Show técnico porém com falhas abre turnê de Madonna no Brasil

Quinze anos depois de bater recorde mundial de público no Maracanã, no Rio, Madonna voltou a tocar no Brasil neste domingo em um show menos empolgante que técnico, no mesmo estádio. Mas tanto a diva pop, no palco, quanto o público, debaixo de chuva, mostraram disposição para levar a animação até o fim da apresentação, que durou exatas duas horas.

O show do Maracanã seguiu os mesmos set lists e script das apresentações anteriores da turnê "Sticky and Sweet": quatro blocos com 24 músicas, as mesmas coreografias, os mesmos recursos visuais e vídeos. Quem esperava surpresas --como a que a cantora fez em Buenos Aires, ao cantar "Don´t Cry For Me Argentina"-- teve que se contentar com improvisos no fim do show, quando Madonna pediu para um fã da platéia escolher a música que ela tocaria.

Da sua parte, Madonna pareceu se esforçar para compensar os fãs que enfrentaram a chuva contínua para acompanhar a apresentação: dançou e pulou do início ao fim do show e em nenhum momento esboçou qualquer cansaço mais que justificável para seus 50 anos.

No mesmo bloco --o segundo-- em que caiu de joelhos no palco, a cantora arrebatou a platéia ao entrar no palco pulando corda ao som de uma batida funk e imagens de Keith Richards, em "Heartbreak". No final encarou duas cordas de uma vez e ainda fez coreografias enquanto pulava, sem errar.

Pouco sorridente no início do show e visivelmente irritada com a chuva, Madonna se mostrou mais relaxada nos dois últimos blocos. "Obrigada Rio de Janeiro, "É bom estar de volta depois de tantos anos" e "Me desculpa por vocês estarem todos molhados. Podemos continuar?" foram algumas das poucas sentenças proferidas por uma Madonna já mais simpática que a do início do show.

Bem-humorada, chegou a improvisar versos por causa da chuva, que começou dez minutos antes do início do show e só arrefeceu na última música. No último bloco, pediu a um fã que escolhesse a próxima música a ser cantada --o que também estava no script. "Esta é a parte do show na qual eu peço a alguém na audiência para pedir uma música. Mas se eu não gostar do que vocês escolheram, não vou cantar", disse Madonna.

E foi o que aconteceu, quando o fã escolhido pela cantora pediu "Everybody". Ela negou-se a cantar a música, e o fã então sugeriu "Express Yoursef", que ela cantou a capela com a ajuda das palmas do público.

Da parte do público, que na maior parte do show demonstrou certa apatia com o show, o ponto alto foi a interpretação de "Like a Prayer", em que Madonna foi acompanhada de uma trupe e violisnistas romenos e vídeos com inscrições em árabe e hebraico.

Um telão cilíndrico montado em cima da passarela também empolgou a platéia nas duas vezes em que foi rebaixado até tocar o palco. Durante todo o show, o telão projetou imagens --o principal recurso da turnê "Sticky and sweet"-- que iam de videoclipes clássicos de Madonna a cenas de guerra, críticas ao consumismo e de líderes como Ghandi, Barack Obama, Al Gore, John Lennon e Martin Luther King.

Quando as imagens, as luzes e os bailarinos davam lugar a números mais intimistas com Madonna acompanhada de microfone e guitarra, a animação da platéia também diminuía. Nessas horas, o som --que, segundo a produção, tinha sistema Line Array, "de última geração", ficava baixo.

Falhas

A despeito da boa vontade do lado da platéia e de Madonna, a parafernália do show montada por duas centenas de pessoas em cinco dias e as 653 horas de ensaio não conseguiram evitar alguns deslizes no palco, muitos deles causados pela chuva --como o escorregão da diva pop em "She´s Not Me". O microfone da cantora falhou duas vezes, a banda uma e a própria Madonna, duas entradas.

Durante todo o show, assistentes de palco enxugavam o palco, encharcado pela chuva, e acompanhavam Madonna e bailarinos quando estes se aventuravam pela passarela de 17 metros de comprimento montada a partir do palco.

A apresentação também começou com atraso de meia hora, mesmo depois de a produção do show divulgar, no início da tarde deste domingo, que Madonna estaria "pontualmente as 20h" no palco.

O show deste domingo, segundo a assessoria de imprensa do evento, foi visto por 70 mil pessoas, contra os 120 mil que foram ao Maracanã em 1993. Neste domingo, sobraram ingressos, e, em todo o entorno do estádio, pagantes e cambistas disputavam espaço para vender ingressos.

Dentro do estádio, porém, o público lotou as arquibancadas, embora a pista, montada sobre o gramado do Maracanã, não tenha ficado muito cheia. "É muita chuva mas está valendo a pena", disse a estudante Juliana Rocha, 21.

FOLHAPRESS.

Nenhum comentário: