200 mil

Itapema
Infra-Estrutura Urbana - R$ 200 mil

São Francisco do Sul
Infra-Estrutura Urbana - 200 mil

Gaspar
Infra-Estrutura Urbana - R$ 100 mil

Monte Castelo
Infra-Estrutura Urbana - R$ 100 mil

Papanduva
Construção de escola - R$ 150 mil

Porto União
Infra-Estrutura Urbana - R$ 300 mil

Rio do Sul
Hospital Regional do Alto Vale - R$ 200 mil

Schroeder
Infra-Estrutura Urbana - 150 mil

Corupá
Infra-Estrutura Urbana - R$ 150 mil

Dia do Diabetes chama a atenção para avanço da doença entre crianças e jovens

Muita sede, aumento da quantidade de urina, desmaios e crises de hipoglicemia (baixo nível de glicose no sangue). Esses são alguns dos sinais que podem identificar o diabetes, uma doença metabólica que pode causar danos irreversíveis aos rins e à visão, além de problemas cardiovasculares.

"Não é nenhum sintoma alarmante, como uma febre, então às vezes o diagnóstico passa despercebido", diz a coordenadora Nacional de Hipertensão e Diabetes do Ministério da Saúde, Rosa Sampaio Vila-Nova de Carvalho.

Para conscientizar a sociedade da importância de identificar o diabetes no estágio inicial, este ano o Dia Mundial do Diabetes, comemorado na última sexta-feira (14), vai alertou para o avanço da doença entre crianças e adolescentes. "O objetivo é chamar a atenção do público e de profissionais da saúde. O diabetes é uma doença crônica, de início insidioso [traiçoeiro] e quando se tem o diagnóstico já é com alguma complicação", diz Carvalho.

Além disso, a coordenadora lembra que o número de jovens com o diabetes tipo 2, que tem maior relação com o fator hereditário e está ligado à obesidade e ao sedentarismo, também tem aumentado. "Antes, o diabetes tipo 2 era típico de adultos com mais de 35 anos. E hoje já está começando a aparecer em jovens, devido principalmente ao sedentarismo, à obesidade e ao sobrepeso", explicou.

Para o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, a solução para reduzir os casos de diabetes no país passa pela educação da população, especialmente sobre hábitos alimentares mais saudáveis e a prática regular de exercícios físicos.

"O tradicional prato com salada, arroz, feijão e carne está sendo substituído por alimentos semiprontos, biscoitos, salgadinhos. Além disso, a garotada está cada vez mais ligada na internet, televisão, videogames. Até pelo aumento da violência urbana, as crianças não brincam mais na rua, e isso está criando uma epidemia mundial de obesidade e diabetes", avaliou Temporão.

A coordenadora explica que o Ministério da Saúde é responsável pela compra e distribuição de insulina e que o medicamento, usado para o controle da doença, está disponível em todos os Estados. O ministério também repassa recursos para Estados e municípios adquirirem medicamentos orais, utilizados por diabéticos do 2.

Ela alerta que, desde 2006, o Brasil tem uma legislação específica para atendimento integral do diabetes e lembra que não pode haver falta de medicamentos. "O portador deve ter a consciência de que ele tem o direito de adquirir esses remédios gratuitamente no posto de saúde. Se não tiver, ele tem que fazer essa denúncia", disse Carvalho.

Atualmente, cerca de 7,3 milhões de brasileiros maiores de 18 anos têm o diabetes do tipo 2, segundo o Ministério da Saúde. A estimativa é a de que, até 2025, o número chegue a 17,6 milhões, o que levará o Brasil do oitavo para o quarto lugar no ranking mundial da doença.

Para marcar o Dia Mundial do Diabetes, cerca de 300 monumentos em mais de 25 países foram iluminados com a cor azul, que simboliza a doença. No Brasil, foram iluminados o Maracanã, o Cristo Redentor e o Corcovado, no Rio de Janeiro; o Memorial JK e a Torre de TV, em Brasília; a Ponte Hercílio Luz, em Florianópolis e o Elevador Lacerda, na Bahia, entre outros.

Lula é o presidente ibero-americano mais popular, segundo pesquisa

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva é o líder ibero-americano melhor avaliado na região, enquanto o nicaragüense, Daniel Ortega, é o mais impopular, segundo a pesquisa Latinobarómetro 2008 publicada hoje.

