Longe de ser um paraíso

Dinilson Vieira
especial para a Gazeta de Joinville

O nome sugere um lugar aprazível, tranquilo de se viver, mas a realidade é bem diferente. É na temporada de chuvas que se percebe, por exemplo, as dificuldades de residir no Jardim Paraíso, bairro situado ao lado do Aeroporto de Joinville, com cerca de 15,6 mil habitantes e território de 3,17 quilômetros quadrados. Das 117 ruas cuja maioria leva o nome de planetas, estrelas e constelações, apenas cinco são asfaltadas. O cenário piora com as valas a céu aberto em substituição à rede oficial de esgoto. Em dias de sol, a poeira invade as residências, que permanecem de portas e janelas fechadas, enquanto o mau cheiro causado pelos dejetos domésticos sem tratamento sufoca qualquer morador.

Quando São Pedro manda água, a lama e os buracos tomam conta das ruas mantidas em saibro. Junte-se isso às valas que transbordam em vários pontos do bairro e o resultado são os problemas na vida de quem precisa cumprir tarefas prosaicas, como sair de casa para trabalhar ou ir à escola e sem um metro de calçada decente para caminhar.

"Ninguém merece isso e perdi a esperança de ver melhorias por aqui. Antes de ser eleito, o Carlito (Merss, prefeito) prometeu dar atenção ao bairro e isso nunca não aconteceu", afirma a dona de casa Irene Canova, moradora há 15 anos da rua Vupécula, 340. "Vivemos abandonados com essas valas imundas", completa Franciele, filha de Irene e moradora de uma travessa da rua Pisces, onde sua casa foi interditada pela Defesa Civil municipal por causa de um temporal, mas não lhe ofereceram opção de sair do local.

No final da rua Urano, no núcleo Jardim Paraíso VI, reside a aposentada Lídia de Moraes. Inscrita há oito anos num programa habitacional da Prefeitura, ela não vê a hora de mudar de casa com os dois netos pequenos com quem divide um barraco. "Não dá para viver nessas condições. É lama em dias de chuva e as crianças brincam na água suja dessas valas", afirma Lídia. Irene, Franciele e Lídia fazem parte de uma legião de descontentes no bairro.

Ao ser procurado por algum morador para ouvir uma reclamação, o secretário regional do Jardim Paraíso, Josival Silva de Oliveira, tenta levantar o moral do interlocutor anunciando obras que estariam a caminho, principalmente de saneamento básico, da construção das primeiras moradias populares para famílias que ocupam áreas de mananciais e até de uma unidade regional de saúde.

Obras de saneamento retomadas, mas sem prazo para conclusão

A Companhia Águas de Joinville acaba de retomar as obras de implantação do sistema de esgoto sanitário no Jardim Paraíso, que também deverá ganhar sua estação de tratamento de esgoto, paralisada desde 2005 e que, segundo promessa, estará concluída em fevereiro de 2010. O investimento total em esgoto no Paraíso e em mais dois bairros – Jardim Sofia e Vila Cubatão – será de R$ 20,2 milhões.

"Só não gosto de garantir prazo, isso não existe, é complicado. Em dias de chuva não se faz nada", afirma o secretário Josival Silva. Segundo ele, cerca de 70% dos 10 quilômetros de ruas do bairro já contam com rede coletora de esgoto instalada, à espera de ligação com as casas. Quando essa etapa estiver pronta, as fossas que hoje são usadas para reter o grosso dos dejetos serão desativadas e todo o material será coletado direto pela rede.

"A obra de saneamento está com dois anos de atraso, era para ser entregue em 2007. Além disso, a empresa que retomou a construção da estação tem de construir duas áreas de lazer no bairro, conforme está especificado no contrato. Vou ficar de olho para cobrar isso", declara o presidente da Associação de Moradores do Jardim Paraíso, Acemar Ferreira Nogueira. Hoje, o bairro conta apenas com uma praça equipada com academia da melhor idade e brinquedos infantis, na estrada Timbé, próximo ao posto da Polícia Militar.

O diretor-presidente da Agência Municipal de Águas e Esgotos (Amae), Antônio Valdir Riva, se pergunta sobre de quem é a responsabilidade do atraso das obras de saneamento no Paraíso. "Quem falhou? O executivo, a empresa construtora, não sei. Mas acredito que agora a obra sai", afirma Riva.

Asfalto a vista

A Secretaria de Administração informou que foi assinado o contrato para a pavimentação e drenagem de trechos de 102 ruas do Jardim Paraíso, contempladas pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). A previsão é que as obras sejam iniciadas após a assinatura da ordem de serviço.

O investimento corresponde a R$ 9,1 milhões vindos do governo federal. Nas próximas etapas, serão realizadas ações de melhoria habitacional e a construção de um Centro de Referência e Assistência Social (CRAS) para a região.

Uma aventura ao modo Indiana Jones

Para quem não está acostumado, caminhar balançando pelos 300 metros da ponte pênsil sobre o rio Cubatão Velho, que faz a ligação da lateral do aeroporto com o núcleo populacional Canto do Rio, pertencente ao Jardim Paraíso, pode ser uma aventura do tipo Indiana Jones. E quem caminhar pela ponte pode calhar com o momento em que um Boeing vindo de São Paulo está se dirigindo bem baixo à pista de aterrissagem, transformando a aventura mais emocionante, já que olhar para a aeronave sem segurar nos corrimões em cabo de aço, significa risco de um mergulho no rio.

Exageros à parte, o mergulho no rio era mais provável quando a ponte estava sem manutenção. Havia buracos no piso de madeira podre e as proteções laterais feitas de arame apresentavam buracos. A estudante Luana de Amorim, de 12 anos, chegou a se ferir ao enfiar o pé em um buraco, a caminho da escola, no bairro Cubatão. "Não foi, mas podia ter sido pior", diz a estudante, agora agradecida pelos reparos na ponte.

Mãe de sete filhos, a maioria em idade escolar, Maria Janete também elogiou a reforma, feita pela Secretaria Regional do Jardim Paraíso. "Ficou melhor, agora posso ficar mais sossegada mandando as crianças à escola. Só falta arrumar as cabeceiras", diz ela. A dona de casa Marizete da Costa, moradora ao lado da ponte, é outra que gostou do conserto. "Ficou ótimo e a ponte é muito bonita", diz ela. O secretário regional Josival Silva estuda a possibilidade de substituir as cabeceiras de madeira por alvenaria.

Atendimento está longe de ser o ideal

Se por infelicidade algum morador contrair uma doença em razão da falta de saneamento básico e precisar correr a um dos quatro postos de saúde distribuídos por subdivisões do Jardim Paraíso, não significa garantia de atendimento adequado ao problema, conforme admite o secretário regional Josival Silva de Oliveira.

"Temos os prédios, mas o atendimento ainda não é bom. Isso vem de administrações passadas, em que só se pensou em abrir postos, sem cuidar do resto", diz Josival.

Para o morador Orlando Carlos Herbast, que costuma usar o posto de saúde Canto do Rio, o serviço não é tão ruim: "As consultas são um pouco demoradas, mas ter esse posto é melhor do que nada".

Os quatro postos de saúde do bairro funcionam pelo sistema saúde da família. Quando algum paciente necessita passar por um médico especializado, é encaminhado a um PA (Pronto-Atendimento). A unidade mais próxima é a do Costa e Silva. "Temos um projeto de construir um posto regional de saúde, que seria uma espécie de sub-PA", diz o secretário.

Estigmatizado pela violência

Estigmatizado pela violência e onde, na boca do povo, morre uma pessoa todos os dias, vítima de algum crime, o Jardim Paraíso não é tão feio como o bairro é pintado na cidade. "Não existe essa coisa de muita violência, é tudo invenção. Ando por aqui às 2 horas da manhã sem medo, com tranqüilidade. Moro no Saguaçu (bairro de classe média alta) e não tenho coragem de fazer isso por causa dos assaltos, que são constantes", diz o secretário regional Josival Silva.

O presidente da associação de moradores, Acemar Ferreira Nogueira, acompanha atentamente os números da violência. "Entre janeiro e setembro de 2008, tivemos nove homicídios. No mesmo período de 2009, foram três. Baixou bastante e estamos com menos crimes que o Paranaguamirim, com oito, e Morro do Meio, seis", afirma Acemar.

Questionadas sobre os homicídios no bairro, autoridades têm uma resposta na ponta da língua: é tudo envolvimento com drogas. Para Acemar, uma forma de combater a criminalidade é ocupar o jovem entre 7 e 12 anos de idade, tirando-o da rua no período em que não está na escola.
A sede da associação serve de espaço para cursos de capoeira e de informática e a oferta vai aumentar quando o Centro de Referência em Assistência Social (CRAS) deixar o prédio para ocupar local próprio. "Temos 200 na fila do computador. É a forma de evitar o aumento da violência", diz Acemar.

Duplicação da Marquês de Olinda vai ficar no papel

Dinilson Vieira
especial para a Gazeta de Joinville

Bairro bem arborizado e com poucas ruas ainda sem pavimentação, a obra que realmente poderia fazer a diferença no Glória – a duplicação da avenida Marquês de Olinda – não tem data para sair do papel, embora o assunto já tenha rendido dividendos políticos ao ex-prefeito Marco Tebaldi, e para o atual, Carlito Merss, que usaram o assunto para cooptar votos em suas respectivas campanhas. Desde a inauguração em pista simples da terceira etapa da via, em junho de 2005, não se mexeu em mais um tijolo da avenida, deixando moradores e comerciantes da região sem uma resposta a respeito da obra.

A via é uma importante opção para quem deseja chegar às zonas Sul e Norte da cidade, sem que o motorista precise transitar pelo centro. Quando a avenida foi inaugurada com asfalto, cumpriu bem seu papel de desafogar o fluxo de veículos na área central. À época, o então prefeito Marco Tebaldi, ressaltou que estava prevista a duplicação da via, assim como sua continuação até o bairro Guanabara, no encontro com a rua Graciosa. Saiu Tebaldi, entrou Carlito e nada mais aconteceu.

Observar por apenas alguns minutos o trânsito atual na Marquês de Olinda permite ao cidadão mais leigo no assunto a constatação de problemas sérios na via. E conversar com quem trabalha na avenida percebe-se a falta de esperança de que um dia a duplicação vai acontecer. É nos períodos de rush que o trânsito se mostra mais caótico, já que a avenida visivelmente não comporta mais tantos veículos ao mesmo tempo.

"Já existem trechos com recuos esperando a duplicação, mas não há nada previsto. Desconheço sobre qualquer data para a obra ser iniciada", diz Pedro Campos, secretário regional do Costa e Silva, unidade administrativa que cuida do Glória.

PERIGO CONSTANTE

O aposentado Guido Mohr, morador do número 250 da Marquês de Olinda há 40 anos, talvez seja o maior prejudicado com o trânsito local. Veículos em alta velocidade trafegando no sentido Centro já invadiram o muro de sua casa pelo menos três vezes. Após um dos acidentes, Guido ficou tão assustado que a forma encontrada para evitar o perigo foi mudar do quarto da frente e dormir numa área dos fundos. Para ele, o melhor seria instalar redutores de velocidade na avenida.

Presidente da Associação dos Aposentados e Pensionistas de Joinville, cujo prédio fica na Marquês, Arodi de Oliveira conta que a avenida para nos dois sentidos em horários de maior movimento. "Nossos aposentados têm dificuldade para atravessar a via e até de entrar no prédio com seus próprios carros", afirmou Arodi.

A comerciante Eliane Miers, dona do Bar Glória, localizado na esquina da Marquês com a rua XV de Novembro, espera pela duplicação. "O bairro é ótimo para morar, mas fraco comercialmente. A obra poderia dar um impulso no movimento comercial do bairro", diz Eliane. O problema é que o bar deverá ser demolido, se a obra realmente acontecer. "Não há problemas se me pagarem o preço justo pela desapropriação".

"Pelo tempo que demorou para fazer a Marquês em pista simples, não acredito em duplicação a curto prazo. Mas precisamos lembrar que o trânsito inteiro de Joinville é caótico. Ninguém anda no cruzamento da Marquês com a Benjamin Constant em horários de rush", diz Carlos Horn, que preside uma das três associações de moradores do Glória.

