Para forçar aumento, empresas inventam greve. Sindicato desmente

Sindicato diz que não será usado por empresários e descarta greve

Em um lance de desespero, após verem cair por terra todos os argumentos usados para justificar um reajuste de 12% nas tarifas do transporte coletivo, as empresas resolveram apelar. Após a malograda planilha de custos, que de tão inconsistente, não foi suficiente para "sensibilizar" a prefeitura a decretar o aumento, Gidion e Transtusa partem para o ataque: a ordem agora é pressionar nem que para isso seja necessário falar até de greve no sistema. Porém a estratégia, mais uma vez, não encontra respaldo nem mesmo entre o sindicato dos condutores.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas de Transportes Rodoviários de Passageiros de Joinville e Região, Rubens Müller, afirmou que a entidade não será usada pelas empresas. Ele também descartou uma suposta greve, conforme ‘plantado’ deliberadamente.

"O Sindicato não tem nada a ver com a discussão da tarifa. Nós vamos começar a discutir salários somente a partir de abril", confirmou. Ele não concorda que o nome do sindicato seja usado em discussões que só dizem respeito a empresas e à prefeitura. Segundo o Müller, na última polêmica sobre o reajuste das passagens, em 2005, o então prefeito Marco Tebaldi o chamou para saber qual a posição do sindicato frente ao assunto. "Ele chamou, mas eu não fui porque esse tema não faz parte da nossa discussão", lembrou. "Nossa luta é apenas salarial. O resto é briga de cachorro grande", arrematou.

Müller lembrou que a data-base da categoria é em maio e que, portanto, o discurso pífio utilizado pelas empresas durante esta semana não é verdadeiro.

Está cada vez mais difícil comprovar necessidade de aumento

Nos últimos três meses, um assunto de grande relevância deixou de ser tratado entre quatro paredes e passou a ser amplamente debatido, agora não somente por empresários e prefeitura, mas também pela população.

As discussões sobre o transporte coletivo ganharam as ruas e literalmente caíram na rede. Há poucos dias a prefeitura tomou a iniciativa de divulgar na Internet a tão misteriosa planilha de custos das empresas que, pelo que tudo indica, não será suficiente para convencer o prefeito Carlito Merss (PT) a conceder o aumento pretendido pelos empresários do setor.

A estratégia de Carlito de debater o tema com a sociedade até a sua a sua exaustão aparentemente enfraqueceu o movimento patrocinado pelas duas empresas.
Simultaneamente à divulgação da planilha, a prefeitura criou o blog "O nosso coletivo" (http://onossocoletivo.blogspot.com), pelo qual promete levar todos os questionamentos para que os técnicos da Secretaria de Infra-estrutura (Seinfra) e das duas empresas permissionárias do transporte coletivo (Gidion e Transtusa) esclareçam as dúvidas dos usuários.

Para Carlito, planilha está superestimada

Em artigo publicado no último dia 16 no tabloide "Notícias do Dia", o prefeito Carlito Merss afirma que a planilha apresentada pelas empresas nunca "bateu" com o relatório paralelo elaborado pela prefeitura. Ou seja, a planilha estaria superestimada. Segundo ele, é nessa diferença que pode ser resolvido o impasse.

De acordo com informações repassadas pela assessoria de imprensa da Secretaria Municipal de Infra-estrutura, as diferenças entre os dois documentos já vêm sendo verificadas há vários anos. O que os técnicos da secretaria estão fazendo agora é analisar detalhadamente todos os cálculos para que não paire nenhuma dúvida quanto ao índice final levantado pela prefeitura e que será usado como contraponto aos números apresentados pelas empresas.

Pesa também contra o aumento das tarifas do transporte coletivo a divulgação de um estudo que comprova que enquanto nos últimos doze anos a inflação oficial foi de 132,4%, o reajuste concedido às empresas pelo então prefeito Luiz Henrique (PMDB) e seu sucessor Marco Tebaldi (PSDB) acumulou 241,6% penalizando o usuário do transporte coletivo joinvilense.

Mesmo sem cobrador, Gidion e Transtusa querem se igualar a outras cidades

Se forem avaliadas minuciosamente as razões apresentadas pelas empresas Gidion e Transtusa para arrancarem um aumento de 12% nas passagens do transporte coletivo, o argumento mais absurdo é o que tenta igualar a situação de outras cidades que recentemente concederam o reajuste com a realidade de Joinville.

Um dado importante que as empresas fazem questão de omitir é que em todas as outras cidades ainda existe a figura do cobrador de ônibus, diferentemente de Joinville que, em 2001, eliminou da noite para o dia mais de 500 postos de trabalho, repassando essa função aos motoristas e punindo o usuário com a tarifa embarcada.

Em Florianópolis, por exemplo, há cinco empresas que atendem os usuários do transporte coletivo, existem ainda mais quatro que transportam passageiros dentro da região metropolitana. Com passagens custando entre R$ 1,40 (social) e R$ 2,70, o reajuste das tarifas foi concedido pelo prefeito Dario Berger (PMDB) em 18 de janeiro deste ano. Segundo dados do Sintraturb, além dos motoristas, as empresas do transporte coletivo da capital empregam cerca de 1.800 cobradores, que recebem um salário de R$ 731,02 mensais por uma jornada de 6h40 por dia.

Em Blumenau, a realidade não é diferente. Desde o dia 17 de janeiro, as tarifas foram reajustadas pelo prefeito João Paulo Kleinübing (DEM) para R$ 2,30 (passagem única). Na cidade do Vale do Itajaí, operam três empresas que empregam cerca de 400 motoristas e 400 cobradores. De acordo com o Sindetranscol, cada cobrador recebe um salário de R$ 616,00 por uma jornada de 7 horas por dia.

Com passagem valendo R$ 2,00, em Londrina (PR) operam duas empresas que empregam cerca de 800 motoristas e 400 cobradores, estes últimos trabalham até as 19 horas. O salário pago a cada cobrador, segundo a Companhia Municipal de Transportes Urbanos (CMTU), é de R$ 845,00 por uma jornada de 6 horas diárias.

Clique para ampliar e compare

Douglas Mayer: o contador de história

"AlmanAqui Joinville" é novo conteúdo nas páginas da sua Gazeta

A partir da próxima edição impressa, os leitores da Gazeta de Joinville serão brindados com uma nova seção. É o AlmanAqui, que chega para consolidar ainda mais a identidade da Gazeta com a cidade.

A iniciativa é do artista plástico e editor Douglas Mayer. "Sempre fui aficionado pela história e sempre achei uma pena que os livros espantem o leitor comum", comentou. Para suprir esta necessidade, é que Douglas recorreu ao estilo dos antigos almanaques.

Informação de forma leve e descontraída, com curiosidades, resenhas de livros, história das empresas, fotos históricas e entrevistas compõem o recheio do AlmanAqui.

Douglas, antes de mais nada, é um grande curioso. Do tipo que não deixa um museu sem antes conhecer sua peça mais pitoresca ou desvendar cada parte da construção.

Certa vez, Douglas buscava informações a respeito da passagem do Zepellin sobre Joinville e descobriu que eram raras as informações no Arquivo Histórico.

"Descobri tudo somente entrevistando o dono de um bar que leva o mesmo nome da aeronave", conta.

Informação para todos os gostos

Farão ainda parte do AlmanAqui as seções: "Gente nossa" - sobre personalidades interessantes que moram ou passam por aqui. "Pode ser uma autoridade, ou mesmo um ambulante, a história da pessoa é que conta", explica.

Outra seção é a "Deu na Gazeta", que fará um resgate das antigas manchetes da Gazeta de Joinville de fins do Século XIX.

"Ontem e hoje" fará a comparação entre fotos do mesmo local em diferentes épocas da história.
Além de tudo isso, o AlmanAqui ainda contará com o talento nato do Douglas Mayer, artista e cartunista premiado. Confira tudo isso e muito mais na próxima semana, no AlmanAqui, por Douglas Mayer .

Médico catarinense vai à Faixa de Gaza operar vítimas do massacre israelense

Pela sétima vez, o cirurgião plástico catarinense Zulmar Antonio Accioli de Vasconcellos vai à Faixa de Gaza, região castigada pelos massivos bombardeios seguidos de invasão terrestre por parte do exército israelense entre dezembro de 2008 e janeiro de 2009.

Assim como nas ocasiões anteriores, a finalidade da jornada de dez dias é integrar organizações que prestam apoio humanitário aos feridos durante a última invasão de Israel à Palestina. Desta vez, a ação é coordenada pelo Consulado da França em Jerusalém.

Vasconcellos é professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica de Santa Catarina (SBCP/SC). Ele embarcou no último dia 25 de Florianópolis com destino a São Paulo, de onde partiu à noite rumo a Paris.

Na capital francesa, o médico revê amigos e colegas da universidade onde fez sua pós-graduação e doutorado em medicina e no dia 28 se junta aos demais integrantes da missão em Tel Aviv, em Israel. De lá, os carros da ação humanitária os levarão até as cidades onde atuarão.

Desafio O grande desafio, para Vasconcellos, é a falta de estrutura para atendimento na maior concentração humana do planeta. São mais de um milhão e meio de habitantes confinados em 360 mil metros quadrados. Um território menor que a Ilha de Santa Catarina. "Na palestina as pessoas sofrem de uma síndrome de stress crônico, desemprego em 70%, a maioria vive de ajuda humanitária, e não podem sair para outras regiões. Não tem muita esperança lá, apesar de ser um povo contente, é uma gente que já nasce abatida pela situação", lamenta.

Além da rotina de oito horas de trabalho nos hospitais, atendendo entre vinte e trinta pessoas por dia, os médicos destas missões costumam dar aulas aos cirurgiões de lá. "Os médicos locais são bons, mas não têm formação necessária para executar cirurgias sofisticadas, nem tempo para hábil de estudar no exterior e voltar a operar nas áreas deflagradas", conta.

Prioridade para as crianças

Por diversas vezes, o cirurgião plástico presenciou os sons das sirenes de alerta antiaéreos e dos estrondos das bombas, paredes tremendo e até janelas se quebrando por causa das explosões.
A princípio, o desejo do catarinense é dar prioridade às crianças. É justamente contra as crianças que ele vê o maior ato de violência em uma guerra. "As crianças são pequenas porque comem mal e é comum vermos jovens de catorze ou quinze anos aparecerem com fraturas nas pernas provocadas por tiros de fuzil", observa.

Satisfação pessoal Conhecer o Oriente Médio foi um desafio que Vasconcellos encarou prontamente desde o primeiro convite, em 2002. O trabalho é voluntário e sem remuneração. As passagens internacionais são reembolsadas e a alimentação e a hospedagem são oferecidas pelos coordenadores das missões.

Por sua atuação na recuperação das vítimas, Vasconcellos já foi condecorado duas vezes pelo ministro da Saúde palestino.

EDITORIAL: Bombando até explodir

A rádio CBN/Globo diariamente apresenta suas duas grandes estrelas de economia: Miriam Leitão e Carlos Alberto Sardenberg para comentarem, ou melhor, defenderem, com unhas e dentes, o "senhor mercado".

Agora que a crise criada pela ciranda financeira sem controle levou à falência o mercado financeiro internacional fica claro que a posição defendida pelos economistas da Globo era, na verdade, a receita do desastre.

É ilustrativo este artigo de Sardenberg publicado em abril de 2007:

"A semana termina na euforia, com recordes de alta nas bolsas de valores de todo o mundo. Farra dos mercados?

Não. A verdade é que, descontada uma turbulência aqui, outra ali, a economia mundial segue em marcha de sólido crescimento. Sólido porque não é nenhuma bolha financeira. Ao contrário, está baseado em aumento da produção e do consumo em todas as regiões do mundo.

Nos países emergentes, em geral, na Ásia em particular, a produção cresce. E encontra consumidores nos países mais ricos, especialmente nos Estados Unidos. Há multiplicação de investimentos produtivos, na economia real, por toda parte.

Mesmo a África, sempre atrasada, se beneficia, por exemplo, com o desenvolvimento de campos de petróleo e gás. Cresce o consumo de alimentos, coisa, aliás, que beneficia diretamente o Brasil, forte exportador.

As companhias multinacionais ganham dinheiro, reinvestem, abrem novos negócios, as ações se valorizam e segue a ciranda.

A verdade é que a economia globalizada, capitalista, está bombando, no exato momento em que muitos vizinhos aqui da América Latina voltam aos velhos modelos populistas alegando justamente a morte da globalização".

Fundema embarga obra de construtora no centro de Joinville

Sergio Sestrem
reportagemjoinville@gmail.com

Depois de uma tarde tumultuada, a Fundação Municipal do Meio Ambiente (Fundema) resolveu embargar, na última segunda-feira (23), o corte e a supressão de vegetação em uma área de morro localizada nos fundos da rua Otto Boehm, no centro da cidade.

O morro – coberto por vegetação nativa - estava sendo suprimido para dar lugar a um edifício residencial com 17 pavimentos. Segundo vizinhos da obra, a construtora, com sede em Curitiba, estaria desrespeitando os termos da autorização concedida pela fundação.

Moradores próximos ao local acusam a empresa de iniciar o corte da mata no feriadão de Carnaval para escapar da fiscalização por possíveis irregularidades. Eles alegam que houve a supressão de mais pés de palmitos do que o autorizado no laudo aprovado pela Fundema. A licença autoriza apenas 48 peças para corte.

Além disso, segundo os moradores, outras espécies nativas da Mata Atlântica, tais como canela branca, caúna congonha, cupiúva, guaçá de leite, licurana, tanheiro e jacatirão também estariam sendo ceifadas de forma irregular.

Por precaução, o presidente da Fundema, Marcos Schoenne, achou melhor suspender a autorização de corte para investigar se houve alguma irregularidade cometida pela construtora paranaense.

Medo de deslizamentos

O possível crime ambiental não é a única preocupação dos moradores que ficaram revoltados com a ação da empresa. Eles temem riscos de desmoronamento do morro caso as chuvas sejam mais intensas. Alguns relembram a tragédia recente ocorrida no Vale do Itajaí. “Se der uma chuva mais forte, todo morro pode vir abaixo”, alertou o professor de Ecologia, Fernando Manco.

Manco, que também leciona em escolas de Blumenau e viu a tragédia no Vale de perto, aponta também a degradação de rios como conseqüência da liberação da obra. “Com a terraplenagem do morro, muita terra vai correr, assoreando ainda mais o rio Mathias, que corta o terreno e desemboca no rio Cachoeira”, comentou.

Para o advogado Marco Schettert, “é flagrante o crime ambiental e as autoridades não podem ser coniventes com isso”. Ele planeja ajuizar uma medida cautelar para impedir que a empresa continue o desmatamento. “Se está tudo liberado, vamos questionar a liberação. Aqui parece que eles puseram a carroça na frente dos bois”, completou.

Advogado da empresa nega irregularidades

O advogado da construtora paranaense, Luiz Augusto Penteado de Oliveira, negou qualquer irregularidade no corte da mata. “Temos todos os documentos que comprovam que tudo está de acordo com o que foi autorizado pela licença”, explicou.

Mostrando-se contrariado com a pressão dos moradores que reclamavam do suposto crime ambiental, Penteado chegou a chamar a Policia Militar para garantir a continuidade dos trabalhos. Duas viaturas se dirigiram ao local e permaneceram por cerca de uma hora.

A confusão só chegou ao fim depois da chegada do presidente da Fundema, Marcos Schoenne, que determinou a paralisação dos trabalhos, até que não reste nenhuma dúvida quanto à quantidade de palmito extraída do local.

Restaurante Popular vai passar por reformas

Na segunda (23) e terça-feira (24) de carnaval, o Restaurante Popular vai permanecer fechado. Nestes dias, serão feitas reformas internas no espaço de produção e na estrutura da cobertura, além de serviços de alvenaria. A partir da quarta-feira (25), o local volta a funcionar normalmente das 11 às 14 horas. Após o feriado, estarão concluídas importantes etapas na reforma e segurança dos equipamentos.

Secretário da Fazenda reafirma rombo milionário na Prefeitura

Marcio Florêncio explicou que nada mudou em relação aos números divulgados no início do mês

SERGIO SESTREM
reportagemjoinville@gmail.com

Na primeira reunião do ano da Comissão de Finanças, Orçamento e Contas, da Câmara de Vereadores, ocorrida no último dia 17, o secretário da Fazenda, Marcio Florêncio, reafirmou o que já havia divulgado na entrevista coletiva do último dia 2 sobre a delicada situação das finanças deixadas pela gestão passada. "Até o momento, os números apresentados pouco mudaram". Florêncio confirmou que a dívida de R$ 65 milhões (empenhados pela gestão passada e não pagos) acrescida dos R$ 35 milhões (já liquidados) é verdadeira e retratava a realidade do momento em que foi divulgada.

Sentados à mesma mesa, o atual secretário, Marcio Florêncio, e o ex Nelson Corona, aparentemente, mantiveram um clima de cordialidade, mas os dois discordaram em vários pontos, entre eles o cancelamento de empenhos e as supostas receitas advindas do Estado via Prodec (R$ 2,6 milhões) e da venda da conta dos servidores para a Caixa Econômica Federal (R$ 5,9 milhões).

Florêncio lembrou que o cancelamento de empenhos não elimina a dívida da Prefeitura. Além disso, o atual secretário explicou que o manual do Tribunal de Contas do Estado (TCE) deixa dúvidas sobre esse tema. "A cartilha do Tribunal de Contas é lacônica quanto a isso. O próprio TCE falou que alguns empenhos não podem ser cancelados como imagina a gestão passada" explicou.

Sobre os créditos advindos do Prodec (veja explicação ao lado), Florêncio argumentou que o dinheiro não tem data certa para entrar nos cofres municipais, portanto, jamais poderia ter sido contabilizado como receita corrente [como fez o ex-secretário] uma vez que o Estado recorreu da decisão do TJ que havia determinado a regularização do pagamento dos créditos atrasados aos municípios.

Corona se agarra em situação de emergência

Para o ex-secretário da Fazenda Nelson Corona, muitas das dívidas da gestão passada foram contraídas em decorrência das cheias que atingiram a cidade nos meses de novembro e dezembro, quando o ex-prefeito Marco Tebaldi decretou situação de emergência no município. Ele afirmou que o TCE estaria ciente da situação e que isso seria motivo de análise por parte do órgão. "Os técnicos do Tribunal de Contas estiveram em Joinville e disseram que iam dar um tratamento diferenciado aos municípios que decretaram situação de emergência ou estado de calamidade pública", afirmou Corona.

Em nenhum momento Corona questionou os números divulgados por Florêncio, apenas afirmou que somente após o fechamento do balanço é que vai ser constatado se houve déficit ou superávit nas contas da Prefeitura. O ex-secretário acredita que até lá a realidade seja outra. "O definitivo só será conhecido quando o balanço estiver fechado. Somente o TCE poderá emitir parecer pela aprovação (com ou sem ressalvas) ou reprovação", lembrou.

Sistema não aceita dados inconsistentes

O atraso na produção do balanço, segundo o vice-presidente da Aporte, Herlon Acosta, convidado para reunião, se deu pela rigidez do sistema, que não recebe dados inconsistentes. "Muitas informações lançadas no sistema não tinham qualidade, por isso não eram aceitos", lembrou Acosta, razão pela qual os balancetes dos bimestres de setembro-outubro e novembro-dezembro ainda não foram concluídos.

Sobre a operacionalidade do sistema, Acosta garantiu que a "ferramenta" trabalha de forma "amarrada". "Uma ação determina a outra", informou.

Até o dia 28 de fevereiro, técnicos da Unidade de Contabilidade da Secretaria da Fazenda trabalham em regime de hora extra para contabilizar os números da gestão do ex-prefeito Marco Tebaldi.

Segundo o secretário Marcio Florêncio, o feriado de Carnaval pode atrapalhar o andamento dos trabalhos. Ele espera postar o balanço para o Tribunal de Contas até as 17 horas do dia 2 de março. Até lá, os trabalhos serão acompanhados também pelo ex-secretário Nelson Corona, que assinará o balanço, juntamente com o ex-prefeito Marco Tebaldi.

Entenda o caso

Dezembro 2008: Ex-prefeito Tebaldi não fecha o balanço referente ao último ano de sua gestão.
Janeiro 2009: Sem ter os dados sobre a realidade financeira do município, o prefeito Carlito Merss governa no escuro. O atraso no fechamento do balanço implica em restrições de repasses dos governos federal e estadual. Carlito pede mais prazo ao Tribunal de Contas do Estado para que os técnicos da Fazenda concluam o balanço.

30 de janeiro: Relatórios dos quinto e sexto bimestres de 2008 retornam à Unidade de Contabilidade da Prefeitura por inconsistência de dados. TCE dá 60 dias de prazo para a entrega dos documentos.

02 fevereiro: Técnicos da Prefeitura entregam os números preliminares do exercício de 2008. Em coletiva, secretário da Fazenda anuncia um rombo de R$ 65 milhões em empenhos não pagos. Cerca de R$ 35 milhões em empenhos são liquidados.

17 de fevereiro: Comissão de Finanças da Câmara reúne o secretário da Fazenda Marcio Florêncio, o ex- Nelson Corona, o ex-contador da prefeitura José Marcos de Souza e o vice-presidente da Aporte, Herlon Acosta. Na ocasião, o atual secretário reafirma um rombo de R$ 65 milhões deixado pela gestão do ex-prefeito Marco Tebaldi.

O que é o Prodec (Programa de Desenvolvimento da Empresa Catarinense) - Estado se nega a pagar o repasse dos 25% do ICMS aos municípios que possuem empresas exportadoras e que aderiram ao programa. Mas mesmo assim, o ex-secretário Nelson Corona contabilizou R$ 2,6 milhões como se fossem recursos certos que entrariam nos cofres da prefeitura nesse início do ano.

Frente a frente com o fenômeno de Abadiânia

por Windson Prado •
Enviado especial à Abadiânia (GO)


Abadiânia, pequena cidade goiana de pouco mais de 10 mil habitantes, nem rodoviária possui, a parada fica às margens da rodovia BR 060, mas mesmo assim o município recebe uma multidão de pessoas diariamente, que buscam a cura pelas mãos de seu mais ilustre morador, João Teixeira Soares, mais conhecido como médium João de Deus.

Nas ruas de terra vermelha, o cheiro de mato é característico. Todos os caminhos levam a um só lugar: um casarão conhecido como Casa Dom Inácio de Loyola. O local é uma espécie de hospital espírita, criado pelo médium.

Para os desavisados, os idiomas dos letreiros comerciais – em sua maioria em inglês – nos dão a impressão de estarmos em uma típica vila de imigrantes britânicos. O povo que anda pelas ruas também ajuda a compor essa ilusão. Mas não trata-se de uma colônia. Na verdade, são pessoas de várias partes do mundo que vêm à cidade atraídos pela fama do médium e seus dons de cura.
No mar de gente que toma conta das ruas da pequena cidade, a confusão de línguas justificava a sinalização internacional. No meio de toda aquela gente, alguns falavam espanhol, outros inglês, e alguns se comunicavam em italiano. Um grupo grego também conversava no local.

Definitivamente, a língua portuguesa era a minoria.

Junto com os primeiros raios de sol, uma legião de pessoas com vestes brancas formam um grande lençol branco. Todos eles tinham um só destino: a "enfermaria do céu", como é conhecido o casarão.

Primeiras impressões
Ao entrar no casarão, na manha da última quinta-feira (12), não demorou muito para que o salão ficasse completamente lotado. Pessoas das mais diversas origens e classes sociais aguardavam silenciosamente o início dos trabalhos. Um homem com roupas brancas subiu em um tablado, meditou um pouco, foi até o triângulo de madeira, e olhou a multidão.

O início dos trabalhos
O homem fez uma pequena oração, em seguida deu as boas-vindas a todos e falou sobre o funcionamento das atividades. As pessoas foram previamente divididas em grupos. Cada um possuía uma ficha sem numeração, com quatro classificações: "1ª vez", "2ª vez", "revisão", e "oito horas". Também havia no local um grupo intitulado de "cirurgia", mas este não tinha fichas.
O homem permanecia no palco explicando os procedimentos e dizia que o médium João de Deus iria atender a todos. Os visitantes foram chamados em grupos, se organizando em filas. O voluntário falou: "Vamos formar a fila de quem veio para a cirurgia".

As pessoas iam se encaixando uma a uma na fila que se formava à frente da porta do meio do grande salão. Muitos cadeirantes estavam ali. As pessoas iam entrando na fila aleatoriamente, sem nenhum sinal de pressa ou receio.

Finalmente quando os visitantes de 1ª vez foram chamados, entrei na fila.

Fomos orientados a não fechar os olhos e a não cruzar os braços. Sob forte emoção, algumas pessoas passaram mal e foram rapidamente levadas à enfermaria.

A poucos passos de João de Deus

No mínimo 150 pessoas estavam sentadas em uma sala ao lado, todas de branco em estado de meditação. A fila passava pela sala e virava à esquerda, mais alguns passos, e lá estava sentado o médium conhecido por João de Deus.

No primeiro contato com o médium, informei que faria uma reportagem. Já em transe, ele sorriu e disse que já tinha conhecimento do fato. Rabiscou algumas anotações em um pedaço de papel e pediu para voltar na parte da tarde.

O relato cirúrgico

No início da tarde, os voluntários chamam as pessoas, primeiro foram chamados aqueles que seriam "operados". Passando pela sala da "corrente", eles eram conduzidos à sala de "passe", enquanto eram preparados para a cirurgia, na sua maioria espirituais, (sem cortes), outros eram orientados a sentar, fechar os olhos, e se concentrar em coisas boas. Incorporado por uma entidade conhecida por Dr. Augusto, o médium João de Deus, autorizou a imprensa a acompanhar as cirurgias.

Ele começou a operar duas pessoas que ficaram em pé na na sua frente. A entidade conversava simultaneamente com mais duas pessoas que estavam fotografando e filmando a cirurgia. "A maioria das cirurgias são espirituais, mas tem alguns casos que as pessoas só acreditam que estão curadas se houver corte", explicou o médium incorporado. Ele continuou a intervenção e abriu uma pequena incisão no abdômen de uma mulher loira com aproximadamente 25 anos. O corte quase não sangrou. Ele mexeu bastante na área e afirmou: "Tá vendo, essa mulher tinha um hérnia, agora ela está curada".

Durante todo o processo, a mulher ficou consciente. No momento da sutura, ela sequer reclamou de algum tipo de dor.

Quem é o médium João de Deus

Na entrevista, João de Deus fez questão de deixar bem claro que ele não cura ninguém, e atribui seus dons a Deus. "Eu sou apenas um mediador dessas curas", adianta. Criei a casa para fazer o bem. Milhares de pessoas passam por aqui em busca de cura, em busca de equilíbrio espiritual, a maioria das pessoas vem pela dor, mas alguns vêm pelo amor. Elas vêm por livre arbítrio por reconhecerem o trabalho que realizamos, elas sabem que aqui a coisa é séria", destaca.

Aos 66 anos, a mediunidade de João Teixeira Soares aflorou muito cedo, quando ele tinha apenas nove anos. Nessa época, João vivia na cidade de Itapaci (GO) com a mãe e mais quatro irmãos, todos mais velhos.

Uma das primeiras manifestações da mediunidade de garoto aconteceu próximo a Itapaci, quando ele e a mãe estavam em uma vila e João a teria alertado para que se protegessem o mais rápido possível porque uma grande tempestade estava a caminho. "A mãe teria olhado para o céu, que estava limpo e sem nuvens, por isso, não levou muito a sério o que João disse. Assim mesmo, ela se teria se dirigido a casa de um conhecido. Pouco tempo depois, um forte temporal devastou um quarto da vila", conta.

Vindo de uma família humilde, João abandonou os estudos ainda na segunda série primária. Diante das dificuldades, o garoto, aos 14 anos foi para a cidade de Campo Grande (MS) em busca de trabalho. Não conseguindo emprego, o jovem teria passado fome. Ao se sentar perto de um rio, João viu uma luz, e ouviu uma voz lhe pedia para que procurasse um centro espírita.

Lá chegando, foi recebido à porta pelo presidente do centro, que disse já estar esperando por ele. João se aproximou e subitamente desmaiou. "Ao acordar, ficou sabendo que, incorporado, havia operado e atendido a dezenas de pessoas. Desde então, não parou mais de realizar trabalhos de cura. Aproximadamente 10 milhões de pessoas já foram curadas de várias doenças ", conta o colaborador Hamilton Pereira.

O médium já perdeu a conta de quantas vezes foi acusado e preso acusado de prática ilegal da medicina. Hoje, ele atende a um sem número de médicos, juízes, delegados e advogados.

"Senti que já estava curado"

Aos 60 anos o professor, esportista, advogado e ex-militar José Severino da Silva recupera-se de uma isquemia cerebral que tirou seus movimentos. A provação não foi suficiente para abalar a sua fé. Silva se deslocou de Jataí (GO) até Abadiânia em busca da cura pelas mãos do médium João de Deus. Com voz mansa e um olhar cheio de esperança, ele comentou emocionado: "Faz menos de um mês que meu lado esquerdo foi totalmente paralisado. Senti que deveria vir aqui", afirmou.

José consultou com o médium no período da manhã. "Foi uma experiência muito interessante", diz o homem com uma indisfarçável sensação de alívio. "Eu não esperava que ele marcasse uma cirurgia para mim. Ao passar por ele, eu senti uma coisa diferente. Eu fiquei chocado porque não disse o que eu tinha, e, mesmo assim, ele me diagnosticou corretamente", falou.

"Ele não conhecia o resultado dos meus exames, mas disse tudo, de forma correta. Agora estou ansioso para a cirurgia que vou realizar nessa tarde", desabafou o aposentado visivelmente comovido.

Já na parte da tarde ao deixar a sala, a felicidade era perceptível. Ele relata que fez a cirurgia foi espiritual sem incisões. "Quando saí da cirurgia eu já estava diferente, senti que já estava curado". Impressionantemente, o aposentado mexia timidamente as mãos e os pés, coisa que ele não fazia antes. "Sei que a recuperação é lenta, mas já estou mexendo meus dedos. Esse homem tem muito poder". Nesse instante as lágrimas caíram de seu rosto e do filho que o conduzia na cadeira de rodas.

Cura que desafia a medicina

Com um diagnóstico que mais parecia uma sentença de morte, recebido por um médico, em 1997, em decorrência de um câncer na boca, a paulistana Maria Aparecida Afonso, de 49 anos, sorri ao afirmar já se completam 12 anos quando aceitou sair da capital paulista a pedido do médium João de Deus. "O médico tradicional me deu apenas um mês de vida, meu estado era muito grave", relembra. "Já estava desenganada pelos médicos, sentia muita dor, sem saber o que fazer. Uma amiga me contou sobre as curas de um médium chamado João de Deus, decidi procurá-lo na esperança de ser curada. O médium fez uma cirurgia em mim. Ele disse que ia me curar. Eu acreditei e me curei. Vinha freqüentemente de São Paulo para cá".

"As idas e vindas eram freqüentes, até que um dia João de Deus pediu que eu viesse morar para cá. Eu vim e hoje estou curada, ainda estou em tratamento, mas o câncer se foi", comenta.

Federação Catarinense de Espiritismo vê atuação de João de Deus com ressalvas

O presidente da Federação Catarinense de Espiritismo, Olenyr Teixeira, conhece os trabalhos realizados pelo médium João de Deus. Segundo ele, os médiuns que trabalham com cirurgias eram muito comuns no passado, quando havia a necessidade de disseminar as práticas espirituais. Atualmente, esses trabalhos continuam ocorrendo, porém, com menos freqüência.

A única ressalva do presidente da entidade catarinense é quanto à cobrança realizada pelo médium João de Deus a alguns pacientes. "Nós sabemos que muita gente alega que essas pequenas cobranças são destinadas a manutenção das casas espirituais. No entanto, o Evangelho Espírita, no capítulo 26, é intitulado ‘Dar de Graça o que de graça receber’ ou seja, não se pode cobrar um trabalho pelo dom. Todavia, temos que ter cuidado para que a situação não se torne um comércio em cima da fé", enaltece.

"Acho que João de Teixeira de Faria é um dos poucos que ainda estão destinados a atuar dessa maneira, e mais uma vez, eu falo, que a sociedade espírita concorda com o médium quando ele fala que quem cura não é ele, e mais do que a cura, o que tem de ter em mente a doutrina, para que possamos perceber o porquê de estarmos diante dessas enfermidades" finaliza.