Lula lidera a avaliação de chefes de Governo e de Estado ibero-americanos melhor avaliados com uma nota de 5,9 --numa escala que vai de 1 a 7. Ele conseguiu ultrapassar o rei da Espanha Juan Carlos 1º, que tinha liderado a lista durante três anos consecutivos e agora ficou relegado ao segundo lugar com 5,7.

Em terceiro lugar ficou o presidente do governo espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, empatado com 5,5 pontos com a chefe de governo chilena, Michelle Bachelet, e seu colega paraguaio, Fernando Lugo, avaliado pela primeira vez.

Também estrearam neste ano a presidente argentina, Cristina Fernández, que chegou a 4,7 e o nicaragüense Daniel Ortega, que com um 4,0 teve a pior nota da lista.

O presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, alcançou 5,2, seguido do equatoriano Rafael Correa, do mexicano Felipe Calderón, e do uruguaio Tabaré Vázquez, todos com um 5, enquanto o presidente boliviano, Evo Morales, obteve 4,8.

O peruano Alan García e o venezuelano Hugo Chávez estão igualados em 4,3, enquanto o ex-líder cubano Fidel Castro e o presidente em fim de mandato dos Estados Unidos, George W. Bush, empatam com 4,2.

A enquete foi realizada entre o dia 1º de setembro e 11 de outubro passado, antes que Ortega fora acusado de fraude pela oposição nas polêmicas eleições municipais do dia 9 de novembro.

PPS estuda fusão com PSDB para evitar desaparecimento

Folhapress

De olho na sucessão presidencial de 2010, PSDB e PPS começaram a discutir a possibilidade de fusão entre as duas siglas. O assunto foi tratado em jantar na semana passada na casa do presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), do qual participaram o governador e presidenciável tucano José Serra (SP) e o deputado federal Nelson Proença (RS), integrante da executiva nacional do PPS.

Ponta-de-lança da articulação, Proença afirma que a possibilidade de criação de uma "janela" para a migração partidária pode enfraquecer o PPS.

O risco de proibição de coligações proporcionais em 2010 e o resultado das últimas eleições municipais são outros fatores que levam a bancada da legenda na Câmara dos Deputados, formada por 15 congressistas, a defender a fusão.

Em 2008, o PPS elegeu 132 prefeitos --uma queda de 59% em relação às 320 prefeituras que conquistou em 2004.

"Há uma tendência de os partidos pequenos desaparecerem, e o quadro deverá se consolidar em três ou quatro grandes partidos nacionais. Uma fusão faz parte de um movimento nacional para enfrentar esta crise que está aí e o momento pós-Lula", disse o deputado.

Serrista convicto, o congressista afirma que a fusão independe de quem seja o candidato tucano à Presidência --se Serra ou o governador mineiro Aécio Neves.

Proença é um egresso do PMDB que chegou ao PPS em 2001 --dez anos depois de o partido ter optado, na época em que a União Soviética se desintegrava, por abandonar o nome Comunista Brasileiro para adotar Popular Socialista.

O presidente nacional do PPS, Roberto Freire, não defende nem rechaça a fusão com os tucanos. Autorizou Proença a dar andamento às conversas com o PSDB. "Não temos uma política de vetos", afirmou.

Segundo Freire, o assunto ainda não está sendo discutido internamente, mas deverá entrar na ordem do dia em virtude da "inquietação" dos congressistas com a possível restrição às coligações e com a possível abertura de um período para o troca-troca partidário sem o risco de perda de mandato.

"Com a reforma política e com a abertura dessa 'janela' para migração, que é um salvo-conduto para a traição, partidos da oposição sofrem muita pressão e há intranquilidade entre os parlamentares."

Freire, que se auto-declara "um velho comunista", disse que a união com o PSDB "não é estranha nem violenta a cultura do Partidão" porque há identidade entre as agremiações.

Anfitrião do jantar que aconteceu na semana passada, Sérgio Guerra disse que a união depende da vontade do PPS. "Somos altamente receptivos, mas a gente não vai interferir no que é um assunto da economia interna deles", afirmou.

EDITORIAL: Ela se importou

O Tribunal de Justiça de SC foi palco esta semana de mais um capítulo do obscuro caso em que um pedreiro chamado Oscar do Rosário é acusado pela morte da pequena Gabrielli Eiccholz.