Área de lazer é prioridade para moradores

Com 130 ruas que somam 47.856 metros de extensão, sendo 21.377 metros de asfalto, 21.377 metros de calçamento em paralelepípedos e os restantes 14.025 metros em saibro (que somam 28 ruas), o Glória é uma das melhores regiões da cidade em termos de pavimentação de vias, se comparado a outros bairros. Os dados são do Instituto de Pesquisa e Planejamento para o Desenvolvimento Sustentável de Joinville (IPPJU).

Se valerem as propostas emplacadas até agora no papel de seis delegados comunitários do bairro, que ajudam a discutir o Orçamento Participativo (OP) da prefeitura, a extensão em asfalto aumentará, pois para 2010 está prevista a pavimentação da rua Tutóia, que hoje tem apenas 150 metros asfaltados.

O OP ainda deverá contemplar a construção de uma área de lazer, cujo local no bairro ainda é indefinido. "Deverá ser uma área pública e deverá ser equipada com academia de ginástica para a terceira idade, playground e iluminação", diz Carlos Horn, presidente de associação de moradores.

A falta de uma rede de águas pluviais adequada preocupa quem reside na rua Nazareno e imediações, principalmente após a construção de um loteamento no lugar de um brejo, que fazia o papel de piscinão em dias de chuva. Para complicar, uma galeria de água que passa sob a BR-101 e que deveria aliviar o Glória, está num nível que impede que funcione adequadamente. "É coisa da engenharia, pois a galeria foi construída acima do que deveria e água não passa", diz Carlos Horn, presidente da associação da moradores.

Bairro tranquilo

Já o saneamento básico é uma incógnita. A própria Companhia de Águas de Joinville informa no site oficial da prefeitura que o bairro, com área de 5,48 quilômetros quadrados, tem apenas 2,7% de seu território atendidos com rede coletora de esgoto domiciliar. O secretário regional Pedro Campos garante que em 2010 as obras de saneamento básico serão iniciadas, sendo 100% das mesmas concluídas em 24 meses. O secretário não forneceu maiores detalhes sobre o que realmente será executado.

"Com exceção de problemas estruturais, o Glória ainda é um bairro tranquilo, bucólico. Não está superpovoado e mantém áreas de mata atlântica preservadas. O lixo não se acumula nessas áreas e os casos de roubos e assaltos estão sob controle", conclui Horn. Entre 2006 e 2008, bairro registrou 12 casos de roubos à residência e 20 a estabelecimentos comerciais, de acordo com o 8º Batalhão da Polícia Militar. Em julho de 2009, foi apenas um caso de roubo a estabelecimento comercial.

Um novo projeto para a Expoville

O Glória é o bairro em que está localizado o Complexo Expoville, famoso por sediar grandes eventos. Agora, um projeto de revitalização do espaço está em estudo no IPPUJ. A idéia é separar a área de lazer da de negócios. De acordo com a Promotur (braço da Prefeitura que cuida do turismo), está prevista a construção de um espaço – com capacidade para 2,4 mil lugares, palco, camarins e sala de imprensa –, destinado exclusivamente a convenções e congressos. As obras deverão custar R$ 15 milhões, repassados pelo Ministério do Turismo, com contrapartida de 20% deste valor pela Prefeitura.

Dessa forma, os dois espaços antigos – Nilson Bender e Wittich Freitag – ficarão reservados para feiras durante todo o ano. Ainda faz parte do projeto de revitalização a construção de um parque para caminhadas, equipado com orquidário e academia de ginástica, e transformação da lagoa já existente. O antigo restaurante será reaberto sob nova concessão pública e o Pórtico e Moinho serão revitalizados ao custo de R$ 600 mil.

Trinta eventos por ano

Localizado às margens da BR-101, próximo ao pórtico de uma das entradas da cidade, a Expoville ocupa em seu espaço atual uma área de 360 mil metros quadrados, sendo 25,6 mil de área construída. É composto pelo Pavilhão Nilson Bender (onde se realizam mais de 30 eventos por ano, entre congressos, feiras técnicas comerciais e festas, atraindo mais de meio milhão de visitantes em busca de turismo de negócios); pelo Megacentro Wittich Freitag (para 24,4 mil pessoas, constitui-se num espaço destinado à realização de grandes feiras nacionais e internacionais, além de eventos diversos, com área de 11.400 m2); e pelo parque do complexo.

Ainda integra o local o Centro Turístico e Comercial, onde o visitante adquire souvenirs e produtos coloniais.

Tribunal de Justiça decidirá se coloca Norival atrás das grades

Da redação
redacao@gazetadejoinville.com.br

Personagem do maior escândalo que envolveu a administração municipal de Joinville, o ex-secretário de saúde, Norival Raulino da Silva (PSDB), sentiu a pesada mão da justiça na forma de uma sentença proferida pelo juiz João Marcos Buch. Diante da gravidade do crime cometido, a justiça cilhou 12 anos nas costas daquele que um dia já foi o homem forte do então prefeito Marco Antonio Tebaldi (PSDB).

Norival gozava de um prestígio inigualável dentro da administração do ex-prefeito Tebaldi. Foi essa autonomia conferida ao ex-secretário, que explicitou o mar de lama escondido nas ações do grupo político de Tebadi e desvendou o assombroso esquema oculto que visava a escolha de Darci de Matos para representar a continuidade daquela política que ficou conhecida do joinvilense pela sucessão de irregularidades.

A dupla Norival Silva e João Batista, que agora fazem parte do rol de culpados da justiça catarinenese, apesar de condenados a doze e sete anos e oito meses de prisão respectivamente, poderá recorrer em liberdade. "Considerando que os réus encontram-se em liberdade, e assim responderam ao processo, deixo de decretar a prisão preventiva ou outra medida cautelar", deliberou o magistrado.

Tribunal de Justiça de Santa Catarina pode dar ponto final ao caso

Leandro Gornicki Nunes, advogado de Norival Silva recorreu da sentença, mas, o caso pode se encerrar já em Florianopólis. Se isso acontecer, Norival passa a cumprir a pena em regime fechado. O juiz João Marcos Buch não fornece informações sobre o caso devido ao segredo de justiça decretado.

TJ DECIDE

Econômico nas palavras, o magistrado apenas generalizou e afirmou que situações semelhantes geralmente não ganham guarida no Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC). "Existe a possibilidade de recurso ao Supremo Tribunal de Justiça (STJ) e ao Supremo Tribunal Federal (STF). Só que para chegar no STJ e no STF, existe um filtro em Florianópolis onde os desembargadores podem entender que o recurso "não vai" aos supremos. Nesse caso, acaba em Florianópolis e ponto final.", exemplificou Buch.

Tramites não obedecem a calendários eleitorais

Em relação às afirmações sobre a tese de "armação" propagada, o juiz João Marcos Buch explica que os processos seguem um tramite e que esse caminhar não obedece calendários eleitorais e sim os dispositivos legais. "Por exemplo, nós temos processos aqui na 2ª Vara Criminal contra a administração pública que envolve pessoas públicas e que estão caminhando para se encerrar em abril ou maio do ano que vem. Em abril ou maio eles serão julgados," disse.

Escândalo derrubou Darci de Matos

As escutas telefônicas feitas pela Polícia Civil, com autorização da Justiça, encontraram outras sujeiras debaixo do tapete. No dia 8 de outubro, a prisão de Norival Silva é novamente decretada. De acordo com o MPE, em criminosa manobra, Darci de Matos em conluio com Norival Silva e o ex-prefeito Marco Antonio Tebaldi, tentaram subornar o deputado estadual Nilson Gonçalves (PSDB), a não concorrer a prefeitura de Joinville. Antes de se oficializar as candidaturas para o pleito eleitoral que se aproximava, Nilson figurava como um forte candidato e detinha a preferência dos eleitores nas pesquisas. Essa situação era um intransponível obstáculo ao projeto de Darci e de Norival Silva.

MENSAGEM DE CELULAR

Já naquela oportunidade, Norival se apresentava como virtual vice na composição DEM/PSDB. Afastar Nilson Gonçalves da disputa era uma necessidade para garantir a adesão integral dos tucanos ao projeto desenhado por Tebaldi para sua sucessão. A solução encontrada seria quitar uma dívida de Nilson com a prefeitura em troca de sua desistência da candidatura. Na época, o valor dos tributos devidos por Nilson era de R$ 55 mil. Ainda durante as investigações sobre os esquemas de Norival com fornecedores da Secretaria de Saúde, foi interceptada a seguinte mensagem de celular de Darci para Norival. ""O Dep Nilson deve 55 mil na prefeitura o Tebalde ajudou um pouco e parou esta meio chateado. O Dep falou comigo. É muito importante para o nosso projeto Debito ate dia 20.12. Talvez uns 2 ou 3 fornecedores da saúde. Resolvemos e depois informamos o Tebaldi".

Vice de Darci de Matos

Depois que o escândalo aflorou na imprensa, seus correligionários tucanos apressadamente negaram veemente que o nome de Norival estivesse sendo cogitado para ser vice de Darci de Matos. Porém, durante o interrogatório de Roni Broilo, em janeiro de 2008, ele já havia confirmado a polícia que durante um jantar no hotel Majestic, em Florianópolis, Norival Silva lhe confidenciou que seria candidato a vice-prefeito em Joinville.

ENTENDA O CASO

O inicio A infame saga de Norival teve inicio em 2007. Sua quadrilha começou a ser desmantelada a partir de uma denúncia da fiscal sanitarista Lia Abreu, feita ao Ministério Público Estadual (MPE). Lia informou a 13ª promotoria, que vinha sendo ameaçada por Norival por estar exercendo sua função ao interditar escolas em estado precário de funcionamento.

A partir desse momento, o secretário tucano passou a ser monitorado pela polícia. Mas, o que o MPE descobriu foi algo ainda mais grave. Norival Silva foi flagrado em condutas criminosas ainda mais complexas através de escutas telefônicas autorizadas pela justiça. Os policiais concluíram que Norival encabeçava uma quadrilha que alterava a ordem cronológica dos pagamentos de fornecedores da Secretaria Estadual e Municipal de Saúde. Os fornecedores, que se sujeitavam ao pagamente de propinas de até 10% a Norival tinham seus pagamentos efetuados com prioridade. As "gorjetas" pagas ao ex-secretário podem ultrapassar R$ 1 milhão.

Tentando despistar a polícia Ciente de que sua conduta era ilícita, Norival para realizar seus nefastos contatos e despistar uma possível intervenção policial, no dia 31 de outubro de 2007, registrou um telefone celular em nome do laranja Rodrigo Otavio Batista, funcionário da Secretaria Municipal de Saúde. Rodrigo ingressou como arquivista na secretaria através de uma indicação de seu primo Marcos Dias de Oliveira, assessor de comunicação de Norival.

Caixa com propina As investigações se entenderam por meses, e durante esse processo, muitos diálogos de Norival foram interceptados pela polícia. Entre as descobertas da polícia, uma merece destaque. Em um telefonema, Norival marcou um encontro em Tijucas com o representante comercial Roni Broilo, também investigado. "O medicamento (propina) vai num isopor com gelo, tudo certinho, não tem problema algum", disse Roni ao telefone. Sobre esse dialogo captado pela polícia, Roni revelou em seu primeiro interrogatório se tratar de uma caixa que certa vez enviou a Norival através do motorista do ex-secretário. Questionado sobre o conteúdo da caixa de isopor, ele alegou conter tainhas e ovas. Entretanto, Broilo voltou atrás, e em novo depoimento disse que a caixa continha na verdade um tijolo e uma quantia que ultrapassava R$ 10 mil.

Depois de horas de escutas telefônicas com direito a fotos de Norival recebendo envelopes suspeitos em Florianópolis, o juiz João Marcos Buch decidiu que era hora de decretar a prisão dos suspeitos. No dia 14 de janeiro de 2008, às 6 horas da manhã, uma viatura da Diretoria de Investigações Criminais de Santa Catarina (DEIC), estacionou em frente a casa de Norival. Os policiais apreenderam computadores, planilhas contendo valores oriundos das propinas e um saco com mais de R$ 50 mil em dinheiro. Norival Silva recebeu voz de prisão e foi levado para a sede do DEIC, em São José. Lá o secretário fez companhia para outros suspeitos de integrar a quadrilha. Foram presos simultaneamente, Ramon da Silva, ex-superintendente administrativo da Secretaria de Estado da Saúde, Roni Broilo, e os empresários João Batista Soares dos Santos, Flávio Hormann, Élson Tadeu Pucci, Ramatys Silva Teffeha, Marcos Antonio Dela Justina e Fernanda Maria Menezes.