Quem quiser se inteirar mais sobre a doutrina ou curas espirituais pode obter mais informações num dos sete centros credenciados à federação na cidade. O mais central deles fica na rua Paraná, 77. O horário de atendimento é de domingo à quinta-feira, sempre a partir das 20 horas. Mais informações pelo telefone (47) 3433-2466.

EDITORIAL: Planilhas na rede

A planilha do transporte coletivo em Joinville sempre foi uma verdadeira "caixa-preta", e os recorrentes aumentos na tarifa cercados de mistérios, acertados entre quatro paredes na penumbra de um gabinete e impostos à população com explicações simplórias, superficiais e lacônicas. A intenção de quem deixou o poder nunca foi dar transparência aos números.

Não precisava: as empresas de transporte coletivo pediam um percentual nas alturas, o prefeito concedia um índice um pouco menor e os radialistas batiam palmas propagando que o gesto correspondia ao que o povo aspirava. Tudo teatro.

Nas últimas semanas, enquanto o prefeito Carlito Merss ainda esquentava a cadeira de seu gabinete, uma mal disfarçada campanha publicitária veiculada pelas emissoras de rádio tentava impor o aumento de 12% pretendido pelas empresas. A intenção era forçar uma pauta que sequer estava sendo cogitada pelo prefeito.

Mas, o tiro saiu pela culatra. Carlito inovou publicando na internet a planilha apresentada pelas empresas, expondo ao público o que antes ficava restrito aos gabinetes. Com as contribuições neste debate, finalmente vamos saber se os níveis de consumo de combustíveis estão dentro dos padrões, se as empresas consideram nos custos a recapagem dos pneus e se a receita com publicidade amealhada com os chamados "busdoor" concorrem em favor do usuário.

Com os técnicos da Seinfra, vamos finalmente saber quanto os corredores exclusivos, a extinção dos "Pega-Fácil" e a transferência para a Prefeitura da manutenção das estações da cidadania diminuíram os custos.

A tática de Carlito, em dar transparência às planilhas, esvazia a pretensão dos donos das empresas de ônibus que se acostumaram a impor os números sem discussões com o poder público.

TSE retoma julgamento de cassação de Luiz Henrique

Sem poder mais protelar julgamento, governador se vê na iminência de ter seu mandato cassado

SERGIO SESTREM
reportagemjoinville@gmail.com

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) voltou à carga esta semana e, se depender dos resultados das votações da última terça-feira, o governador Luiz Henrique da Silveira (PMDB) e seu vice Leonel Pavan (PSDB) têm motivos de sobra para começar a se preocupar com suas iminentes degolas, depois da votação contundente que cassou o mandato do governador da Paraíba, Cássio Cunha Lima (PSDB) e seu vice José Lacerda Neto (DEM).

Cássio é acusado de compra de votos e abuso de poder econômico. Ele já havia sido cassado pelo tribunal em 2008, mas entrou com embargos à decisão da corte. Esta semana, por unanimidade, o pedido foi indeferido e ele e seu vice foram afastados do cargo. Resta agora ao governador cassado apelar ao Supremo Tribunal Federal.

Na lista de julgamento da mais alta corte eleitoral do país, figuram ainda mais sete governadores acusados dos mais diversos crimes entre abuso de poder econômico, abuso de poder político, abuso de autoridade, corrupção, fraude entre outros.

Há exatamente um ano, o Recurso Contra Expedição de Diploma nº 703 em desfavor do governador Luiz Henrique da Silveira entrou na pauta do TSE. Quando faltava apenas um voto para cassação (o placar já estava em 3 X 0), uma manobra do ex-presidente Marco Aurélio Mello quebrou jurisprudência antiga e incluiu o vice Leonel Pavan no processo para que ele pudesse se defender.

O processo deveria ser retomado em setembro do ano passado, chegou a ser enviado para a preparação de sessões pelo relator Felix Fisher, porém, a poucos minutos de entrar em votação, processo foi retirado da pauta de votação.

Na ação, o peemedebista Luiz Henrique é acusado de crime eleitoral no pleito de 2006. O TSE vai julgar o governador catarinense dentro de poucos dias. Ele responde o processo em três acusações: abuso de poder político, abuso de poder econômico e uso indevido de meio de comunicação.

Escândalo do móveis: Walkiria Lennert é indiciada pela polícia

O processo que tramitava no TRE-SC agora também está
sobre a mesa da Justiça comum.

O escândalo dos móveis desviados em junho do ano passado para a "mansão-comitê" do então candidato à Prefeitura de Joinville, Darci de Matos (DEM), ganhou novos desdobramentos. O processo que tramitava no Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina (TRE-SC) agora também está sobre a mesa da Justiça comum, mais precisamente na 2ª Vara Criminal de Joinville. A primeira a ser indiciada foi a ex-gerente da Unidade Administrativa da Secretaria de Educação, Walkiria Lídia Lennert.

No ano passado, após a Gazeta de Joinville ter denunciado a entrega dos móveis do município no comitê de Darci de Matos, a Justiça determinou um inquérito policial para apurar o desvio dos bens públicos para o escritório do deputado-candidato. O delegado Laurito Akira Sato, responsável pelo inquérito, entregou o caderno investigatório com sua conclusão à Justiça no último dia 10. O delegado ouviu sete pessoas envolvidas no suposto crime. Para Akira, os fatos apurados na investigação apontam para a culpa de Walkiria.

Segundo o delegado, a conduta da ex-gerente se coaduna com o artigo 312 do código Penal Brasileiro que tipifica a operação de Lennert da seguinte forma. "Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa". Diante disso, Akira decidiu pelo indiciamento. "Ante o exposto, concluo o presente feito com o formal indiciamento de Walkiria Lídia Lennert".

Entretanto, o deputado Darci de Matos, que tem foro privilegiado, ainda não foi indiciado, mas, o promotor Assis Marciel Kretzer, da 13ª promotoria, não descarta a possibilidade de remeter a denúncia para a Procuradoria Geral de Justiça de Santa Catarina.

Walkiria e Darci de Matos são condenados

Walkiria Lennert e Darci de Matos já haviam sido condenados pela Justiça Eleitoral ao pagamento de multa no valor de R$ 10 mil cada um. Na tentativa de aliviar o bolso, a dupla entrou com um recurso especial no TRE-SC, porém, no dia 10 de dezembro de 2008, o desembargador Souza Varella negou o seguimento do recurso ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e manteve a decisão. Na época, Darci e Walkiria foram enquadrados no artigo 73 parágrafos 4 e 8, que trata das proibições aos agentes públicos, servidores ou não, de condutas que possam afetar a igualdade de oportunidades entre candidatos nas eleições.

Para você lembrar

No dia 24 de junho de 2008, em plena luz do dia, funcionários públicos, usando um veículo locado pelo município, retiraram os móveis (que deveriam estar equipando creches e escolas do município) do almoxarifado da Secretaria, na rua Max Colin, antiga sede da Prefeitura, e descarregaram tudo no comitê eleitoral de Darci de Matos (DEM).

Walkiria Lídia Lennert, na tentativa de minimizar o grave crime eleitoral assumiu para si a iniciativa daquilo que classificou como um mero erro.

Ana Lori Baade Dias, a responsável pelo almoxarifado da Secretaria Municipal de Educação, por telefone confirmou que os móveis realmente saíram do almoxarifado da Secretaria, e foram entregues no comitê de Darci de Matos.

O empresário Ivo Koentopp, ao saber que os móveis que sua empresa doou para melhorar o nível do ensino público foram enviados para servir como mesa de negociação de campanha eleitoral ficou estarrecido. "Vocês estão brincando comigo. Não é possível." A indignação do empresário refletiu também o sentimento do joinvilense que viu a utilização de uma estrutura que deveria atender a sociedade a serviço do candidato do prefeito.

Professor Sylvio diz que Tebaldi cortou dinheiro da Educação

Em documento, ex-secretário afirma que saiu da Prefeitura com uma ‘amarga frustração’

Sergio Sestrem
reportagemjoinville@gmail.com

Depois de mais de uma década ininterrupta de gestão pública, o último ano do professor Sylvio Sniecicovski à frente da Secretaria Municipal de Educação não poderia ter terminado de forma mais "frustrante", segundo ele mesmo admite.

Decepcionado com o corte de verbas determinado pelo então prefeito Marco Tebaldi, em dezembro passado Sniecicovski redigiu um contundente ofício endereçado ao então prefeito, protestando contra o descaso "daqueles que administram os recursos financeiros".

Porém, os apelos do professor Sylvio em nada sensibilizaram o tucano. Nos últimos meses do governo Tebaldi, a educação desandou: nunca houve tantas escolas municipais sucateadas como antes, somente em dezembro 27 unidades escolares foram autuadas e três escolas interditadas pela Vigilância Sanitária.

Além disso, Sniecicovski aponta que o corte de recursos também foi responsável pelo atraso na construção de quatro novas escolas. Elas deveriam ter sido entregues em dezembro passado, mas serão concluídas somente este ano.

No ofício n. 496-GAB, datado de 3 de dezembro de 2008, o professor Sylvio já externava sua indignação ao ex-prefeito, criticando a falta de liberação de recursos financeiros: "Senhor prefeito: submeto a sua apreciação, relatório [...] que demonstra o descaso recebido pela Secretaria de Educação por parte dos órgãos da Prefeitura Municipal de Joinville que administram os recursos financeiros".


"É profundamente lamentável que, no encerramento de uma jornada de trabalho
[...], o sentimento dominante seja o de uma amarga frustração, decorrente da não
realização de metas, todas perfeitamente exequíveis nos prazos previstos"


Ex-secretário fez questão de registrar sua indignação

Em certo trecho do documento, o professor se diz frustrado por não poder entregar ao seu substituto as obras que poderiam ter sido concluídas ano passado. "É profundamente lamentável que, no encerramento de uma jornada de trabalho [...], o sentimento dominante seja o de uma amarga frustração, decorrente da não realização de metas, todas perfeitamente exequíveis nos prazos previstos, não fossem os impedimentos, os embaraços, determinados por esses órgãos controladores de recursos financeiros da PMJ [...]."

O ex-secretário Sylvio Sniecicovski deixa bem claro no documento que as chuvas que caíram nos meses de novembro e dezembro não podem ser utilizadas como pretexto para o ex-prefeito se esquivar de suas responsabilidades. "Elas [as chuvas] são menos expressivas do que os fatos já comentados", critica.

Segundo Sniecicovski, o documento assinado por ele e endereçado aos então secretários da Fazenda, Nelson Corona, da Administração, Silvio Emerin, e ao então prefeito Tebaldi tinham o propósito de deixar "registrado o protesto" da Secretaria de Educação.

