Vigilância Sanitária interdita mais duas escolas municipais em Joinville

• Sergio Sestrem
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Após vistoria na semana passada, a Vigilância Sanitária interditou mais duas escolas municipais: a Prof. Oswaldo Cabral, no Itaum, e a Prof. Edgar Castanheira, no Fátima. Infiltrações na laje e em paredes, danos nas coberturas e problemas na instalação elétrica e inclusive a presença de pombos em uma delas motivaram a medida.
As autuações, realizadas pela fiscal sanitarista Lia Renata Abreu, ocorreram depois que ela estranhou um telefonema vindo do setor de engenharia da Secretaria Municipal de Educação pedindo seu aval a um documento que apontava a situação de 25 estabelecimentos de ensino do município. “Eles pediram para eu assinar esse documento, pois necessitavam fechar um contrato antes do final do ano para a manutenção das coberturas, calhas, forros”, relata a fiscal.
Lia ficou ainda mais intrigada quando a engenheira responsável pelos projetos solicitou-lhe que assinasse o documento já pronto, pois, segundo a engenheira, o laudo dos problemas já havia sido elaborado por profissionais qualificados. “Achei o fato um tanto estranho, mas como não tenho que achar nada, e sim averiguar a procedência, falei para a engenheira que não daria nenhum parecer sem verificar in loco a situação”, lembra a fiscal.
“Dos 25 estabelecimentos, vistoriei 24. Dois têm condições de voltar às aulas no próximo ano, dois já foram interditados e os 21 restantes foram intimados a sanar as irregularidades em caráter emergencial”, aponta. “Caso isso não ocorra, as escolas correm o risco de não iniciarem o ano letivo”, avisa a fiscal, que tomou o cuidado de consultar o Ministério Público Estadual, que concordou com procedimento por ela adotado.

Diretores não denunciavam por medo de represália

Dos estabelecimentos municipais notificados na semana passada, alguns já haviam sido autuados pela fiscal. “Mas na maioria deles os responsáveis (diretores) encaminharam diversos ofícios relatando o problema ao secretário, porém não obtiveram êxito nenhum”, afirma.

Lia Abreu também questionou o silêncio dos diretores que não lhe comunicaram sobre os problemas que estavam ocorrendo em suas escolas. “A maioria deles justificou que tinha medo de represálias, pois, por serem indicados, tinham que seguir a cartilha de quem manda”, lembrou. Ela se referia a alguns tipos de irregularidades como goteiras ou infiltrações que só são visíveis se no ato da fiscalização estiver chovendo.
Outro fato curioso apontado pela fiscal é que alguns estabelecimentos foram construídos ou reformados há dois ou três anos e o problema detectado pelos técnicos é a telha de fibra vegetal de pouca durabilidade.
Lia acredita que no próximo ano, outros problemas deverão ser constatados em função de questões administrativas da própria Vigilância Sanitária. “Vários estabelecimentos de ensino – públicos e privados – não foram vistoriados, ora por falta de carro, ora porque o motorista estava doente”, explica. Alem desses problemas minha saída a campo era apenas duas vezes por semana”, finaliza.
Em função destes e outros fatos, Lia Abreu solicitou à Comissão de Saúde da Câmara de Vereadores uma auditoria no setor, o que até hoje ainda não aconteceu. “Até agora meu pedido foi ignorado”, finalizou a fiscal.

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