‘Momento Dá Árvore’ acontece neste sábado

Dinilson vieira
redacao@gazetadejoinville.com.br

A campanha "Momento dá Árvore" com certeza já colaborou no plantio de uma floresta bem maior do que o equivalente ao tamanho de 15 campos de futebol. A constatação de que a campanha é mais abrangente do que as 25.200 árvores plantadas ao longo de 20 anos está no esforço solidário da família da dona de casa Nilde Terezinha Lopes. Faz 15 anos que ela e o marido plantaram no quintal de casa um pé de acerola recebido em troca de um quilo de alimento não-perecível. "A planta cresceu, nos proporciona tomar um suco bem fresquinho e rico em vitamina C e já distribuí para amigos e vizinhos mais de 100 mudas dessa mesma árvore", afirma Nilde, orgulhosa.

Neste sábado (26), para celebrar o início da primavera, a construtora Momento Engenharia realiza a 20ª edição do evento, que tem como principais apelos conscientizar a população sobre a importância de preservar o meio ambiente e despertar a necessidade de ajudar o próximo através da doação de alimentos. Ao doar, o participante é presenteado com uma muda. A construtora dobra a quantidade de produtos arrecadados, que são entregues a instituições que trabalham com pessoas carentes.

A família de dona Nilde e o marido, Luiz Lopes, é um exemplo de quem trazia os filhos para receber a muda e passou a ter os netos como companhia na hora de participar do evento. No caso dos Lopes, quem geralmente acompanha os avós é a estudante Mariana, hoje com 15 anos de idade, mas que tinha apenas três meses de vida quando o pé de acerola foi plantado nos fundos da casa 3.548 da rua Inambu, no bairro Costa e Silva.

"Essa árvore é um símbolo na minha vida porque cresci junto com ela. O suco que sai de seus frutos é delicioso. E a campanha de distribuir uma muda para quem doa alimento é uma ótima ideia, de muita conscientização ambiental e de generosidade", diz Mariana. A família Lopes ainda mantém no quintal um pé de figo também recebido da campanha há cinco anos. "Faço a mesma coisa com o figo: desenvolvo as mudas e as distribuo para conhecidos", afirma Nilde. Organizador do evento, Luiz Fernando Biasi se sente recompensado: "É gratificante ver que o nosso gesto desencadeia nas pessoas uma corrente em favor do meio ambiente".

Onde buscar

A "Momento da Árvore" acontece das 09 às 18 horas, em frente à sede da construtora, na rua Pedro Lobo, 41, ao lado do Shopping Mueller. Os alimentos sempre são entregues às famílias necessitadas no dia seguinte do evento, domingo. Para esta 20ª edição, a construtora já adquiriu mais de 1.000 mudas de árvores frutíferas, floríferas e ornamentais como ipês, azaléias, pitanga e mexerica.

Esperança: a última que morre

Por JACSON ALMEIDA e GISELE KRAMA
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"Eu sai de casa com a bolsa arrumada". Assim Suzana da Silva narra a quarta vez que foi para o Hospital Municipal São José com a esperança de ser operada e de se curar da doença chamada hérnia de hiato, que todos conhecem como refluxo. Descobriu em 2000 que sofria do problema e no ano seguinte foi ao médico. Além de permanecer dez anos na fila da Habitação, esperando por uma casa, ela aguarda a oito na fila da Saúde, por uma cirurgia simples.

A COZINHEIRA QUE NÃO PODE COMER

Mãe de três filhos, um de 16 anos, um de 17 e um bebê, mora também com seus pais no bairro Saguaçu. Seu primogênito também tinha a doença, mas foi operado. Mesmo sendo cozinheira, Suzana não pode apreciar o que faz, pois vomita quase tudo que come.

A cozinheira acorda cedo para ir trabalhar. Seu café da manhã é dois comprimidos do medicamento omeprazol, com água para ajudar a descer. Se comesse algo, correria o risco de vomitar no ônibus.

No trabalho come um pequeno lanche perto das 9 horas, que pode ser o único no resto do dia, já que o almoço para ela não existe. O café da tarde pode ser uma fruta. E a janta apenas para seus filhos. Se comer algo à noite não consegue dormir e nem respirar.

Ela soube que estava doente quando sentiu uma dor no estômago e logo depois passou a vomitar tudo que comia. Além disso, veio a gastrite crônica, uma azia que não para, nem por uma hora.
Faz tanto tempo que Suzana aguarda na fila para uma cirurgia que o médico com que se consultava aposentou-se. Ela já foi quatro vezes para o hospital com a mala pronta pensando que iria se curar. Chegando lá, sempre a mesma história: "a cirurgia foi cancelada". "Toda vez que ligo é uma desculpa diferente", lamenta. Por causa disso passou sete vezes por uma série de exames pré-operatórios.

Com o refluxo, outras doenças aparecem. Sua voz é rouca porque o refluxo atrapalha as cordas vocais. Enquanto vê seus filhos deitados, Suzana tem que dormir sentada, pois não consegue se deitar. Sua cama foi adaptada e tem a cabeceira levantada 35 centímetros para evitar que se afogue. Além disso, usa mais três travesseiros.

Ela pode acordar engasgada, pois o paciente com refluxo deitado permite que a comida reflua do estômago para o esôfago e depois para a traquéia, que vai para o pulmão, podendo causar asfixia e pneumonia.

Suzana toma omeprazol há seis anos, de seis a oito comprimidos por dia. O medicamento serve para minimizar a dor de estômago e azia, ajudando no alívio dos sintomas da doença. Ela já fez nove endoscopias.

Suzana denuncia com tristeza que muitas pessoas na mesma situação já fizeram a cirurgia antes dela.

73 mil pessoas esperam por consulta com especialista

Na maior cidade de Santa Catarina, milhares de pacientes esperam na fila para conseguir uma consulta com médico especialista pelo SUS. Esta informação foi passada pela Secretaria Municipal de Saúde, a pedido do vereador Patrício Destro (DEM), no dia 9 de setembro.

Desde 2007, a quantidade de consultas reprimidas quase dobrou. Naquele ano, a fila era de 42.150 pessoas e neste ano é de 73.386. A especialidade com maior fila é a cardiologia, com 10.906 pacientes, entre adultos e crianças.

SITUAÇÃO DOS PAs

Patrício Destro afirma que vai cobrar a promessa do prefeito de melhorar a saúde em Joinville. Para ele, a situação é vergonhosa. "O PA Sul, por exemplo, está quase caindo", completa. O democrata conta que não percebeu melhora na saúde entre o ano passado e este.

Quando questionado sobre o número de consultas reprimidas, ele diz que é preciso discutir esta situação agora. "Não vamos esperar que chegue o próximo ano com 120 mil pessoas esperando por um especialista", destaca.

Destro questiona ainda: Por que em Curitiba não tem uma fila tão grande assim? Por que em São Paulo uma pessoa espera por uma consulta por dois meses, enquanto em Joinville espera por quatro anos? Como uma pessoa que sofre do coração pode esperar tanto tempo por uma consulta?

Para ele, a única solução para resolver esses problemas é levar a discussão à Câmara de Vereadores. "Estão perdendo o foco da Saúde e isto não pode acontecer", alerta.

Especialidades com maior quantidade de pessoas esperando

Quem precisar do atendimento com um neurologista terá que entrar em uma fila quilométrica e aguardar até que 6.521 pessoas sejam consultadas. Em 2007, a demanda reprimida já chegava a 3.981.

Já na oftalmologia houve uma melhora no quadro. Há 9.052 pessoas na espera. Em relação a 2007, esse número caiu. Essa especialidade já chegou a ter 12.859 pacientes aguardando.
Outro salto é para as consultas de otorrinolaringologia. Se antes eram 5.260 pacientes querendo uma consulta, hoje são 9.571.

Até para reumatologia há espera. Atualmente são 4.546 pessoas no aguardo de uma consulta.

Dez mil crianças na fila

Mesmo o Hospital Infantil que atende mais de três mil crianças no ambulatório de especialidades, esse número não é suficiente para acabar com a quantidade de consultas reprimidas. Atualmente, Joinville tem 10.381 crianças que aguardam para serem atendidas por um especialista.

Ação criminal liga prefeito preso de Pomerode a secretário de Carlito

Da redação
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O ex-prefeito de Pomerode, Henrique Drews Filho, foi preso no dia 11 de setembro de 2009 em cumprimento a uma condenação criminal vinda de uma ação proposta pelo Ministério Público Estadual (MPE), da qual não cabe mais recurso. Ele cumpre pena de cinco anos e seis meses de reclusão, em regime semi-fechado, ou seja, sua liberdade está restrita aos muros do Presídio Regional de Blumenau.

Além da ação penal, que culminou com sua prisão, o ex-prefeito Henrique, responde a uma avalanche de processos em Pomerode, entre eles uma ação civil pública ajuizada pelo promotor Odair Tramontin, na qual ele também foi condenado juntamente com o secretário de Infraestrutura do prefeito Carlito Merss, o engenheiro Ariel Arno Pizzolatti e seu irmão, o deputado federal João Alberto Pizzolatti Junior (PP) que chegou a ser apontado pelo jornal "Folha de São Paulo" como "segundo homem" na distribuição de dinheiro ilegal para a bancada do PP no esquema de corrupção conhecido como "mensalão". Na ação contra os Pizzolatti, também foram condenados nessa ação civil Pública os ex-prefeitos Reimund Viebrantz e Magrit Krueger.

Ariel Pizzolatti recebeu mesmo antes de ganhar a licitação, segundo MP

De acordo com o Ministério Público, durante a gestão dos três prefeitos, Henrique, Magrit e Raimund, foram promovidas seis licitações na modalidade carta-convite. O objetivo dessa modalidade de concorrência pública era a contratação de consultoria e assessoria técnica na elaboração de projetos nas áreas de financiamento e desenvolvimento urbano. Sendo vencedora em todas as licitações, as empresa de propriedade de Ariel e João Pizzolatti. "A referida empresa, posteriormente denominada URBE ENGENHARIA E CONSULTORIA LTDA. (...), também pertencia a ARIEL ARNO PIZZOLATTI (...) e tinha sua sede na cidade de Joinville-SC, no mesmo endereço em que se situava o apartamento em que reside este último demandado", sustentava a denúncia.

Além disso, a promotoria também afirmava a ligação política entre os três prefeitos de Pomerode, "Os três requeridos mencionados eram politicamente ligados a JOÃO ALBERTO PIZZOLATTI JUNIOR, Deputado Federal que possuía domicílio eleitoral nesta cidade, sendo sócio da empresa PIZZOLATTI ENGENHARIA E CONSULTORIA LTDA.", constava no documento do MPE.

Cartas marcadas?

Todas as empresas participantes da concorrência em Pomerode, eram da cidade de Joinville: a Pizzolatti Engenharia e Consultoria Ltda, Azimute Topografia e Planejamento S/C Ltda e RV Engenharia e Consultoria Ltda. Se não bastasse tal "coincidência", as empresas que "disputaram" e não venceram o certame possuem identidade de sócios: Antonio Carlos Ramuskie e José Antonio Valdez são sócios tanto da RV Engenharia e Consultoria Ltda, quanto da Azimute Topografia e Planejamento S/C Ltda. Em outras licitações, onde a vencedora foi a Urbe Engenharia e Consultoria Ltda, as concorrentes também eram de Joinville: a Azimute Topografia e Planejamento S/C Ltda, Planicontrol Planejamento e Controle de Obras Ltda e a Level Arquitetura e Computação Gráfica Ltda.