Secretário e servidores foram ignorados

No documento intitulado "Informação n. 012/2008", anexado ao "Ofício n. 496-GAB", técnicos da Secretaria da Educação também fizeram coro ao apelo do ex-secretário municipal da Educação Sylvio Sniecicovski. No o ofício, eles relataram que já elaboraram vários relatórios, participaram de várias reuniões no Gabinete do prefeito, na Secretaria da Fazenda e na Secretaria de Planejamento durante todo o ano de 2008. Os servidores da Educação desabafam afirmando que se sentiam "prejudicados em dar um atendimento satisfatório aos nossos 61.132 alunos da Rede Municipal de Ensino".

Por mais paradoxal que seja, não era por falta de dinheiro que a Prefeitura resolveu cortar as verbas da Secretaria de Educação. No documento, os técnicos ressaltam que a Secretaria Municipal de Educação encerrou o ano com recursos de convênios em caixa e, "apesar de ter emitido as requisições, os processos não tiveram o devido encaminhamento na contabilidade que centralizou as reservas orçamentárias, não liberando em tempo hábil para a licitação, tendo como justificativa os problemas no sistema de informática".

No documento, de conhecimento do ex-prefeito Tebaldi, os servidores ainda demonstravam preocupação com licitações que deveriam acontecer ainda em 2008, para atendimento do início do ano letivo de 2009.

Desconto de 12% no IPTU vai até amanhã

O prazo é segunda-feira, dia 16, para quem quiser aproveitar o desconto de 12% no pagamento do IPTU à vista. Para quem optar pelo parcelamento, também será o dia para quitar a primeira parcela. Não é necessário se deslocar até a prefeitura para o pagamento ou retirada do carnê, caso não tenha sido entregue pelo correio.

Estão aptos a receber o Banco do Brasil, Besc, Bradesco, Caixa Econômica Federal ou Lotéricas, Coopercred, Itaú, Sicredi e Unibanco. A segunda via do carnê pode ser impressa diretamente da internet, acessando o site da prefeitura: www.joinville.sc.gov.br. O link IPTU está localizado na coluna à esquerda da página.

Quem não tiver acesso à internet, deve procurar, preferencialmente, a Secretaria Regional mais próxima de sua residência. Também será solicitado o número da inscrição imobiliária. A segunda parcela irá vencer no dia 16 de março, e dará direito a desconto de 5% no pagamento em uma só vez, e é a última data para pedido de revisão do valor ou de isenção.

Nos meses seguintes, o pagamento será no dia 15 ou no dia útil seguinte, quando cair em finais de semana ou feriados.

EDITORIAL: Nem a Educação escapou

A gestão do ex-prefeito Marco Antônio Tebaldi (PSDB) definitivamente pode ser comparada a uma grave enfermidade. Pústulas de irregularidades continuam a despontar praticamente em todos os setores de sua administração, mostrando o grau de contaminação deixado pelo tucano.
Na área da Saúde, Tebaldi experimentou cinco diferentes secretários, sendo que um deles foi preso em casa com um saco de dinheiro. Na Fundação de Esportes, documentos escondidos em uma lixeira revelaram um esquema de fraude no governo que levou o Ministério Público a pedir a prisão do ex-presidente Jair Raul da Costa, conhecido como Bujica.

Nos últimos dias, veio à tona o rombo de R$ 65 milhões empenhados pelo governo Tebaldi sem a devida dotação orçamentária. Também recursos alardeados para o projeto do Eixo norte-sul não passaram de falácia, já que o financiamento não tinha sido liberado pela Caixa Econômica Federal.

Agora surgem novas evidências de irregularidades também na área da Educação. Em ofício enviado pelo professor Sylvio Sniecicovski, ex-secretário municipal de Educação, em 3/12/2008, endereçado a Marco Tebaldi e outros secretários, fica claro o descontrole da gestão tucana. "É profundamente lamentável que, no encerramento de uma jornada de trabalho, o sentimento dominante seja o de uma amarga frustração decorrente da não realização de metas".

No desabafo sobre sua frustração, o ex-secretário afirma que quatro escolas poderiam ter sido concluídas nos prazos previstos, não fossem os impedimentos, os embaraços, determinados pelos órgãos controladores de recursos financeiros da PMJ".

Em outro trecho do documento, o professor desmente as desculpas de Tebaldi: "É evidente que as chuvas intensas têm parcela de contribuição negativa nesse quadro. Contudo menos expressivas do que os fatos já comentados", conclui o professor Sylvio Sniecicovski.

O reflexo desses desmandos aparece agora, no início do ano letivo, onde 1.800 crianças da rede municipal de Joinville terão que frequentar novamente o fatídico o turno intermediario.

PONTO DE VISTA: Xô, terrorismo midiático! Empresário, proteja-se

Por Mauro Carrara

Numa época de crise internacional, desenvolve-se hoje, claramente, no Brasil uma campanha de extinção da confiança e de destruição da economia nacional. Por motivos políticos, as grandes empresas jornalísticas utilizam a desinformação, a fragmentação, a descontextualização e a amplificação imprópria para semear a desconfiança e pulverizar a confiança do brasileiro.

Um terrorista que carrega no cinto uma fieira de bombas pode matar 20, 30, quem sabe 200 pessoas. O terrorista munido de letras infectadas, entretanto, maquiavelicamente destrói milhares de negócios e empreendimentos. Ele leva à falência seu principal fornecedor, afugenta seu parceiro estratégico e, principalmente, espanta seu cliente.

Por trás dos grandes jornais e revistas, instala-se hoje o pior e mais covarde terrorista. Ele instaura o medo, e assim paralisa máquinas, interrompe projetos e baixa as portas do comércio. Ele deturpa, recorta, oculta, edita e espetaculariza a crise internacional. Sua guerra é "biológica". Ele tenta contaminar a tudo e a todos com a desconfiança. Este é o pior terrorista, o que joga contra você e contra o seu negócio.

Esta tem sido justamente a prática de profissionais lotados nas redações das principais empresas jornalísticas do Rio de Janeiro e de São Paulo, distribuidores de "notícias" para o resto da mídia nacional.

Bombardeio diário Os sites desses veículos de comunicação têm realizado um bombardeio diário de informações negativas, destinadas a disseminar e ampliar o pessimismo entre os brasileiros.
Perceba: cada número é minuciosamente estudado para que a manchete promova receio e apreensão.

Os terroristas midiáticos tentam parar o Brasil para construir um argumento de contestação política. Ainda que nosso país tenha se mostrado capaz de enfrentar os efeitos da crise internacional, a imprensa brasileira abusa da auxese. Faz com que o cenário pareça muito pior aqui do que lá fora. A comparação entre sites jornalísticos brasileiros, norte-americanos e europeus é estupefaciente.

Faz parecer que a crise é mais destrutiva aqui do que lá.
Ameaça e antídoto O terrorista midiático cria, portanto, um processo de paranóia coletiva, que pouco a pouco, em efeito dominó, derruba o complexo sistema de trocas econômicas. Em nome de objetivos egoístas e mesquinhos, politicamente particulares, a mídia terrorista está sufocando seu mercado, destruindo seu negócio e assassinando o seu sonho.

O terrorista midiático nunca tem nada a perder. Mercenário de carteira assinada ou free-lancer, ele está sempre seguro. E frequentemente seus atos de sabotagem lhe rendem generosíssimas gratificações. Em suas linhas de retaguarda, alinham-se os cavaleiros do apocalipse, como os publicitários nizânicos e certa malta de economistas uspeanos. Estes últimos, em suas pavoneações de rádio, atemorizam sistematicamente o cidadão.

-- Não comprem. Não comprem. Não gastem dinheiro algum – ordenam, do alto da cátedra. Essa, pois, é a receita para que o próprio cidadão, mais à frente, perca o emprego.
E é nessa perversa reação em cadeia que o terrorista midiático aposta todos os dias. Ele conspira para destruir seu negócio, para roubar o emprego de seus clientes e consumidores. Enfim, ele pretende criar dificuldades para você e para sua família.

Xô, terrorismo! Não deixe a crise entrar na sua empresa nem na sua casa.

Mauro Carrara é jornalista e consultor internacional em assuntos de cooperação econômica estratégica.


Trechos extraído de artigo sob o mesmo título publicado no blog do jornalista Luiz Carlos Azenha no dia 6/2/2009

Quem é "João de Deus" ou "John of God"

O jornal Gazeta de Joinville já está na cidade goiana de Abadiânia para produzir uma reportagem especial sobre o fenômeno conhecido por "João de Deus" e as curas a ele atribuídas por meio de intervenção de cirurgia espiritual.

Os fatos observados sob um olhar crítico – porém despido de preconceito – mostrarão a realidade da pequena cidade goiana, que recebe uma horda de milhares de pessoas diariamente, das quais cerca de oitocentas são selecionadas por dia para serem operadas pelo médium.
Pela fama que já rompeu fronteiras e pelo espantoso número de 10 milhões de pessoas atendidas até hoje, o médium "João de Deus", já está sendo considerado por muitos o sucessor de Chico Xavier.

No exterior, "João de Deus" é conhecido há muito mais tempo do que no próprio país onde reside. Na Europa, sua popularidade aumentou ainda mais depois que um grupo de cineastas alemães produziu um documentário retratando as sessões de cura do médium brasileiro.
Na pequena cidade de Abadiânia, destacada pela mídia como uma ‘grande enfermaria a céu aberto’, é comum encontrar pessoas das mais diversas nacionalidades, famosos, anônimos, muitos cadeirantes, que vêm em busca de tratamento espiritual, gente de todas as idades e profissões, que buscam pelas mãos do médium a cura para algumas doenças que a "ciência" ainda não conseguiu encontrar.

Acompanhe, com exclusividade a reportagem completa na próxima edição impressa da Gazeta.


Folha de S. Paulo, Época, Galileu e muitas outras já falaram sobre João de Deus

Artigo publicado na semana passada na Folha de S. Paulo:

"Certas manifestações não se questionam, cabe apenas vivenciá-las"
por Barbara Gancia •

Até a semana passada, nunca tinha ouvido falar em João de Deus.

Mas no último domingo fui almoçar na casa de um amigo e acabei saindo de lá decidida a ir até Abadiânia (GO) para conhecer o trabalho do homem que é considerado o sucessor de Chico Xavier.

Luiz Pastore, o amigo que ofereceu o almoço, vem a ser a mesma pessoa que hospedou, no fim do ano, em Paraty (RJ), Christian Martin Wölffer, 70, o empresário alemão que morreu depois de ser atropelado por uma embarcação. Saiu em todos os jornais e telejornais, e até agora a polícia não identificou o responsável pelo acidente.

Quando veio recuperar o corpo do pai para levá-lo de volta aos EUA, a filha de Christian Wölffer passou uns dias na casa de Luiz. E deu a ele o DVD de um documentário realizado no Brasil, que ela ajudou a produzir, intitulado "John of God".

João de Deus é um médium espírita que realiza "cirurgias espirituais" na mesma linha de Zé Arigó, que nos anos 60 ficou famoso por "incorporar" o "doutor Fritz". E, como Luiz sofre de um sério problema no quadril que o faz padecer de dores constantes, resolvemos interpretar a sincronicidade dos fatos como uma espécie de chamamento.