A história começa na manhã de 3 de março de 2007, durante o culto de inauguração de uma igreja adventista em Joinville, quando Gabrielli, de apenas um ano e meio é encontrada agonizando em uma pia batismal.

A menina é levada ao hospital, mas não resiste e, quarenta minutos após dar entrada no pronto-socorro, morre.

Algumas horas depois um estranho capítulo é escrito no IML de Joinville com a autópsia da menina assinada por um médico que nunca havia realizado um laudo cadavérico. A partir deste estranho laudo, policiais saíram declarando que Gabrielli havia sido estuprada e assassinada e que sangue e esperma foram encontrados misturados às fezes da menina.

A repercussão na mídia foi enorme e o governador pediu que “o culpado” fosse encontrado. Aí aparece o pedreiro Oscar. Sem entender o que acontecia, o pedreiro confessou o que a polícia orientou para ele confessar.

Alguns dias depois técnicos do Instituto Geral de Perícia, que analisaram as amostras colhidas no corpo da menina, concluíram que não havia sangue nem esperma. Também as fotos analisadas pelo renomado legista Badan Palhares confirmaram que não houve crime algum na morte da menina.

De nada adiantou. A polícia e a promotoria não voltaram atrás. O julgamento não era do pedreiro, mas da história inventada e que tinha ido longe demais para ser desmascarada.

Oscar foi condenado a 20 anos de prisão. Mas quem se importa?

Na última terça-feira, uma mulher chamada Salete se importou e disse: “Não quero cometer injustiça e manter um inocente por 20 anos preso”. A desembargadora Salete Silva Sommariva, do Tribunal de Justiça, talvez não se convença da injustiça flagrante contra o pedreiro pobre, acusado de um crime que não ocorreu, mas o fato de se importar faz o seu gesto maior que todos até agora.

TJ decide se Oscar terá novo julgamento

A desembargadora Salete Silva Sommariva quer estudar com cuidado todo o processo que resultou na condenação do pedreiro Oscar Gonçalves do Rosário. Segundo a magistrada, a ação guarda muitas dúvidas e merece um estudo mais aprofundado. A desembargadora, personalidade reconhecida nos meios acadêmicos por sua defesa da humanização da justiça, pediu vistas no recurso de apelação em favor de Oscar, suspendendo o julgamento iniciado na última terça-feira (11) na 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Santa Catarina.

A advogada Elizangela Asquel Loch, defensora de Oscar, sustentou aos magistrados do TJ que o cerne de todo o processo estava no laudo da necropsia. “Até o momento antecedente ao laudo da necropsia do caso em questão, tudo indicava que se tratava de um acidente”, afirmou a advogada. Elizangela Loch também alegou a falta de experiência, e a longa insistência da coordenadora do IML para que um médico ad doc [nomeado] fizesse o laudo cadavérico da menina. “Isso tudo acabou condenando um inocente a vinte anos de prisão. Devido ao referido laudo e à forte comoção social, o Conselho de Sentença acabou decidindo contrariamente às provas existentes nos autos”.

A defensora também lembrou aos desembargadores como a manifestação do Ministério Público ressaltou dois pretensos antecedentes de crimes sexuais atribuídos a Oscar. Ela citou cada um dos casos lembrando que quem os transformou em processo contra seu cliente foi justamente o delegado do caso em Joinville, que se abalou para Canoinhas criar os processos. “Será que em Canoinhas não havia delegado e Ministério Público com competência para fazer isso?”, questionou a advogada, colocando dúvidas nos pretensos antecedentes.

O relator do processo, desembargador Túlio Pinheiro, votou pela manutenção da decisão do Tribunal do Júri, que com quatro dos sete votos condenou Oscar a 20 anos de prisão. O desembargador fez uma análise técnica, ressaltando o que classificou como “a soberania do Tribunal do Júri”, deixou de lado a declaração da enfermeira Tânia Hack – que veio a público revelar que o médico que fez a perícia, além da falta de experiência não tinha condições de fazer o procedimento, e a declaração do próprio médico legista, que no Tribunal do Júri descartou o estrangulamento. “É um voto técnico”, reafirmou ao ser perguntado pelo também desembargador Irineu João da Silva, que o seguiu no voto.