O crime que levou o ex-prefeito para a cadeia

A condenação é resultante de ação penal proposta pelo Ministério Público pelo desvio de verbas públicas em proveito próprio que, na época dos fatos (1997 e 1998), somavam mais de R$ 300 mil. De acordo com o advogado do ex-prefeito, Eduardo Kotkievicz Coimbra, o estado de saúde de seu cliente é extremamente delicado. "Ele está com a saúde debilitada. Em uma única cirurgia fez duas safenas e três mamarias. Ele também tem um câncer de próstata com metástases. Além disso, é portador de osteoporose. Ele está nos ossos".

Empréstimos irregulares

Segundo apurou o Ministério Público, Drews Filho efetuou empréstimos com particulares (pessoas físicas e jurídicas), em nome da Associação dos Servidores Públicos Municipais de Pomerode, que foram pagos com recursos da Prefeitura Municipal. O MPE demonstrou ao Judiciário que houve irregularidade nas operações, tendo sido efetuado pagamento de valores expressivos a título de juros pelos empréstimos.

O Ministério Público também apurou que, para encobrir o desvio diante de auditoria que foi realizada pelo Tribunal de Contas do Estado, o então prefeito também efetuou alterações no orçamento municipal em vigor, com aprovação do Legislativo, simulando transferências de recursos para a Associação de Servidores, que não foram efetivamente repassados à entidade.
sentença não cabe.

Mais recurso

A sentença criminal foi proferida em primeiro grau e confirmada pelo Tribunal de Justiça, que negou a apelação criminal movida pelo ex-prefeito. O processo já transitou em julgado e não cabe mais recurso da decisão. Mesmo com as supostas enfermidades, alegadas pelo advogado, a juíza da comarca de Pomerode, Iraci Satomi Kuraoka Schiocchet, negou no último dia 21 um pedido de prisão domiciliar ao Henrique Drews. "Isto posto, face ao não preenchimento dos requisitos constantes no artigo 117 da LEP, especificamente regime prisional e falta de doença grave, INDEFIRO o pedido de prisão domiciliar elaborado pelo condenado HENRIQUE DREWS FILHO.", decidiu a juiza.

Mudança na promotoria

A promotora Patrícia Tramontin, que substitui o marido, Odair Tramontin, no Ministério Público de Pomerode, diz que está à frente da promotoria da Comarca há apenas poucos meses e que ainda não tem um conhecimento aprofundado das denúncias.

A culpa é sempre do prefeito

O defensor de Drews, o advogado Eduardo Coimbra confirma que o prefeito possui muitos processos, mas avalia as situações envolvendo o ex-prefeito da seguinte maneira. "Toda a responsabilidade recai sobre o prefeito. Pode ser qualquer outro servidor, qualquer outro secretário que faça m... Pode ser que o secretário diga assim, ‘prefeito assina aqui essa portaria porque tem que assina’. Ele vai e assina. E se der alguma m... ele dança. É aquela história, responsabilidade subjetiva." A Gazeta de Joinville tentou ouvir o ex-prefeito no Presídio de Blumenau, mas ele não quis se pronunciar.

EDITORIAL: Esperança: a última que morre

Ela espera sempre, literalmente sentada. Por causa do refluxo, a joinvilense Suzana Silva, três filhos, não se deita para dormir como fazem a maioria das pessoas. Há oito anos aguarda uma cirurgia que possa corrigir seu problema de hérnia de hiato, e nesse tempo, por quatro vezes fez sua mala e foi para o Hospital São José. Cada vez ouviu uma desculpa. Uma hora o médico que faria a cirurgia não compareceu, noutra faltavam equipamentos.

Este exemplo, trazido à tona nesta edição pela reportagem da Gazeta, mostra um quadro desalentador que vem persistindo ao longo dos anos e agora ganha contornos dramáticos. Só para exemplificar, nos últimos meses, o número de pessoas que esperam na fila por consulta praticamente dobrou e chega a mais de 73 mil pacientes.

Somente na área da cardiologia são 10.906 pessoas que continuam sem ter definição de quando serão atendidas. A inoperância do sistema público de saúde continua fazendo das pessoas mais carentes suas maiores vítimas.

Suzana Silva não toma café da manhã para não vomitar no ônibus que usa diariamente para ir ao seu trabalho. São seis comprimidos diários que já afetaram suas cordas vocais e continuam a produzir efeitos colaterais.

Até quando?

Quantas Suzanes continuarão a dormir sentadas até que as vergonhosas filas sejam finalmente reduzidas?

Ainda estão vivas na memória das pessoas as promessas de que em 100 dias os problemas da saúde em Joinville estariam resolvidos. Passados 260 dias, o quadro na saúde é ainda pior que aquele deixado pelo prefeito anterior.

Águas de Joinville usa aumento da tarifa para comprar sede

Gisele Krama
giselekrama@gazetadejoinville.com.br

Em abril deste ano foi autorizado o aumento da tarifa de água em 6,41% em Joinville. Esse montante, que acrescentaria aos cofres da Companhia Águas de Joinville (CAJ) de R$ 5 milhões, agilizaria as obras de revitalização da rede de água e construção da rede de esgoto. Mas cinco meses depois do reajuste, a primeira ação da empresa foi comprar uma sede própria, com os mesmos R$ 5 milhões. Essa aquisição foi feita justamente no período em que quatro acidentes ocorreram por falta de manutenção no sistema, que culminou no rompimento de adutoras e válvulas.

Novo palacete

Enquanto famílias perderam tudo no bairro Fátima e outros moradores do bairro Santo Antônio convivem com o medo de um novo deslizamento, a CAJ voltou suas forças para a divulgação dos benefícios do novo prédio. Assim, as famílias atingidas pelas falhas da companhia convivem com a precariedade. Já os funcionários da empresa de água se deslumbram com o novo “palacete” em que irão trabalhar.

A companhia paga atualmente R$ 10 mil por mês de aluguel. Um dos argumentos para a compra da nova sede é que seriam minimizados os custos com combustível e telefone, já que a administração está dividida em três prédios alugados. Mesmo assim, o valor pago pelo prédio daria para pagar mais de 41 anos de aluguel.

Ou seja, a Companhia Águas de Joinville só vai lucrar com essa ação daqui a quase meio século. Assim, a empresa fez um investimento de longo prazo, deixando para trás obras mais importantes como tratamento de esgoto e manutenção dos equipamentos.

Jardim, árvores e um lago

Em nota, a companhia informa que o terreno comprado para a sede tem mais de 15.000 m2 e quase 2.000 m2 de área construída. O prédio era da Totvs, empresa de informática, responsável por intalar equipamentos de alta tecnologia no local.

Entre alguns confortos, como o auditório de 60 lugares e ar condicionado, foi disponibilizado um estacionamento de 5.000 m2. Além de câmeras de vigilância e semáforo exclusivo.
E para melhorar o trabalho dos funcionários da CAJ, na frente do novo prédio há um jardim, com árvores e inclusive com lago.

O terreno está localizado na rua XV de Novembro, 3950. Para chegar lá, só há uma linha de ônibus: o Vila Nova. O local fica próximo da BR 101.

Falta manutenção

O presidente da Amae (Agência Reguladora Municipal de Água e Esgoto), Antônio Riva, diz que os quatro problemas ocorreram por falta de manutenção da rede. Conforme ele, a antiga companhia de água, a Casan, deixou o equipamento sucateado. Mesmo assim, ele vai aguardar relatório da Companhia Águas de Joinville) CAJ para tomar providências.

As peças que quebraram têm mais de 20 anos. No Piraí é o caso mais grave. A adutora que rompeu leva água até o reservatório inaugurado em junho deste ano, que custou R$ 1,4 milhão, no bairro Vila Nova.

Já o problema com a válvula no bairro Fátima ocorreu por causa dos funcionários da CAJ. A adutora precisava de manutenção e os operários trancaram o fluxo de água, mas não desligaram a bomba que faz pressão para que o líquido suba rapidamente até o reservatório.

A válvula não agüentou a pressão e estourou, deixando casas com até um metro de água. Famílias, como a de Tânia Amabiles de Oliveira, perderam tudo, inclusive a paciência com a companhia, que demorou em ressarci-la pelos estragos causados pela água. A Companhia não devolverá roupas, objetos e nem remédios destruídos com o desastre.

Responsabilidade da CAJ

Conforme Antônio Riva, a empresa tem seguradora para estes casos, que indeniza as famílias em desastres. No entanto, a seguradora somente compensa a perda dos móveis básicos das residências. O restante da assistência deveria ser dado pela Águas de Joinville.

Mas quando a equipe de reportagem esteve na casa destas famílias, nada tinha sido resolvido ainda. Os cômodos estavam vazios, com alguns sacos de roupas e mantimentos doados por vizinhos. Tânia tem pais doentes e um filho, que não foi para a escola porque não tinha roupa.

Moradores da região Norte também sofreram com acidentes. No bairro Santo Antônio, outra válvula estourou, fazendo a água deslizar morro abaixo. Junto com o líquido, a lama desceu até os quintais das casas. As pessoas ficaram desesperadas e com medo de desmoronamento.

Pela manhã de sexta-feira (04), rompeu outra adutora de 150 metros na avenida Coronel Procópio Gomes, no Bucarein. Toda a região ficou sem água.

Desde o início do ano, diversos incidentes têm sido causados pela CAJ. Em 21 de abril deste ano, um cano estourou e atingiu as ruas Campo Erê e Barra Velha, no Floresta. Já em 20 de julho mais um rompimento. Um vazamento na rua Max Colin deixou o trânsito parado e a região sem água. São aproximadamente 60 vazamentos por dia.

Para resolver o problema de manutenção, a Companhia Águas de Joinville aumentou a tarifa em 6,41%. Com o acréscimo, a empresa teria em caixa aproximadamente R$ 5 milhões, que serviria para modernizar a rede.

Cronograma para troca de válvulas

O diretor de Operações da Companhia Águas de Joinville, Pedro Alacon, diz que há um cronograma para a troca de todas as válvulas da rede de água, com o custo de R$ 2 milhões, somente neste ano. Conforme ele, a prioridade é para as trocas de válvulas de grande "calibre", que podem chegar ao custo de R$ 500 mil cada.

No entanto, o equipamento que deu problema nas últimas semanas tem menor porte e custa aproximadamente R$ 15 mil. Ou seja, com o dinheiro gasto com a nova sede daria para adquirir mais de 330 válvulas novas.

Esse montante de R$ 5 milhões também daria para construir 208 casas, iguais às que serão feitas no Jardim Paraíso, com os recursos do PAC.

Entrevista • Antônio Riva

Posição da Amae quanto aos acidentes

Nós herdamos uma tubulação sucateada. Eu tive a informação de que no local onde essas pessoas foram atingidas, a tubulação não era sucateada. Era uma tubulação mais moderna. E o problema que houve lá, é que apareceu um pequeno trinco. Então foi fechada a válvula para trabalhar no seco. E essa válvula foi o grande problema. Quando fechou a válvula, a válvula explodiu.

As responsabilidades da Águas de Joinville

Quando acontece esse tipo de problema, tem um seguro que cobre. É evidente que num momento destes sempre alguém sofre. Por mais que a Companhia queira ser humana, não vai evitar o sofrimento. Preocupada ou não, ela está sendo responsável por isto aí, pelo sistema. Não houve negligência. Mas o fato de estourar, de romper essa adutora, da invasão da água, é claro que causou problemas.

Atraso na obra da adutora do Piraí

Para fazer a adutora do Piraí tem verba do PAC. Algo entre R$ 17 e 20 milhões para a obra, uma nova adutora. Sabemos que a companhia não é totalmente culpada, mas sabemos que ela deveria ter apressado a obra. Esse acidente que aconteceu no Piraí poderia ter sido evitado.

Falta inspeção nos equipamentos

Deveria ter uma inspeção mais apurada em cima destes equipamentos mais antigos, obsoletos. Mesmo que não apresente defeitos. Não dá para esperar o defeito aparecer para substituir. Acho que tá na hora de fazer isto (inspeções). Falta de recursos não é o problema. A companhia tem dinheiro em caixa .