Formamos um grupo de quatro pessoas com Luiz, um funcionário dele que está com câncer na medula, o cineasta Bruno Barreto, que foi de curioso, e eu, que entrei na história por conta de uma doença na família.

Chegamos à pequena Abadiânia, localizada a 115 km de Brasília, na tarde de terça-feira. Não imaginava que um povoado com cerca de 10 mil habitantes nos cafundós de Goiás pudesse ser um destino internacional tão requisitado.

A cidade, que mais parece uma grande enfermaria, gira em torno da Casa D. Inácio de Loyola, onde são realizadas as "cirurgias" em cerca de 800 pessoas ao dia. De cada cinco visitantes que andam pela rua, dois se locomovem de cadeira de rodas. E ao menos quatro são estrangeiros.

Para acomodar essa clientela, os cartazes do comércio de Abadiânia são escritos em inglês e há uma profusão de tradutores trabalhando na cidade, que é toda equipada por rampas de acesso para deficientes.

Na quarta-feira, antes de o sol raiar, nós já estávamos na casa, eu com a foto do meu familiar embaixo do braço e Bruno com sua câmera de filmagem rodando a mil. Depois de uma reza, o médium começou a operar diante de todos os presentes. Abro aqui um parêntese para esclarecer que não sou mais tonta do que a média.

Pois eu vi com meus olhos (que a terra há de comer e sofrer para digerir) médium João abrir um talho de 5 cm no seio de uma mulher sem que ela esboçasse a mínima reação. Ele então enfiou a ponta de uma tesoura cirúrgica dentro do corte e cutucou a incisão com vigor. Mas apenas umas poucas gotas de sangue escorreram sobre o peito da "paciente". Finalmente, ele retirou lá de dentro o que parecia ser um caco de cristal, bateu no ombro dela e disse: "Pode ir".

Depois da cerimônia, ainda meio grogue pela intensidade dos eventos presenciados, conheci um americano que alega ter sido curado de cegueira. Estive também com um engenheiro formado em Stanford que diz ter se livrado de convulsões. Não me pergunte se voltei de Abadiânia cética ou crédula. Certas manifestações não se questionam, cabe apenas vivenciá-las. O tempo dirá se Luiz, seu funcionário e meu familiar irão ou não se restabelecer.

Revista Galileu destaca curas feitas por João de Deus

A revista Galileu, publicada pela Editora Globo, trouxe na edição de dezembro uma reportagem com João Teixeira de Faria, o João de Deus, médium popular de Abadiânia (a 90km de Goiânia). O texto procurava desvendar o que existe por trás das ações do homem que atende cerca de 800 pessoas por dia e quais são, afinal, as comprovações de que ocorrem curas na Casa Dom Inácio.

A revista procurou narrar também o surgimento do médium, em Itapaci. "Certa vez, em visita com a mãe a um povoado vizinho, pediu a ela que regressassem assim que possível, pois uma tempestade logo cairia. Como nada indicasse chuva, ela não deu crédito, mas concordou em procurar abrigo na casa de um conhecido. Pouco depois, uma forte chuva derrubou ou danificou um quarto das construções do lugar", diz o repórter.

A Galileu explica que João de Deus passou por diversos Estados: Bahia, Tocantins e Maranhão. Na época, anos 1950 e 1960, ganhava a vida como pedreiro, alfaiate e garimpeiro.
Segundo a Galileu, João de Deus chegou a ser preso sob acusação de prática de charlatanismo. "Sofri violências na prisão. Mas continuei na minha missão", disse.

A fase de viajante de João de Deus, descreve a revista, terminou em 1976, quando chegou a Abadiânia. Galileu informa que hoje a cidade tem 26 pousadas com 1,5 mil leitos, a maioria destinados aos "pacientes" de João de Deus. "São cerca de 500 empregos gerados pela Casa de Dom Inácio. Isso significa que ela tem um peso econômico maior do que a prefeitura", afirma o repórter.

A reportagem afirma ainda que João de Deus quase abandonou o Estado. Após pressão da comunidade de médicos, ele deixou Anápolis e pensava em sair de Goiás, mas uma carta de Chico Xavier o alertava que a região era abençoada.

O autor da reportagem procura desvendar a popularidade de João de Deus no município. "Rodar por Abadiânia a bordo da sua minivan Zafira prata é como estar ao lado de um político popular. As pessoas mantêm uma distância respeitosa. Mas quando ele as chama para conversar, se aproximam sorridentes, apertam sua mão, abraçam", descreve a reportagem.

Outro aspecto ressaltado pela Galileu refere-se à bondade de João de Deus. Ele distribui diariamente cerca de mil pratos de sopa à população carente, além de pagar faculdades para 12 pessoas.

Mais conhecido fora do País

Em 2007, a revista Época enviou uma equipe de reportagem para Abadiânia. Sob o título: O Curandeiro Globalizado, a revista tenta resumir "A vida de João Teixeira de Faria, conhecido como João de Deus - ou John of God -, o cirurgião espiritual de Goiás que é mais famoso fora que dentro do Brasil".

A Época também relata que a maioria dos 800 "pacientes" atendidos diariamente são estrangeiros, que vem em busca das cirurgias espirituais, visíveis e invisíveis, efetuadas por João de Deus, – o mesmo epíteto que o papa João Paulo II recebeu em sua primeira visita ao Brasil, em 1980. Neste caso, o João que atrai multidões – diz já ter atendido 10 milhões de pessoas, o que exigiria receber mais de 500 por dia, todos os dias, durante 50 anos – se chama João Texeira de Faria, segundo a revista. A matéria destaca que João de Deus foi tema de uma reportagem da TV americana ABC, em 2005, e é o protagonista de um documentário do canal Discovery.

A narrativa do repórter Marcelo Zorzanelli:

João de Deus chega à Casa cedo, por volta das 7h30 da manhã, e senta-se num sofá do pequeno escritório anexo aos salões principais. Nas paredes, imagens de santos, retratos de gente atendida por ele, uma foto sua ao lado do médium mineiro Chico Xavier, diplomas de honra ao mérito emitidos por associações militares, entidades policiais e Câmaras de Vereadores. As paredes brancas com rodapé azul de 1 metro de altura, onipresentes na Casa, formam um corredor claustrofóbico que leva ao salão principal, onde cerca de 300 pessoas de todas as idades estão sentadas, de olhos fechados e em silêncio.


João não ergue a vista para quem o espera. Ele está descalço e navega em passos incertos até uma cadeira de espaldar alto. A seu redor, uma dúzia de buquês de flores frescas, estátuas de santos e uma pedra de quartzo que serve de gruta para uma Pietà. Ele chama dois de seus assistentes e dá uma mão a cada um. Estremece, revira os olhos, sacode os ombros e retesa os braços, que deixa cair, como se uma corrente elétrica passasse por seu corpo. Ele se recompõe. Até as 5 da tarde, estará em transe, atendendo as centenas de pessoas que formam uma fila em frente a sua cadeira. Seu ar normalmente contrito dá lugar a movimentos amplos dos braços e uma genuína hiperatividade. De acordo com ele, quem está ali agora é o "doutor José Valdivino", uma das 30 entidades que João afirma usar seu corpo como "aparelho" – designação da literatura espírita – para curar pessoas. Entre as supostas entidades estão figuras históricas como o sanitarista Oswaldo Cruz, Santo Inácio de Loyola e Santa Rita de Cássia.


Entre os que o procuram estão pacientes de câncer, esclerose, paralisia cerebral, bócio, nódulos mamários, cefaléia, vertigem, dor abdominal, lombalgia, problemas oculares, aids. João diz não prometer curas, que segundo ele dependem "da vontade de Deus". Na ante-sala onde se forma a fila, são exibidos vídeos com testemunhos de curas milagrosas. Uma equipe de auxiliares informa os que esperam atendimento quanto aos primeiros passos: vestir-se de branco para "facilitar o acesso à aura", que tipo de comida evitar. Em seguida, vão todos para a fila. Uma jovem americana, de olhos fechados, medita com uma foto do presidente George W. Bush nas mãos. "Concentrem-se nas suas doenças," diz uma auxiliar de João. "Os espíritos estão examinando vocês, e farão um relatório para facilitar o atendimento."

Exposição ilustra antigos carnavais em Joinville

Dentro da programação do Carnaval de Rua, a Fundação Cultural de Joinville (FCJ) promove a exposição iconográfica interativa "Vai passar". Imagens dos antigos carnavais do município, como os bailes de máscara, os blocos e os clubes tradicionais, fazem parte do acervo organizado na Estação da Memória.

A exposição será inaugurada nesta sexta-feira (13/02), às 20 horas e pode ser vista até 28/02. A organização do projeto mobilizou as equipes da FCJ (Gerência de Patrimônio, Estação da Memória, Casa da Memória, Arquivo Histórico, Coordenação de Captação e de Comunicação) e da SECOM.

A reprodução das imagens, por exemplo, foi realizada pelo repórter fotográfico do SECOM, Mauro Artur Schlieck. Durante a abertura também está prevista a apresentação do Grupo de Choro Orelha de Cobra de Joinville.

Crime eleitoral de Quinzinho é confirmado pela Polícia Federal

Evidências comprovam que vereador tucano reeleito fez campanha com dinheiro público no Jardim Paraíso

Uma denúncia do Ministério Público Estadual (MPE), contra o vereador Joaquim Alves dos Santos, o Quinzinho (PSDB), foi recebida pelo juiz João Marcos Buch, da 76ª Zona Eleitoral de Joinville. De acordo com a denúncia do promotor eleitoral Sérgio Ricardo Joesting, no dia 13 de agosto de 2008, o então candidato a vereador Quinzinho, determinou ao ex-secretário regional do bairro Jardim Paraíso, Paulo Lopes da Silva, indicado de Joaquim ao cargo, melhorias em algumas ruas do bairro. Sua intenção era a de obter vantagens na captação de votos. Joaquim antecedeu Paulo Lopes como secretário daquele bairro e agora terá que seguir determinações da justiça para não ser preso.

Obras a base de bilhetinhos

Segundo o promotor, as melhorias em algumas ruas estavam sendo realizadas com o uso de servidores e máquinas públicas. "Os serviços estavam sendo realizados por servidores do município que não possuíam ordens de serviço, mas apenas bilhetes rabiscados com nomes de eleitores, endereço e o tipo de serviço a ser prestado", aponta a denúncia.

Inquérito policial confirmou crime

Diante das evidências apuradas no inquérito policial número 0415/2008, feito pela Polícia Federal (PF), que confirmaram o crime eleitoral, o Ministério Público decidiu denunciar Quinzinho e destacou "As obras de melhoria de calçamento, drenagem e ligação de esgoto estavam sendo realizadas mediante ordem pessoal e influência direta de Joaquim Alves dos Santos".