Mas, a desembargadora Salete Silva Sommariva resolveu destoar da decisão puramente técnica e pediu vistas no processo. Ela elogiou o voto do colega desembargador, mas ressaltou que não poderia votar, confirmando a condenação de um homem a 20 anos de cadeia, fundamentando apenas em uma questão técnica. A desembargadora prometeu estudar o caso nas próximas duas semanas e retornar com um voto na sessão do dia 25 de novembro. Os dois desembargadores já votaram, mas reafirmaram ainda na sessão que, conforme o voto da magistrada de segundo grau, podem até reformar suas decisões.

“Koerich chegou falando arrastado”, diz testemunha

O médico que fez o laudo atestando que a pequena Gabrielli morreu vítima de estrangulamento com ruptura perianal chegou ao IML naquela tarde de sábado vindo de uma festa, com rosto muito vermelho, trêmulo e falando arrastado. Ele admitiu que não tinha condições para fazer o exame, e que só resolveu presenciar o procedimento e assinar o documento depois de muita insistência da chefe do instituto, a “doutora Rute”. A declaração assinada em cartório e juntada na apelação de Oscar no Tribunal de Justiça é da enfermeira Tânia Hack, funcionaria do Hospital Regional, cedida para trabalhar no IML e que estava presente durante a necropsia da menina naquele fatídico 3 de março de 2007. Foi ela quem telefonou para os quatro médicos credenciados pelo instituto, procurando sem sucesso um para fazer o procedimento.

Foi ela também quem tirou as fotos juntadas no processo e que, inclusive, ainda pela manhã daquele dia, antes mesmo de qualquer laudo ser feito, atendeu ao telefonema de radialistas que queriam saber detalhes da menina “estuprada”.

Tânia Hack disse que queria muito falar o que sabia sobre o caso e de sua certeza de que não poderia ter acontecido com aquela menina o crime como foi relatado pela polícia. “Quando soube da prisão do pedreiro pensei em procurar a polícia para declarar o que vi, mas fiquei com medo pelo meu emprego (porque estaria contrariando a chefia do IML). E eu acreditava que o Oscar seria inocentado sem precisar de minha intervenção. Mas, quando soube da condenação, fiquei intranqüila e resolvi procurar a advogada”, revelou, insistindo que desde a condenação do pedreiro não conseguia dormir tranqüila.

Técnica do IML garante que Gabrielli não sofreu nenhuma violência sexual

Toda a seqüência de erros, equívocos e lances de oportunismos que resultaram em uma investigação policial equivocada e um processo com resultado injusto começou no laudo pericial feito por um médico que não era legista, que nunca havia realizado um laudo necroscópico, sem experiência alguma em medicina legal e que examinou o corpo de Gabrieli mandou um homem para cadeia pelos próximos 20 anos. “Mas ele (João Koerich) só aceitou assinar o laudo depois de muita insistência. Segundo Tânia Hack, quando ele chegou, a primeira coisa que disse foi que não tinha condições de fazer a necropsia; ele estava trêmulo suado, demonstrando cansaço. Então, eu, dona Rute e o médico ficamos olhando um para cara do outro sem saber quem ia abrir a menina. Em seguida, foram buscar o técnico em necropsia, o Edson para proceder o trabalho”, relatou.

E a enfermeira insiste que a menina não sofreu violência sexual. “Nós conferimos a vagina da menina, estava íntegra, sem qualquer lesão; havia fezes, mas o ânus também estava perfeito; não tinha esganadura, apenas manchas”, descreveu insistindo também que: “abriram o tórax, viram que os pulmões estavam cheios de água; abriram a traquéia e confirmaram que não houve esganadura”, insistiu, e relatou ainda que, à medida que era feito o procedimento, tirou aproximadamente 12 fotos, recolheu amostras do ânus, secreção da vagina e de sangue, que foram remetidos na segunda-feira seguinte, pelas mãos da dona Rute, para exames apropriados no Instituto Geral de Perícias em Florianópolis. Ela também disse que o técnico em necropsia digitou o laudo enquanto a dona Rute ditava. “Por vezes, dona Rute perguntou ao médico João Koerich e ele respondia para ela fazer do jeito dela, que, tecnicamente, ele nada entendia do laudo necroscópico”, lembra a enfermeira.

As declarações de Tânia Hack foram gravadas e reduzidas a termo em um documento registrado em cartório. Ela se dispôs a repetir tudo se for chamada em juízo.