Deputado Kennedy Nunes leva uma tonelada de donativos aos atingidos pelo ciclone ao Oeste de Santa Catarina


Na manhã da última quarta-feira (16), o Deputado Kennedy Nunes (à esquerda na foto) partiu de Joinville para o Oeste do estado, onde visitou algumas cidades, entre elas, Guaraciaba, uma das cidades mais atingidas pelos vendavais em Santa Catarina. Na bagagem, Kennedy levou aproximadamente uma tonelada de donativos que arrecadou junto a amigos. "Não dá pra legislar o tempo todo, às vezes a gente precisa executar. É do ser humano. Estou fazendo a minha parte, se cada um fizer a sua, a recuperação para essas famílias vai ser menos dolorosa", comentou o deputado que, com a ajuda dos assessores, organizou as doações na carroceria de sua caminhonete e partiu para o Oeste de Santa Catarina.

EDITORIAL: Inchaço desnecessário

De forma surpreendentemente rápida o Congresso aprovou a PEC dos vereadores que cria algo em torno de 7.500 novos vereadores em inúmeras Câmaras Municipais, inclusive na de Joinville.
O aumento, por aqui, seria de mais 6 parlamentares o que totalizariam 25 vereadores.

Para o filósofo Claudio Weber Abramo, diretor da Transparência Brasil, nenhum dos promotores dessa Proposta de Emenda à Constituição conseguiu responder a uma pergunta singela: há demanda do eleitor dessas cidades por mais vereadores?

É claro que não há. Ao contrário. Dada a inoperância das Câmaras, sempre compradas pelos prefeitos por meio do mecanismo perverso do loteamento da administração em troca de apoio político, o público brasileiro considera o Legislativo inútil, dispendioso e invadido por aventureiros.

Em Joinville a atual Câmara de Vereadores retrata claramente este quadro tragicômico em que com raras exceções os vereadores mostram-se claramente despreparados para exercer suas funções básicas de fiscalizar o executivo municipal e propor as leis necessárias para o bom funcionamento da cidade.

É vergonhoso admitir que aqueles que estão numa casa legislativa não saibam nem mesmo diferenciar uma liminar de um mandado de segurança.

Será que aumentando 6 vereadores na Câmara de Joinville este quadro de mediocridade melhora? É provável que não.

O que ocorreria, de fato, seria um inchaço de mais 30 pessoas pagas com o nosso dinheiro já que cada novo vereador deve nomear de imediato cerca de 5 assessores que servirão aos interesses dos partidos e dos políticos. Na prática estes "assessores nada mais seriam que cabos eleitorais".

Como lembra Abramo: "A PEC dos Vereadores serve a eles, não a nós".

Se Carlito diz que não consegue dormir, imagine os moradores do Juquiá

JACSON ALMEIDA
jacson@gazetadejoinville.com.br

Em artigo publicado na segunda-feira (14), no jornal Notícias do Dia, o prefeito Carlito Merss disse que não conseguiu dormir por causa do volume das chuvas, que o fez lembrar o drama das cheias em novembro do ano passado e janeiro e março deste ano. Ele destaca que neste ano a catástrofe não se repetiu devido ao trabalho da prefeitura. No entanto, o prefeito se esqueceu das famílias do Juquiá.

Além de viver em residências precárias, moradores da ocupação do Juquiá e do conjunto habitacional Ulysses Guimarães não têm condições nenhuma de trafegar pelas ruas do bairro. Crianças brincam na lama, que divide espaço com o esgoto a céu aberto.

A equipe de reportagem da Gazeta de Joinville esteve no bairro no mês de julho e nada mudou. Agora, é impossível identificar a rua Adilson Funaro em meio à lama e valas.

O bairro Ulysses Guimarães fica distante seis quilômetros do centro. De 15 quilômetros de vias, apenas 1,5 quilômetro é asfaltado. O resto é barro que, além de ruas, é espaço para crianças brincarem, ficando vulneráveis a diversas doenças causadas pela falta de saneamento.

Segundo dados do Ippuj (Fundação Instituto de Pesquisa e Planejamento para o Desenvolvimento Sustentável de Joinville), 23% da população desta região tem entre zero e nove anos. Outra grande parcela, 21%, tem de dez a 19 anos. Ou seja, quase metade da população tem que usar diariamente vias precárias para ter acesso à educação.

Na ocupação do Juquiá, que fica na rua Adilson Funaro, famílias vivem em barracos feitos de madeiras que não chegam a ser maiores do que três banheiros convencionais. Mais de 64% delas não possuem casas com até 20 metros quadrados. Se não bastasse, para irem trabalhar, moradores dprecisam sujar os pés e a roupas de lama.

Corpo de jovem é transportado em carrinho-de-mão

No último Dia dos Pais, o morador Francisco Boroviak não pode festejar a data. Seu filho, que sofria de síndrome de down, começou a passar mal. Como onde mora é de difícil acesso, os paramédicos não conseguiram chegar a tempo e o rapaz, de 26 anos, morreu no local.

Moradores contam que quando o filho de Francisco passava mal, tinha que ser carregado com um carrinho de mão até onde a ambulância parava. O rapaz pesava 110 quilos. O morador tem a casa regularizada, paga água e energia elétrica. Francisco lamenta o esquecimento do prefeito e dos vereadores.

Em junho, as famílias da ocupação do Juquiá tentaram fazer uma "vaquinha" para colocar saibro na rua, mas nem todos tiveram condição. Segundo o censo feito pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), aproximadamente, 18,42 % das famílias do Juquiá não possuem renda alguma, 26,3% ganham menos que um salário mínimo e 6,57% ganham R$ 465.

Claudinei Rodrigues de Lima, que também tem sua residência regularizada, diz que mora há cinco anos no local. O seu problema é na hora de ir para o trabalho. Ele conta que leva mais de 10 minutos para andar 100 metros na rua Adilson Funaro por causa da lama. É um verdadeiro obstáculo para a comunidade andar entre a lama e as valas.

No mês passado, agentes da Secretaria Regional do Paranaguamirim colocaram um caminhão de saibro na rua, que não mudou em nada o local. Seria preciso, no mínimo, seis caminhões de saibro para arrumar a via e dar condições de tráfego.

Além disso, segundo moradores, quando o caminhão trouxe o saibro, servidores mandaram as famílias espalharem o material porque não havia máquina na secretaria.

A mesma dificuldade continua com relação às crianças que estudam. Quando vão para a escola, as professoras criticam os pais porque os filhos chegam sujos na aula. Claudinei conta que não tem como seu filho não se sujar com a lama. O drama das famílias com relação às cheias ainda continua. Nas últimas semanas, os moradores passaram por dificuldades. Em alguns pontos chegou a encher.

Saibro A equipe da Gazeta entrou em contato com o secretário regional do Paranaguamirim, Lioílson Mário Corrêa, para falar sobre o problema dos moradores. Na terça-feira (15), servidores da secretaria distribuíram 20 metros de saibro e começaram a arrumar a rua.

O secretário explica que a cota de saibro para a regional é de 950 toneladas por mês, quantidade 100% maior que a gestão anterior.

Segundo Lioílson, como o dinheiro destinado ao saibro é pouco no orçamento, houve um aditivo de R$ 500 mil para aumentar o material de todas as secretarias.

Máquinas caça-níqueis apreendidas na Rua São Paulo

Após denúncia anônima, policiais militares foram averiguar uma loja de eletrônicos localizada na Rua São Paulo e encontraram onze máquinas caça-níqueis em pleno funcionamento. No momento da abordagem havia cinco apostadores no local. As máquinas e a quantia de R$620,00 foram apreendidas e foi lavrado um Termo Circunstanciado em desfavor do responsável pelo local. O Instituto Dual de Educação irá recolher as máquinas.

Vereadores entopem comissões com projetos de lei bizarros

Da redação
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Para mostrar serviço neste primeiro semestre de 2009, vereadores de Joinville têm criado diversos projetos de lei que são estranhos e inúteis à cidade. A Gazeta de Joinville elencou os dez projetos mais bizarros e quais vereadores foram autores das leis mais estranhas neste ano.

Jucélio Girardi (PMDB) criou três projetos de lei fora do comum. O primeiro institui que os motociclistas usem a faixa exclusiva para ônibus. A segunda lei quer que a companhia que limpa as ruas de Joinville troque as vassouras de piaçava por outras mais ecológicas.

Seguindo esta ideia, Belini Meurer (PT) usou recursos da Câmara de Vereadores e foi até São Bento do Sul, em 20 de julho, para conhecer o processo de fabricação dos produtos recicláveis da empresa Condor. A justificativa dele é que estas informações irão ajudar no parecer da Comissão de Urbanismo, Obras, Serviços Públicos e Meio Ambiente, a respeito do projeto da troca das vassouras de piaçava.

Ainda na defesa do meio ambiente, o peemedebista Jucélio quer substituir todos os uniformes das escolas municipais. Conforme ele, os estudantes deverão usar roupas mais ecológicas.
O líder da bancada petista também quis mostrar trabalho neste retorno à Câmara e criou dois projetos inusitados. O primeiro projeto de Manoel Bento institui Políticas Municipais para Plantas Medicinais e Fitoterápicos. Já o segundo, inclui a Festa das Tradições Nordestinas no calendário de festas de Joinville, devendo ser realizada na segunda semana de fevereiro.
Ainda no assunto festas, Alodir Cristo (DEM) quer tornar a tradicional Festa das Flores, realizada há 72 anos, como evento oficial de Joinville.

Outro peemedebista que quis ousar no projeto é Osmari Fritz. Ele tem a intenção de bloquear no âmbito municipal as ligações de telemarketing. A lei está parada na Comissão de Legislação, Justiça e Redação.

Três tucanos também criaram pérolas no legislativo neste ano. Joaquim Quinzinho tem um projeto que torna obrigatória a distribuição de uma cartilha informativa, no caso de morte de paciente. Já Maurício Peixer quer criar o Dia do Ecumenismo em Joinville.

No entanto, o projeto de Lauro Kalfels gerou mais repercussão. Ele determina que os cinemas da cidade, incluindo salas alternativas, numerem suas cadeiras. Assim, quando alguém for comprar o ingresso já escolhe onde quer sentar.

Presidente Sandro Silva também tem projetos polêmicos

Mesmo fora do ranking feito pela Gazeta, o projeto de lei do presidente da Câmara, Sandro Silva (PPS), que torna obrigatória a instalação de telefones públicos para deficientes auditivos, não é convencional.

O equipamento funciona como uma espécie de sistema de mensagem instantânea, onde uma telefonista serve de intermediadora entre o surdo e a outra pessoa que está conversando com ele. Cada telefone custa aproximadamente R$ 2 mil.

CUSTOS PARA A COMUNIDADE

Para criar projetos como estes, os 19 vereadores de Joinville recebem, desde janeiro deste ano, R$ 8,7 mil por mês. Aproximadamente 18 vezes a mais do que um cidadão normal, que ganha R$ 465 para trabalhar 44 horas semanais.

Além do salário acima da média, os parlamentares recebem R$ 3 mil por mês para gastarem com telefones, material de escritório e viagens. Também podem contratar diversos assessores, totalizando R$ 16 mil de salários.

E a partir deste ano, cada parlamentar recebeu um carro novo, com direito a rodar entre 100 e 150 km por dia, sem custo algum. Mas se usar mais do que o estipulado em combustível não há problema. Conforme o setor de Patrimônio da Câmara, o vereador não é punido se extrapolar este limite.

Enquanto isso, o joinvilense que recebe R$ 465 por mês só tem direito ao vale-transporte, do qual é descontado 6% do salário, ou seja, R$ 27,9. Além do mais, ainda contribui com o INSS, tirando mais 8% do salário, R$ 37,20. Assim, o trabalhador, que tem direito ao salário mínimo, recebe em dinheiro quase R$ 400.

AVENTUREIRO: Maior bairro, pouco asfalto e ainda sem PA entregue

Dinilson Vieira
especial para a Gazeta de Joinville

Maior bairro de Joinville por ocupar uma área de 9,29 quilômetros quadrados, possuir 33,3 mil habitantes e nada menos que 425 estabelecimentos comerciais e 135 indústrias, o Aventureiro também é cortado por 182 ruas, das quais apenas 72 são asfaltadas ou revestidas de paralelepípedos. As outras 110 vias, ou seja, mais da metade, são em saibro, uma mistura de areia e pedras que se transforma em lama e buracos em dias de chuva e muita poeira durante períodos ensolarados. O pujante Aventureiro já possui um pronto-atendimento (PA), cujo prédio está pronto, não funciona e ainda conserva problemas crônicos de saneamento básico.