Se não andar na linha, vereador poderá ser preso

Quinzinho só não foi preso devido ao fato de se enquadrar nos atenuantes do Art. 89 da lei 9099/95, que autoriza a suspensão condicional do processo para denunciados que não tenham sido condenados ou não estejam sendo processados. Também se fizeram presentes os requisitos do art 77 do código penal que diz, "A execução da pena privativa de liberdade, não superior a 2 (dois) anos, poderá ser suspensa, por 2 (dois) a 4 (quatro) anos".

No entanto, o vereador tucano terá que andar na linha pelos próximos anos motivados pela volta do processo, que nesse caso, poderá ser menos benevolente e manda-lo para cadeia. Para que Quinzinho ande livremente pelas ruas de Joinville, no dia 6 de abril de 2009, o Ministério Público Estadual, irá propor em audiência duas condições para a suspensão do processo, e que obviamente serão aceitas.

São elas:
a) Proibição de ausentar-se da comarca onde reside por mais de 20 dias sem autorização judicial.
b) Comparecer bimestralmente em juízo para informar e justificar suas atividades.

Ela faz falta na Câmara

Ex-vereadora Matilde Ghanem afirma que faltou sensibilidade aos vereadores

• Sergio Sestrem
reportagemjoinville@gmail.com

Aos 31 anos, Matilde Amin Ghanem encontrou na política uma maneira de trabalhar por projetos sociais. Na primeira tentativa, a jovem foi eleita vereadora, exercendo o cargo de 1954 a 1962 numa época em que poucas mulheres ousavam participar do cenário político brasileiro.

Agora, aos 86 anos, ela afirma que muita coisa mudou. "Nós fazíamos política pensando nos mais humildes e não tínhamos regalia nenhuma. Eu trabalhava a pé e não recebíamos salário", relembra. Para a ex-vereadora, os tempos são outros. "O que se vê hoje em dia são vereadores que esquecem que estão lá para representar o povo", afirma.

Dona de uma lucidez invejável, ela faz questão de se manter informada sobre questões políticas locais e nacionais e considerou um absurdo a proposta encabeçada pelo presidente da Câmara, Sandro Silva (PPS) de alugar carros zero quilometro ao custo de R$ 300 mil por ano.

"Faltou no mínimo sensibilidade aos vereadores. Esse não era o momento. Com a onda de desemprego, o Hospital São José passando por dificuldades e as enchentes que atingiram vários bairros, se eles quisessem carros que comprassem com o salário de R$ 8.700,00 que cada um ganha. Agora, por conta do nosso dinheiro assim não dá", ponderou a ex-vereadora.

Além de vereadora, Matilde Amin Ghanem também foi deputada estadual no ano de 1963, mas abriu mão do mandato para trabalhar na secretaria de assistência social em Blumenau, onde organizou o movimento feminino na cidade.

"Abri mão de ser deputada para servir a quem mais precisava, me senti mais útil. Na época, muita gente achou que eu deveria continuar na Assembleia Legislativa para garantir aposentadoria como deputada, mas por princípios, achei melhor desistir", afirma.

LAIR RIBEIRO: Diante do desconhecido, pergunte.

Muitas das negociações que fazemos no dia-a-dia acontecem com interlocutores conhecidos, como familiares ou amigos, por exemplo.

Nesses casos, quase sempre sabemos como a pessoa pensa, quais são as suas motivações... E o contrário também é verdadeiro: nossos interlocutores, nesse contexto, nos conhecem.
Entretanto, no campo profissional, nem sempre você conhece o seu interlocutor. Elementos subjetivos, como motivação e valores, por exemplo, são desconhecidos e, sem eles, temos menos chances de concluir uma negociação com sucesso e de forma harmoniosa.

O vendedor de eletrodomésticos que tenta vender uma batedeira a partir de suas próprias motivações corre o risco de levar uma compradora que luta para controlar o colesterol a imaginar-se batendo litros de chantilly!

Diante do desconhecido, pergunte. Perguntar é a única forma possível para obter informação a respeito do interlocutor. E além de perguntar, saiba escutar. Assim você terá mais opções a seu dispor. Lembre-se sempre de que, em uma negociação, o controle é reservado a quem tem o maior número de opções.

Saiba o que você quer e até onde pode ir Nunca inicie uma negociação sem saber exatamente o que você pretende com ela (sem ter um objetivo) nem sem determinar para si mesmo quais são os seus limites, ou seja, até que ponto você está disposto a fazer concessões.
O objetivo bem definido permitirá que você persevere na sua capacidade de persuadir. E o conhecimento dos seus limites permitirá que você utilize, parcimoniosamente, as concessões.

Objeções As objeções fazem parte das negociações. Quando as partes não objetam, supõe-se que concordam com que lhes é dito. Em geral, as objeções concentram-se em dois pontos: tempo e dinheiro. Como lidar com elas?

Na primeira vez que escutar uma objeção, faça de conta que não a escutou. Entretanto, se o seu interlocutor a repetir, significa que a continuará repetindo, a menos que você lide com a objeção. Dependendo da sua habilidade como negociador, uma objeção quanto a preço, por exemplo, pode ser uma excelente oportunidade para você evidenciar as qualidades do seu produto ou serviço.

Se houver uma objeção constante na negociação que você pratica rotineiramente, não espere que o seu interlocutor a mencione primeiro. Falando sobre a objeção antes do outro, você se antecipa às necessidades dele, e isso pode aumentar a confiança dele em você.

EDITORIAL: Este Lula, só matando!

Logo após serem divulgados os novos números da pesquisa CNT/SENSUS em que o presidente Lula aparece com novo recorde de aprovação, o jornalista Ricardo Kotscho escreveu um episódio, no mínimo hilário.

Conta o jornalista, em sua coluna no IG : Na reta final da campanha de 2006, ao ver a manchete do jornal na banca mostrando Lula subindo na pesquisa do segundo turno, um vizinho inconformado comentou " Este Lula, só matando ".

Dois anos depois de reeleito, Lula parece desafiar a lógica política no país. Enquanto a grande imprensa passa o tempo todo apresentando a crise como uma tragédia capaz de ceifar empregos, reduzir nosso crescimento e matar nossas esperanças de futuro, uma pesquisa mostra que nunca se confiou tanto num presidente da república como agora se acredita em Lula.

Os analista políticos afirmavam que estas pesquisas iriam mostrar o contrário, ou seja, que a crise iria inevitavelmente desgastar a imagem do nosso presidente. Diziam que Lula não havia dado a devida importância para a crise mundial e que os brasileiros perderiam a confiança na sua administração.

Ledo engano. O povo prefere decidir o que é importante para ele. Enganam-se aqueles que acham que podem dizer para as pessoas como elas devem se sentir em relação a crise. Enganam-se aqueles que acreditam que podem amedrontar as pessoas profetizando desastres terríveis.
Melhor ficar com a avaliação do presidente da CNT, Celso Andrade, sobre a popularidade de Lula: "Há forte esperança da população, centrada no discurso e ações do Governo. O presidente Lula virou a âncora da esperança".

Gidion e Transtusa querem impor aumento nas passagens

Acostumados a ditar as regras livremente, Bogo e
Harger tentam "encurralar" Carlito

Rogério Giessel
rogeriogiessel@hotmail.com

Os empresários do transporte coletivo de Joinville, Moacir Bogo, da Gidion e Beno Harger, da Transtusa, estiveram reunidos com o prefeito Carlito Merss na última terça-feira, dia 3, para reivindicarem um aumento nas passagens de ônibus.

Mesmo com o retrocesso promovido pela Transtusa e Gidion no sistema de transporte coletivo com a redução de algumas linhas (Sul/Tupy e Tupy/Norte) e o fim dos micro-ônibus Pega Fácil, Bogo e Harger sequer demonstraram rubor na face ou qualquer outro tipo de constrangimento ao afirmarem que o aumento de 9,76% pretendido em novembro estaria defasado.

Eles propuseram um reajuste de 14,58% elevando o preço da passagem antecipada de R$ 2,05 para R$ 2,40. O novo estudo foi apresentado na manhã da última quarta-feira, dia 4. A prefeitura não tem prazo para se manisfestar.

Motivos para não se admitir o aumento

Primeiro foi o enxugamento de pessoal com a bilhetagem eletrônica, implantada em 2001, que incontestavelmente cortou gastos das empresas ao extinguirem vários postos de trabalho com a dispensa dos cobradores. Na ocasião, outro ônus foi criado aos usuários do ônibus em Joinville ao se criar a famigerada tarifa embarcada. Situação em que o passageiro paga um valor maior quando adquire a passagem no interior do coletivo. E, recentemente a implantação dos polêmicos corredores de ônibus, que também trouxeram uma significativa economia para as empresas.
Estudo da planilha deverá ser rigoroso.

Além disso, existe o compromisso do prefeito Carlito Merss em sua campanha eleitoral de estudar uma redução nas tarifas. Carlito informou aos empresários durante a reunião que existe uma expectativa muito grande do joinvilense em relação a sua administração. "Há uma cobrança muito grande da população. As pessoas me alertam sobre a série de ajustes realizados pelas empresas no final do ano. E como aumentar o preço agora?", disse. Assim que receber a nova planilha que será apresentada pelas duas empresas, um minucioso estudo será realizado. "Com a nova reapresentação em mãos iremos reunir a equipe técnica e estudar todos os detalhamentos das planilhas, tirar dúvidas e contribuir com sugestões.

Todo esse diálogo será acompanhado pela população e pela Câmara de Vereadores de forma muito transparente", afirmou Carlito, anunciando que irá avaliar pessoalmente a qualidade do serviço oferecido. Para isso, ele e o secretário de infraestrutura Nelson Trigo, irão escolherão um dia da agenda para utilizar o transporte.

O fim de prejuízos também deverá constar na planilha

O deputado estadual Kennedy Nunes (PP), defensor da redução do preço das passagens, comentou que entre pedir um reajuste e ser atendido não envolve apenas a ânsia dos empresários. "Eu entendo que eles podem pedir o quanto quiserem de aumento. É o papel deles. Agora quem vai definir mesmo é o prefeito", explicou.

Kennedy lembrou ainda as condições de seu apoio ao então candidato Carlito. "Existe o compromisso do Carlito feito no segundo turno em adotar as minhas propostas. Entre elas, a de haver um subsídio financeiro público no preço das passagens." O deputado observou outro aspecto que deverá influenciar na decisão do prefeito. "Da eleição prá cá, quatro itens favoreceram as empresas.

A implantação dos corredores de ônibus, que aumentou o lucro das empresas; o fim do Pega-Fácil, que segundo as empresas dava prejuízo; a redução das linhas de terminal a terminal que segundo eles também acarretavam prejuízos; e a manutenção dos terminais que não são mais responsabilidade das empresas. Isso tem que constar nas planilhas. É necessário saber qual era o prejuízo que esses itens produziam", finalizou o progressista.

Empresas querem R$ 2,40

O empresário da Gidion, Moacir Bogo, disse que o estudo realizado traz e novos itens a serem considerados. Nele, foi constatada uma economia de 18 mil quilômetros por mês com a redução das linhas Sul/Tupy e Tupy/Norte.

O redirecionamento das linhas alimentadoras também contribuiu para a diminuição da quilometragem. Porem, segundo ele, houve um acréscimo em outros serviços. "Houve um aumento de quilometragem com a linha "Madrugadão" recentemente implantada, e também nas linhas universitárias".

Outro custo alegado por Bogo, e que passaram a compor o novo estudo apresentado, diz respeito a uma exigência da prefeitura. "Para atender a lei de mobilidade serão adquiridos 10 ônibus com o piso baixo (Low Entry)", justificou. "De acordo com nosso estudo, chegamos ao valor da passagem ao custo de R$ 2,40. É claro que haverá um estudo da prefeitura, o qual, geralmente constata um valor menor.", finalizou o empresário.

Relatório aponta um rombo milionário deixado por Tebaldi

A "grave situação" encontrada nas contas públicas anunciada na entrevista coletiva pelo prefeito Carlito Merss, os secretários da Fazenda, Marcio Florêncio, e do Planejamento, Eduardo Dalbosco, caiu como uma bomba no início da semana em Joinville.

Rumores davam conta que a situação era complicada, mas os números revelaram uma situação ainda mais preocupante para a atual administração. Além de receber a prefeitura com o caixa negativo ultrapassando os R$ 4 milhões, Carlito anunciou que a gestão passada deixou um rombo de aproximadamente, R$ 66 milhões. Esses empenhos serão cancelados, segundo o secretário da Fazenda Márcio Florêncio. "Isso não significa que estes serviços não tenham sido prestados, todavia a Gerência de Contabilidade está adotando uma nova prática contábil de cancelar estes empenhos que não tiverem comprovação fiscal", explicou o secretário da Fazenda, Marcio Florêncio. O restante, pouco mais de R$ 34,6 milhões, será pago pela nova gestão.

Fundações ainda não contabilizadas

Dívidas de autarquias e fundações tais como Hospital Municipal São José, Fundação de Esportes (Felej), Fundação Albano Schmidt (Fundamas), Fundação de Meio Ambiente (Fundema), Funcação Cultural (FCJ) e Fundação 25 de Julho, serão conhecidas até o próximo dia 5, e de acordo com levantamentos preliminares deverão fechar as contas no vermelho. Apenas o Instituto de Previdência do Servidor Municipal (Ipreville) teve superávit, lembrou o prefeito Carlito Merss.

A dificuldade encontrada para encerrar o balanço consolidado de 2008 não é a única preocupação da atual gestão. "Encontramos duas prestações de contas atrasadas da administração anterior que ainda não foram atendidas referentes aos quinto e sexto bimestres do ano passado.

Técnicos quebram a cabeça para tentar fechar balanço

Esta semana o prefeito Carlito Merss esteve reunido com o presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE) e conseguiu a dilatação do prazo do documento fiscal para o dia 31 de março. Enquanto o balanço de 2008 não estiver devidamente fechado, o Tribunal de Contas não emitará certidões negativas em favor do município", comentou Florêncio.

Desde o final de 2008, técnicos designados por Tebaldi ‘quebram a cabeça" para tentar fechar o balanço. "Mas será impossível fechar com superávit, como ele quer", assegurava um alto funcionário do setor de contabilidade.

O atual secretário da Fazenda, Marcio Florêncio, confirma que todo o serviço continua sendo realizado pela mesma equipe que originariamente estava no cargo no ano passado. "A Gerência de Contabilidade que realizava estes balanços até o presente momento não sofreu nenhuma alteração", afirma.

Como o balanço de 2008 se refere à administração passada, Florêncio assegura que não há nenhuma influência direta da atual gestão no documento contábil. "O próprio ex-secretario da Fazenda Nelson Corona ligou para acompanhar a realização do balanço. Não poderia proibi-lo uma vez que ele e o ex-prefeito assinarão o documento", comentou Florêncio.

Cancelamento de empenho não elimina a dívida

O secretário da fazenda, Marcio Florêncio explica que os R$ 100 milhões divulgados na imprensa foram os números que apareceram no balanço feito e são referentes ao dia 1º de janeiro. "O que apareceu no balanço foram R$ 100 milhões de empenhos, uns liquidados, outros não. Os valores liquidados estão em torno de R$ 35 milhões, e os não liquidados chegam à casa dos R$ 65 milhões. Ou seja, existe uma divida de R$ 65 milhões e que eles pretendem cancelar", informou o secretário. Ele alertou que o cancelamento dos empenhos pretendido pela gerência de contabilidade da antiga gestão não liquidam a divida deixada. "Uma coisa é cancelar os empenhos, outra coisa é cancelar as dividas. Eu comparo essa situação com a do sujeito que emite um cheque na praça e depois susta o cheque. Nem por isso a divida dele está cancelada.", disse.

"O que nós estamos determinando nesse momento é que não vamos aceitar a pratica do reempenho. Inclusive essa é uma prática vedada em lei. Isso é mais ou menos assim. Se cancela o empenho porque a nota não foi apresentada e para se apresentar ela no exercício de 2009, se faz o reempenho para parecer que a divida é de 2009, quando na verdade é de 2008.

Segundo Florêncio, as pendências deixadas sem dúvida baterão à porta mais tarde. "Os empenhos que eles pretendem cancelar são aqueles empenhos que as notas fiscais ainda não foram apresentadas, mas isso não quer dizer que elas não serão apresentadas. Para se ter uma idéia, depois que a imprensa divulgou que os empenhos seriam cancelados começou a chover notas fiscais na Secretaria da Fazenda.", finalizou.

Somente em 2008, dívida do São José chegou a R$ 15 milhões

Uma decisão tomada pela antiga gestão quase inviabilizou o funcionamento do Hospital Municipal São José. Durante o ano de 2008, a prefeitura deixou de fazer o pagamento integral dos servidores, recorrendo aos recursos do Fundo Municipal de Saúde, que, segundo o secretário da Fazenda, Marcio Florêncio, deveriam ser utilizados unicamente para pagamento de fornecedores e investimentos em infraestrutura.

"Os repasses por algum motivo que eu desconheço não foram feitos de maneira integral por parte da Prefeitura para pagar a folha do hospital. Aí gerou-se um problema grave. Portanto o dinheiro que deveria ter sido usado para pagar fornecedores obviamente acabou gerando a dívida. Então o São José tem uma dívida de R$ 15 milhões com fornecedores de medicamentos e R$ 10 milhões dessa dívida foram provocados por falta de repasses do fundo", concluiu.
O pagamento integral da folha dos servidores do Hospital São José foi retomado este mês pela atual gestão. Segundo o prefeito Carlito Merss, "com a prefeitura reassumindo a folha de pagamento dos servidores e o repasse imediato de R$ 1 milhão do Estado, vamos gerar um alívio mensal para o Hospital", concluiu o prefeito.

Vereador Sandro Silva sofre novo desgaste

Houve protesto com faixa em frente à Câmara e advogado estuda entrar com ação civil pública para impedir licitação

Sergio Sestrem
reportagemjoinville@gmail.com
Fotos: Gugue e Kamel Filho

Do lado de dentro da Câmara de Vereadores, o presidente da Casa, Sandro Silva (PPS) proibiu que a imprensa e a comunidade participassem da reunião na tarde da última sexta-feira que confirmou a licitação para o aluguel de 22 veículos (um Prisma para cada vereador, uma Meriva para o presidente e mais carros reservas) ao custo de R$ 298 mil anuais. Do lado de fora, o advogado Ismael Alves dos Santos fez questão de manifestar sua indignação com o que classificou como uma tremenda imoralidade patrocinada pelo vereador.

Com uma faixa que estampava a mensagem: "Empresários usam carros comprados ou alugados com recursos próprios. Vereadores querem o mesmo benefício com o dinheiro do povo, o advogado falou que se sentiu indignado como cidadão. "Queria reunir as pessoas e bater panela em frente a Câmara de Vereadores. Queria lembrar aos vereadores que em Joinville teve familias que perderam tudo com as enchentes, que vão ter que recomeçar do zero e não terão as regalias que eles estão se autoconcedendo", justificou o advogado.

"O Sandro comparou um vereador com um executivo de uma empresa. Eles não são administradores. Eles têm que fazer leis que beneficiem a população, e não administrar em causa própria", continuou.

"Me senti indignado e lesado como cidadão. Afinal uma coisa é você gozar de privilégios com o seu próprio dinheiro. Outra coisa é você fazer uso do dinheiro público. Na verdade o homem público é o guardião da coisa pública. O guardião não esbanja, ele não gasta desnecessariamente, ele não usurpa. Ele cuida", arremata.

O advogado Ismael Alves dos Santos pensa em reunir o maior número de adesão para, aí sim, segundo ele, tentar impedir que essa "barbaridade" siga adiante. "Minha idéia é mobilizar a sociedade. Se eu tiver apoio para que esta mobilização tenha bom eco, eu pretendo encampar uma ação civil pública para anular esta licitação", prometeu.

Levando em consideração que o próprio Ministério Público Estadual dispõe de apenas um veículo para um quadro de 17 promotores, o advogado entende que cinco veículos seriam suficientes. "Cinco veículos para 19 vereadores, dá quatro vereadores por veículo", calcula. "Claro que eles não ficam em serviço externo o tempo todo e a semana toda. Eles poderiam fazer um rodízio de quatro vereadores por dia, com veículo próprio. Manutenção de carro popular é a coisa mais simples do mundo", analisa o advogado.

Bancada do PT não aceitará carros

A bancada do PT na Câmara de Vereadores foi a única que fechou questão sobre a contraditória iniciativa patrocinada pela presidência da Câmara de manter a licitação de 22 veículos ao custo de R$ 300 mil anuais. Nenhum dos quatro vereadores vai aceitar os carros novos que serão alugados.

"Decidimos pelo não aluguel dos veículos por entendermos que o momento que a cidade está passando é de muita dificuldade, com o povo mais humilde ainda sofrendo as consequências das enchentes e agora com o hospital municipal sobrecarregado", explicava ao fim da reunião o vereador Manoel Francisco Bento.

O petista criticou a manutenção do gasto mensal com o aluguel de veículos e comparou a polêmica atual com a própria construção da sede da Câmara, inaugurada em agosto de 2006. Antes disso, a o Legislativo gastava cerca de R$ 12,4 mil mensais com aluguel de três pavimentos no prédio central do Banco do Brasil. "Na época o discurso usado para a construção da nova Câmara era a economia. Por que esse discurso não foi usado agora pelo presidente?", questionou o vereador.

O vereador também estranhou o fato de o presidente da Câmara, Sandro Silva (PPS) convocar os vereadores para decidir sobre a licitação dos veículos. "Isso é prerrogativa do presidente, que ganha – além dos R$ 8,7 um adicional de aproximadamente R$ 4 mil para administrar a casa", lembra. "Na verdade, o que ele quis foi apenas tentar dividir o desgaste com os demais vereadores. A decisão apoiada pelos vereadores da oposição já estava tomada", completou.