O bairro se destaca por ser o que mais possui agremiações de moradores em relação a outras regiões da cidade: sete no total, que o subdividem em microrregiões e cada uma com a difícil tarefa de tentar melhorar a qualidade de vida local. Foi do Aventureiro de onde saiu boa parte dos 170.955 votos (ou 62,15%) que elegeram o prefeito Carlito Merss, que, entre suas promessas de campanha, estava a de dar uma resposta à saúde em 100 dias.

Por estar fechado, o prédio do PA apresenta sinais de abandono. A obra foi inaugurada pelo ex-prefeito Marco Tebaldi no fim de seu mandato. Apenas uma parte do espaço é ocupada pela Unidade I do Posto de Saúde do Aventureiro, que funciona de segunda a sexta-feira. Planejado para atender 24 horas, o prédio do novo PA possui infiltrações e o mato alto toma conta do entorno do prédio.

PROMESSA DE CAMPANHA
Presidente da Comissão de Justiça na Câmara, o vereador Juarez Pereira acredita na possibilidade do PA funcionar neste ano com 70% da capacidade, desde que a Prefeitura faça a licitação para adquirir equipamentos. "Não tem dinheiro para nada e não se pode abrir a unidade sem um aparelho de ultrassom". Segundo o vereador, serão necessários R$ 1 milhão para equipar a unidade e mais R$ 500 mil mensais para manter a folha de pagamento e a manutenção do prédio. "Foi promessa do prefeito Carlito fazer mudanças na saúde em 100 dias e isso não foi cumprido".

De acordo com o vereador Adilson Mariano, também da Comissão de Saúde, o prédio já precisa de reforma. "Há infiltrações, o que prova que a obra foi mal feita. Vamos esperar até novembro para abrir (o PA), caso contrário, o pau vai quebrar contra o prefeito", diz Mariano.

"Outro dia visitei a unidade e verifiquei que está quase tudo pronto, faltando instalar algumas pias", afirma Nilton da Silva, vice-presidente da Associação dos Moradores do Conjunto Castelo Branco, uma das sete entidades do bairro. Moradores como a dona de casa Terezinha Resende, aguardam ansiosos pelas atividades do PA, pois, enquanto isso não acontece, são obrigados a buscar atendimento mais especializado em outros bairros, como Costa e Silva.

Doméstica teme perder a casa

Após dez anos de espera, a família da doméstica Ana Pereira da Luz Walter realizou o sonho de construir uma casa de conforto razoável e desocupar o barraco nos fundos do imóvel, no final da rua Lauro Schroeder. Mas a tranqüilidade virou pesadelo.

Ao lado da moradia passa um afluente do Rio do Ferro e as últimas enchentes fizeram parte do terreno desbarrancar. Aos poucos, Ana assiste o córrego engolir seu terreno, sem esperança da Prefeitura construir um muro de contenção. "Meu marido construiu a casa com tanto suor e agora podemos perder o imóvel", afirmou a dona de casa.

Para piorar a situação, o córrego recebe boa parte do esgoto sanitário do bairro sem tratamento e o mau cheiro se espalha, principalmente em dias de sol forte. De acordo com dados da Secretaria de Infraestrutura (Seinfra), 99% dos domicílios do Aventureiro têm água encanada e eletricidade. Já os dados sobre o esgoto domiciliar são uma incógnita.

À espera do asfalto que não vem

Virou questão de honra da Secretaria Regional do Aventureiro incrementar no bairro uma espécie de PAC do asfalto. O secretário regional José Fausto lamenta por ainda não ter pavimentado pelo menos as vias que fazem parte do itinerário do ônibus que liga o bairro ao terminal do Iririú.

As vias em questão são a Aveiro, Santa Luzia, Oscar Fischer e Perdiz, que, antes do asfalto, precisam de conclusão na drenagem. O maior desafio, no entanto, é construir uma rede de captação de águas pluviais na rua Tuiti, próximo à avenida Santos Dumont. A rede necessita de tubos de 1 metro de diâmetro e 1.300 metros de extensão, até se ligar com o Rio do Ferro. A obra deverá custar R$ 1 milhão. Fausto explicou que não adiantaria pavimentar o itinerário do ônibus sem antes executar a rede na Tuiuti. "A água poderia ficar represada nas ruas".

Enquanto o asfalto não chega, moradores pagam um preço alto. A doméstica Marli Salete, que há 20 anos reside na casa 172 da rua Emília Silva Benk, lamenta: "Acabou a esperança de ver asfalto nessa rua. Faz 15 anos que lutamos pela melhoria e o jeito é comer poeira".

DINHEIRO DO PAC

A boa notícia é que Joinville acaba de receber R$ 56 milhões liberados pelo Ministério das Cidades através do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), e algumas obras de saneamento podem começar ainda este ano. A notícia ruim é que o Aventureiro não deverá ver um tostão desse dinheiro. Atualmente, a rede de tratamento e coleta cobre apenas 14% da cidade.

Bairro ganha ponte de concreto

A população da zona Leste de Joinville, onde fica o Aventureiro, passou a contar com uma ponte recém-inaugurada pela Secretaria de Infraestrutura (Seinfra), executada em com conjunto com as secretarias regionais do bairro e de outro vizinho, a do Comasa. A passagem fica na rua Martinho Van Biene, sobre o rio Iririú-Mirim, substituindo uma passagem de madeira que vivia interditada para consertos.

Com um vão de 15 metros, a obra custou R$ 119.341,73 e sua execução foi possível graças a um convênio entre a Prefeitura, Caixa Econômica Federal e Ministério das Cidades. O rio divide a área de abrangência das duas secretarias regionais: uma margem está localizada no perímetro do Aventureiro e a outra no Comasa.

O acesso à nova ponte pelo Comasa necessitou de 16 caminhões de 10 metros cúbicos cada de saibro. Já o acesso pelo Aventureiro está pronto, mas falta asfaltar a rua Martinho Van Biene, a qual tem 800 metros de rede pluvial, com diâmetro de 60 centímetros. "A ponte facilitou meu trabalho", diz o catador de papelão Orlando Carvalho, que costuma circular de um bairro a outro puxando carroça.

Área verde com lixo

As placas com o aviso de que é proibido jogar lixo e que os infratores podem ser multados estão espalhadas ao redor da única área verde do Aventureiro, mas o que se percebe é o desrespeito à regra. Vizinhos tentam colocar ordem no local, mas é tarefa difícil, pois o despejo de entulho e material orgânico acontece na calada da noite, quando boa parte da população dorme.

Um projeto para transformar a área em um parque ecológico engatinha na prefeitura, segundo o secretário regional José Fausto. "São aproximadamente 2,8 mil metros quadrados de matas que precisam ser conservados. Temos um sambaqui (sítio arqueológico) no local", diz o secretário. A área faz parte do projeto Eixo Ecológico Leste.

Morador da rua Cláudio Lopes, Luiz Carlos Flores se diz pessimista: "Se o parque for criado, meu filho teria um lugar para brincar e aprender. Mas falam a respeito do parque há muito tempo e nada aconteceu, a não ser os jovens que entram na mata para usar drogas", afirma Luiz.

VOCÊ SABIA?
Time de futebol deu nome ao bairro

O Aventureiro recebeu esta denominação por existir na década de 1950 um time de futebol carioca com este nome. O Aventureiro Esporte Clube funciona desde 1 de dezembro de 1951, a princípio só como time de futebol, e atualmente também como local salão de bailes. Inicialmente as atividades econômicas estavam baseadas na produção de cana-de-açúcar, banana e arroz, para venda e subsistência, e também estabelecimentos comerciais. A infraestrutura melhorou a partir da década de 70, com ampliação da distribuição da água e energia elétrica. As informações estão contidas no livro História dos Bairros de Joinville, da Fundação Cultural.

EDITORIAL: Fugindo do povo

O presidente Lula usou o Sete de Setembro para se aproximar do povo brasileiro. Em tom fortemente nacionalista anunciou que os bilhões de barris de petróleo do pré-sal serão utilizados para melhorar a qualidade de vida das futuras gerações reduzindo a imensa desigualdade entre os que têm muito e aquele que não tem quase nada no Brasil.

Durante o desfile de rua, em Brasília, Lula ouviu o povo gritar seu nome e se amontoar para vê-lo passar. Ele colhe hoje o resultado de sua política honesta e competente na qual suas promessas são transformadas em ações que beneficiam a maior parte da população como as obras do PAC, a construção de um milhão de casas populares, o Bolsa Família e o aumento real do salário mínimo.

Em Joinville, o Dia da Independência teve outro cenário completamente distinto. O prefeito, com medo de ser hostilizado durante os desfiles preferiu cancelar o evento, alegando querer evitar aumento de contágio da gripe suína.

O medo falou mais alto. Com a popularidade em baixa, apenas 22% de aprovação, segundo a pesquisa Univali, Carlito não quis arriscar ser cobrado no desfile.

Segundo informações, o prefeito foi avisado que funcionários da Saúde, da Educação e estudantes estariam preparados para uma mega manifestação de repúdio. O povo ainda não digeriu as mentiras de Carlito durante a última campanha eleitoral na qual prometeu reduzir a tarifa de água, a passagem de ônibus e resolver o caos na Saúde nos 100 primeiros dias de governo.

O que se espera é que em 2010 os joinvilenses possam voltar a ter a possibilidade de comemorar com um grande desfile a data maior do País e não ter que viajar para a vizinha cidade de São Francisco do Sul para ver o nosso Batalhão de Joinville desfilar.

Projeto que beneficiaria portadores de necessidades especiais é barrado

Jacson Almeida
jacson@gazetadejoinville.com.br

O Projeto de Lei Complementar (PL)18/09, que obriga o Governo do Estado a pagar pensão de um salário mínimo para portadores de necessidades especiais, que não recebem nada do Governo Federal ou Municipal, foi vetado por um voto apenas na Assembléia Legislativa. A PL era do deputado estadual Kennedy Nunes (PP). Para ele, é perseguição do governador.

O governador Luiz Henrique (PMDB) já tinha vetado o projeto, que retornou para a Assembléia. Agora, somente no próximo ano o deputado pode apresentar o mesmo trabalho. Kennedy conseguiu 21 votos, a maioria no plenário e mesmo assim não conseguiu derrubar o veto. Segundo o pepista, o governo achou a PL inconstitucional.

O deputado estadual explica que há muitas famílias catarinenses que não recebem nenhuma ajuda financeira do poder público, pois elas não conseguem se adequar às exigências do INSS ou da Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS). Conforme Kennedy, há critérios, como renda familiar, que barram muitas famílias. "Milhares de pessoas estão sofrendo", completa.

Sérgio Luiz da Silva, do serviço de apoio ao Conselho Municipal dos Direitos das Pessoas Portadoras de Deficiência de Joinville (COMDE), lembra que em cidades do interior existem pessoas que não sabem sobre seus direitos e acabam não os procurando. Em Santa Catarina há 800 mil portadores de necessidades especiais. Em Joinville são 70 mil e não são todos que recebem algum auxílio.

Outro projeto de Kennedy vetado pelo Governo do Estado é o que pede a inclusão dos dados sanguíneos em carteira de identidade. No entanto, a Assembléia Legislativa derrubou o veto. Conforme o pepista, a desculpa do governador é que isso geraria custo para o estado. Entretanto, o deputado afirma que é mentira, pois o exame para saber o tipo sanguíneo partiria de cada cidadão. Para ele, é uma escolha de cada um ter ou não o tipo sanguíneo no documento.

Para Kennedy, percebe-se claramente a perseguição do governador ao deputado de oposição. Ele conta que seus projetos são bons, mas o Governo Estadual não quer dar o "braço a torcer". "A caneta do governador é pesada contra mim", completa.

Senado gastou R$ 70 mil em curso de Ideli em três países, segundo Folha de S. Paulo

O Senado teria gasto pelo menos R$ 70 mil para a senadora Ideli Salvatti (PT-SC) e um assessor participarem de um curso voltado à capacitação de executivos, realizado em três etapas, entre abril de 2007 e janeiro de 2008, segundo a reportagem do jornal Folha de São Paulo, divulgada na quarta-feira (08).

Conforme a matéria da Folha, o curso é chamado de "The Art of Business Coaching" e foi promovido pela empresa Newfield Consulting, cujo o fundador no Brasil é Luiz Sérgio Gomes da Silva, ex-funcionário do Palácio do Planalto, ex-assessor da CUT (Central Única dos Trabalhadores) e filiado ao PT.

Em entrevista para a Folha, Luiz Sérgio afirmou que o curso é mais voltado para executivos de empresas privadas.

Os dados das viagens constam na Tomada de Contas do Senado de 2008 enviada ao Tribunal de Contas da União (TCU). Para os dois participarem do curso, o Senado desembolsou R$ 35.530 com inscrições. Além disso, o assessor de Ideli, Paulo André Argenta, recebeu mais R$ 15.208 em diárias para três viagens que fez sozinho para Buenos Aires, São Paulo e Florianópolis. O assessor disse ainda para o jornal que ele e a senadora tiveram as passagens aéreas pagas pelo Senado. Conforme o material divulgado pelo impresso, seria mais R$ 7,5 mil em passagens.
Por outro lado, o assessor disse à Folha de São Paulo, que ele e Ideli decidiram fazer o curso para melhorar a gestão do gabinete da senadora. "Estávamos com um problema. Basicamente, questão de equipe", disse o assessor para o veículo de comunicação.

Ideli se defende

Em resposta a reportagem publicada pelo jornal Folha de São Paulo, com data de 09/09/2009, que tem como título “Senado gastou R$ 70 mil em curso de Ideli em 3 países”, a senadora Ideli Salvatti (PT-SC) tem a esclarecer:

- O curso "The Art of Business Coaching" é feito pela empresa New Field Consulting, que existe há mais de 20 anos, com sede nos Estados Unidos. Todos os pagamentos foram feitos pelo Senado diretamente a New Field, nos EUA. O curso foi devidamente autorizado pela presidência do Senado Federal, tendo sido todo o processo referente aos gastos públicos, devidamente auditado e aprovado pela Diretoria de Controle Interno da Casa. O convite para participar do curso foi aceito com base no inciso 2, “a” do artigo 40 do Regimento Interno do Senado Federal.

- O referido curso prepara líderes para fazer a gestão de pessoas tanto em empresas públicas quanto em empresas privadas. Entre os participantes do curso estão profissionais que trabalham em organizações sociais, órgãos públicos e empresas privadas da Argentina, Espanha, Chile, Colômbia, Equador, México, Venezuela. Razão pela qual as etapas de conhecimento foram ministradas em diferentes países.

- A senadora considera que, com a participação no curso, houve melhora no desempenho de sua equipe em relação ao trabalho do mandato, totalmente voltado aos interesses de Santa Catarina e do Brasil.

- O curso “The Art of Business Coaching” tem participação suprapartidária. Um exemplo foi o treinamento recebido por diretores e gerentes do Conselho de Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ) durante a gestão do então presidente Fernando Henrique Cardoso.

- A designação do servidor Paulo André Argenta para participar do referido curso se deu de forma legal e também autorizada pela presidência do Senado. Paulo André exerce uma função de coordenação dentro do mandato da senadora e, através dos conhecimentos adquiridos no curso, é um disseminador das informações apreendidas entre os seus colegas.

- Na etapa que correspondeu cidade de Bueno Aires, na Argentina, por problemas de saúde, a senadora Ideli teve que retornar ao Brasil sem que tenha feito esta parte do curso. Sua atitude imediata foi devolver aos cofres públicos da quantia despendida com a viagem.

- A senadora esclarece ainda que os valores despendidos com sua capacitação e de seu funcionário são compatíveis aos valores de cursos ministrados por outras empresas com atuação semelhante no mercado.

Assessoria de Comunicação do Gabinete da Senadora Ideli Salvatti (PT-SC)

Cercas elétricas de Joinville podem ser regulamentadas

Gisele krama
giselekrama@gazetadejoinville.com.br

Vereadores ainda estão indecisos quanto à iniciativa do presidente da Câmara, Sandro Silva (PPS), em regulamentar a instalação de cercas energizadas em Joinville. O projeto, baseado na lei do ex-vereador Marco Aurélio Marcucci, em 2006, foi apresentado à comissão de Legislação, em reunião conjunta com a Comissão de Urbanismo, nesta semana. Somente Adilson Mariano (PT) e Lauro Kalfels (PSDB) se posicionaram contra.

Conforme o assessor de Sandro Silva, Pedro Johnni Dias Junior, a intenção do presidente da Câmara é regulamentar a instalação deste equipamento para garantir segurança. Segundo ele, será necessário criar normas específicas para a instalação do equipamento e de sinalização.
Ele explica que a regulamentação pode obrigar o Governo Municipal a fiscalizar melhor as instalações. "Se fez errado, a culpa não é da pessoa, mas sim da prefeitura que deveria ter fiscalizado", afirma. O órgão municipal responsável por isto atualmente é a Secretaria de Infraestrutura (Seinfra).

Outro destaque do projeto é para o aumento da tensão das cercas, que devem chegar a dez mil volts. Cidades como Itajaí já regulamentaram a instalação do equipamento e o aumento da voltagem.

No entanto, o projeto de Lei Complementar, criado por Sandro Silva, não abarcará as redes instaladas na zona rural. O próprio assessor do presidente da Câmara admite que no interior a situação é mais complicada já que os agricultores não costumam contratar empresa especializada. "É comum eles improvisarem as cercas elétricas", relata.

O artigo 7º do Projeto de Lei Complementar proíbe a utilização de bobinas automotivas e "fly-backs" de televisão. Esses equipamentos são usados normalmente nas residências que improvisam as cercas energizadas.

Outra regra é quanto à cor de fundo das placas, para que as pessoas possam ver de longe o aviso. A norma diz que devem ser colocados fundos amarelos, mas o que ocorre na maioria dos casos é a instalação de placas com fundo vermelho.

Tensão é 45 vezes maior do que a energia usada nas casas

O 13º artigo do projeto institui que a cerca energizada só poderá ser instalada na parte superior dos muros e 2,2 metros acima do solo. Já com relação aos dados técnicos fica estipulado o aumento na tensão, mas mantém a corrente máxima de 5 mili ampéres.

Mesmo assim, alguns vereadores ainda temem que crianças, animais e até adultos possam se ferir com o contato involuntário com a cerca. Até em empresas no Centro, há cercas que começam no chão. Assim, qualquer desavisado ou criança podem tomar choque.

A tensão de dez mil volts é 45 vezes maior do que a energia que é usada nas casas, de 220 volts. O que muda é a intermitência, ou seja, se a corrente é continua ou não.

O engenheiro eletricista Vilmar Carllo explica que a tensão não influencia, e sim o que importa é o valor da corrente elétrica. Conforme ele, se for pequena a corrente, o que vai acontecer é só a dor de um choque. "Somente acima de 30 mil causa dano", explica.

Mesmo assim, o projeto deverá passar pelas comissões de Legislação, Justiça e Redação, além de Urbanismo, Obras, Serviços Públicos e Meio Ambiente. Só então irá para votação na Câmara.

Álvaro Cornélio da Silva: “Foi uma pessoa que soube se tornar notável”

O professor Álvaro Cornélio da Silva freqüentou por 40 anos as salas de aulas de diversas escolas de Joinville. É lembrado por alunos e colegas como uma pessoa querida. Lecionava a matéria de Língua Portuguesa e por isso incentivava à leitura para todos os estudantes. Era um apaixonado por poesia.

Militante político, Álvaro participou da história do PP (Partido Progressista) de Joinville. Carmelina Barjona sempre lembra as palavras dele. "Política se ganha no corpo-a-corpo. Tem que estar próximo da comunidade e saber os problemas das pessoas", dizia. E aconselhava aos candidatos: "Não faça política de gabinete". Em época de eleições, lá ia ele na rua com sua bicicleta para conversar com as pessoas.

A "bicicletinha" do professor Álvaro sempre é citada em todas as escolas em que trabalhou. Era assim também quando dava aulas no colégio Bom Jesus, entre os anos 1978 e 1985.

Carmelina lembra que foi difícil fazer Álvaro parar de dar aulas. "Ele queria fazer os alunos gostarem de estudar", comenta. O professor teve duas carreiras como educador do Governo Estadual. Ele se aposentou e fez novo concurso público. Mas foi obrigado a se afastar aos 60 anos.
Um dos lemas do professor era trazer a família para escola. Ele sempre dizia que isto ajudava na educação. "Ele entendia os problemas das pessoas", lembra Carmelina.

O coronel Lourival de Souza, ex-presidente do PP, destaca que Álvaro era uma pessoa de fácil diálogo. "Foi uma pessoa que soube se tornar notável", lembra o companheiro de partido.
Lourival conta que foi no velório e todos os amigos estavam lá, dando força num momento de dor. "Foi gratificante tê-lo conhecido", diz.

Pelos filhos, Álvaro era visto como um pai zeloso, organizado e detalhista. Gostava de viajar e de falar sobre política. Lia jornais e gostava de ficar informado sobre tudo.

Ele veio do sítio, trabalhou e fez curso superior em Língua Portuguesa. Além disto, gostava de falar alemão e buscou compreender melhor esta cultura. Colecionava CDs e fitas de marchinhas alemãs.

Não perdia as apresentações de 7 de setembro. Quando estava em recuperação no hospital, chegou a comentar que desta vez não veria o desfile cívico. No entanto, o evento não foi realizado.

Álvaro Cornélio da Silva nasceu em 31 de março de 1937 e faleceu no dia 7 de setembro, no hospital da Unimed. Deixou cinco filhos, oito netos, muitos amigos e milhares de alunos.
Será lembrado com saudades por todos que um dia conviveram com o pai, amigo, partidário e professor!

Rogério Novaes quebra o silêncio:

Como pode começar uma gestão dizendo "aí, eu não posso fazer". Então não comece
a gestão. Fique em casa!


Gisele krama
giselekrama@gazetadejoinville.com.br

A saída de Marina Silva do PT causou polêmica neste ano. Agora, com a entrada da ex-ministra no PV, haverá muitas mudanças. Rogério Novaes (PV), engenheiro civil e candidato a prefeito em 2008, se fortalece com isso.

O engenheiro é um forte nome do partido para candidato a deputado estadual em 2010.
Em entrevista à Gazeta de Joinville, Rogério garante com exclusividade que será novamente candidato a prefeito de Joinville em 2012 e fala sobre a relação com Carlito Merss.

Entrevista • engenheiro Rogério Novaes


PV dentro de Joinville
O PV tem a história de algum tempo na cidade de Joinville. Em 2008, o partido teve destaque no cenário local porque pela primeira vez disputou as eleições para prefeito e com um projeto diferente. Um projeto que era diferente por ser completo. O projeto era tão interessante que os dois partidos que disputaram o segundo turno aproveitaram as ideias do PV, sabendo que o partido apoiava somente um candidato. Daquele momento em diante o partido começou a ganhar suporte na cidade.

Marina Silva candidata a presidente
Recentemente, tivemos a assinatura de filiação da ex-ministra do Meio Ambiente e senadora Marina Silva. O que muda agora? Eu tenho absoluta convicção que ela será nossa candidata à presidente da república. Ela tem visão bem próxima do PV, apresentada aqui em 2008. Não só da ecologia, mas do meio ambiente voltado para a sustentabilidade e para a qualidade de vida. Marina Silva tem uma história interessante. Ela começou a defender o meio ambiente, assim como Chico Mendes, por causa da sobrevivência das comunidades do seringal. Até semana passada o Brasil trabalhava com duas hipóteses para presidente da república, hoje trabalha com três. As três viáveis.

Importância de Marina para o PV
Muitas pessoas têm buscado o partido por causa dos projetos de 2008, e agora por causa da entrada da ex-ministra Marina Silva, que traz consigo toda uma história de luta. A ex-ministra é de uma família muito pobre. Ela foi mandada para a capital, onde foi acolhida pelo movimento católico. Ela era analfabeta, virou empregada doméstica, se alfabetizou, fez supletivo. Passou no vestibular da Universidade Federal do Acre. Cursou História, ou seja, se formou em curso superior por méritos próprios. Foi vereadora. Foi deputada estadual e foi até hoje a mais jovem senadora da República, aos 36 anos, em 1995. Cumpriu oito anos de mandato no senado. Foi reeleita. Em 2006, Lula a convidou para ser Ministra do Meio Ambiente. Ela é hoje um nome reconhecido internacionalmente.

O rompimento de Marina com o PT
A ex-ministra deixa o PT num momento em que o partido rompeu com o compromisso de evolução na sustentabilidade. Quando ela fechou o último projeto, o presidente Lula bloqueou e colocou o seu ministro especial, Mangabeira, para assumir o papel dela. Ela como uma mulher sóbria, e com uma vida corretíssima, jamais teve envolvida com corrupção. Uma pessoa comum, não precisou se curvar a isto. Na hora que ela deixa o Partido dos Trabalhadores, ela deixa bem claro isto: "eu primeiro vou resolver minha questão com o Partido dos Trabalhadores, depois, aí sim, vou me filiar a outros partidos". Marina diz no seu discurso, na assinatura da filiação em São Paulo, "mudei de casa e não de rua. Meus amigos ainda são os mesmos. O PT é que mudou um pouco." Ela não precisou conflitar com o PT para desmerecê-lo. Ela é maior do que isto.

PV para a próxima eleição
Em 2010, vamos (PV de Joinville) disputar as quatro eleições que vem aí. Para senador, Governador, deputado federal e estadual. Agora a força é maior, com apoio federal. Podemos disputar o senado porque Marina Silva conhece aquela casa como ninguém. Não temos definidos os nomes dos candidatos ainda. Mas a executiva de Joinville já deliberou a indicação de quatro nomes, dos quais já foram escolhidos três, que não serão divulgados por enquanto. Com a definição de Marina Silva para a presidência, o PV se distancia de coligações com o PSDB, DEM, PT, PR, PC do B e PDT. Porque são partidos que já tem composição nacional. Outros partidos vão tentar fragilizar o Partido Verde. Temos sofrido alguns assédios e vamos a fundo para saber se são tentativas para prejudicar o PV. Isso faz parte do jogo partidário.

Candidato a deputado estadual
Nós (PV) conseguimos destaque em 2008 porque não fomos para falar do ex-prefeito Tebaldi e nem do Carlito. Não precisa isto. Não estou interessado em cabide de emprego. Quero chegar no comando de ações que me deem independência. Com a vinda da ministra para o PV, sabemos que deveremos ter um candidato a governo do Estado. Como o Novaes teve bastante exposição, alguns companheiros disseram que o Novaes seria um bom nome para o Governo do Estado. Mas isso não está definido. Está mais certo, mais definido, que o Novaes dispute uma vaga na Assembléia Legislativa. Temos ainda oito meses para desenhar os projetos.

Prefeito em 2012
Tenho o sonho de em 2012 disputar novamente a Prefeitura de Joinville, com mais força, valor. Tenho certeza absoluta que a população de Joinville vai ser mais sensível a bons projetos. Eu me julgo mais capaz, mais competente do que aqueles que estão no governo. Se eu não pensasse assim, eu não buscaria o espaço dele.

Sem arrependimentos de não ter apoiado Carlito
Não me arrependo de não ter apoiado Carlito, em hipótese alguma. Quando uma pessoa ingressa na vida política, na hora que você tem uma posição, você tem que ter lado. Você identifica uma linha, um posicionamento. Você tem que ter coragem para ir até o final com ele. O segundo turno não era um segundo turno que me interessava. Mas o meu partido tomou uma posição, fosse confortável ou desconfortável, e eu fui com ela até o final. Essa posição é clara e nunca escondi essa posição de ninguém. Algumas pessoas me perguntam se eu estou satisfeito com a gestão pública municipal. O que eu tenho dito, o que eu tinha de visão para Joinville, não é semelhante ao candidato que ganhou.

Problemas da prefeitura para realizar projetos
Se não tem receita, que mude as regras. O nosso prefeito foi por três mandatos deputado federal, teve poder de mudar as regras. É muito fácil falar das coisas e não cumprir o seu papel. Nós podemos ter um bom teatro, nós podemos ter um bom parque. Nós não temos na periferia da cidade pequenos centros culturais e esportivos. Eu não tenho nem o grande e nem o pequeno. O nosso teatro Juarez Machado é uma pequena casa de espetáculo que não dá para fazer uma peça porque não tem altura de palco. Foi feito no subsolo onde se guardavam as plataformas da platéia do Cau Hansen. É isso que Joinville merece? Dá para fazer, mas o cara tem que ter muita força de vontade. Muita coragem e muito compromisso. A primeira fala ou discurso dos gestores: "ah, não tem dinheiro para fazer".

Falta de vontade do poder público
Aprendi com Jaime Lerner que só há duas maneiras de se fazer a gestão de uma cidade: da maneira mais fácil pensando problemas, dá voto, ou olhando soluções. Estamos há 20 anos brigando para acabar com o turno intermediário. Como pode começar uma gestão dizendo "aí, eu não posso fazer". Então não comece a gestão. Fique em casa! O meu anel viário estava na boca do prefeito. O tombamento do rio Cachoeira tava na boca do prefeito. O que tudo isso era. Piada? Gozação?

Exemplo de Wittich Freitag
Ah, mas o orçamento. Não me interessa o orçamento. Interessa que eu tenho compromisso. Seu Freitag não disse: "vou ser prefeito" e que "o IPTU vai ser o preço de um maço de cigarros". O IPTU era 13% do orçamento do município, na arrecadação própria. "Eu falei, vai ser e foi". Isso diferencia as pessoas que têm compromisso com a população. Você nunca ouviria da minha boca, "ah, não vai dar".

Reservatório da CAJ transborda e coloca vizinhança em risco

Jacson almeida
jacson@gazetadejoinville.com.br

Um reservatório da Companhia Águas de Joinville transbordou na madrugada de domingo (30) causando deslizamento de terra no morro entre a Avenida Santos Dumont e a Dona Francisca, na Rua Caixa D´’agua, deixando várias famílias em situação de risco.

O terreno do morador Pedro Paulo Glaciano ficou coberto por lama. Segundo ele, quando acordou de madrugada notou a mudança no seu quintal.

Parte da terra, que estava em baixo do reservatório, cedeu, deixando a vista os pilares de sustentação da estrutura. Os fios de energia elétrica também caíram com o deslizamento.
Segundo o engenheiro César Meyer, da Companhia Águas de Joinville, houve uma falha na válvula de controle e a água do reservatório transbordou, fazendo com que a terra desabasse. A estrutura atende a região do Bom Retiro, Santo Antônio e Costa e Silva.

César explica ainda que a maior preocupação é o risco de mais deslizamento, pois a previsão é de chuva forte nos próximos dias. Se a terra ceder mais, vai afetar várias famílias que estão próximas. Portanto, a Defesa Civil já foi alertada e ajudará para que o morro não deslize novamente.

O engenheiro adiantou que já havia uma equipe trabalhando. Mas no local não havia nenhum agente da Águas de Joinville.

O morador Pedro vai registrar um BO na delegacia. Segundo ele, ainda não foi tomada nenhuma providência dos órgãos públicos com relação ao deslizamento de terra. O medo da vizinhança é que o reservatório desabe, inundando muitas casas.

Contas da FCJ continuam sem prazo para votação na Câmara

Gisele krama
giselekrama@gazetadejoinville.com.br

A polêmica votação das contas referentes aos anos de 1998 e 1999, envolvendo o nome do ex-presidente da Fundação Cultural de Joinville (FCJ), Edson Machado, e do governador Luiz Henrique da Silveira, ainda está longe de ter um desfecho. Na Câmara de Vereadores ainda não foi marcada a data para a votação. Em relatório enviado aos vereadores, o TCE sugere que os balanços financeiros da FCJ não sejam aceitos.

No entanto, Edson Machado alega que os desequilíbrios financeiros deste período só ocorreram por causa da construção do Centreventos Cau Hansen e que nada era ilegal.

O processo rejeitado pelo TCE ficou esquecido na Câmara por quase nove anos. Agora, retorna com parecer favorável das comissões de Legislação, Justiça e Redação, além de Finanças, Orçamento e Contas do Município. A bancada petista foi a única que votou contra, com os nomes de Adilson Mariano e Manoel Bento.

Só Adilson Mariano considerou sugestão do TCE

A vereadora Tânia Eberhardt (PMDB) foi a relatora da Comissão de Legislação, Justiça e Redação. A peemedebista citou as restrições apontadas pelo Tribunal de Contas, como orçamento superestimado, déficit orçamentário e déficit financeiro. Mesmo assim, Tânia considerou que esses problemas não caracterizavam atos de improbidade administrativa e nem desvios na utilização dos recursos públicos.

Em 28 de julho de 2009, o presidente da comissão, Lauro Kalfels (PSDB), e o secretário Alodir Cristo (DEM) aprovaram o parecer de Tânia. Somente Adilson Mariano votou contra.
"Eles têm técnicos especializados em detectar problemas com os valores", explica o petista. Conforme Mariano, se o Tribunal de Contas sugeriu que as contas fossem rejeitadas é porque há motivos graves para esse pedido.

Tânia também fez o relatório para as contas de 1998. Ela apontou algumas irregularidades citadas pelo TCE, como déficit orçamentário em mais de R$ 4,5 milhões, ou seja, no orçamento dizia que a Fundação Cultural iria receber um valor, mas acabou por receber bem menos do que o estimado. Além disto, foi gasto muito mais do que o recebido, tendo rombo no caixa em quase R$ 2 milhões.

A peemedebista diz em relatório que se trata de uma situação especial, por causa da implementação do, que ela considera a "maior obra cultural já feita em nossa cidade", o Centreventos Cau Hansen.

Para Tânia, os erros apontados no relatório do TCE não demonstram desvio de dinheiro público ou prejuízo ao erário. Este parecer também teve voto favorável de Lauro Kalfels, Alodir Cristo e agora de Dalila Leal. Novamente Adilson Mariano foi o único a acatar as sugestões dos técnicos do Tribunal de Contas e votou contrário.

Parecer da Comissão de Finanças

A Comissão de Finanças foi favorável aos relatórios escritos por Odir Nunes (DEM), que também não encontrou irregularidades nas contas da Fundação Cultural entre os anos de 1998 e 1999. Conforme o democrata, o TCE apontou 17 erros, tanto constitucionais, quanto legais e de ordem regular.

O tribunal deu destaque, além das diferenças no orçamento e no relatório financeiro, às despesas realizadas sem licitação, que ao todo chegam a mais de R$ 150 mil.

Conforme o Tribunal de Contas, o comportamento financeiro de 1998 mostra que a Fundação não se preocupou em manter o equilíbrio de caixa, ao contrário, produziu déficit orçamentário, gerando insuficiência de caixa.

Mesmo assim, Odir Nunes destaca que não houve desvio de dinheiro público, portanto, as contas devem ser aprovadas. Os vereadores Juarez Pereira, Joaquim Girardi e Joaquim Alves dos Santos votaram a favor do democrata. Somente o petista Manoel Bento foi contra.

Outro lado: O ex-presidente da Fundação Cultural, Edson Machado, afirma que todos os atos da FCJ foram legais. "O acréscimo que houve nas obras é por causa do Centreventos", explica. Segundo o ex-presidente, era muito pouco tempo para fazer um grande volume de obras. Atualmente, Edson Machado trabalha na Secretaria de Articulação Internacional, do Governo de Santa Catarina.

ANITA GARIBALDI: Um bairro sem posto de saúde

Dinilson Vieira
especial para a Gazeta de Joinville

Inspirada na mesma determinação de luta de Anita Garibaldi, personalidade que ficou famosa na Revolução Farroupilha, a Associação de Moradores do bairro homônimo à guerrilheira trava uma batalha com o prefeito Carlito Merss. Sem data para terminar, o embate é para cobrar da Prefeitura antigas reivindicações dos moradores, que começam pela construção de um posto de saúde, pois o bairro não conta com nenhum; passam pela demolição de um prédio onde funcionava um supermercado e que se transformou em banheiro público e ponto de consumo de drogas; e termina com as obras de alargamento da rua Marquês de Olinda, cujo trecho em questão cruza com a rua Henrique Dias se transformou em armadilha para motoristas desavisados e os acidentes acabam sendo frequentes.

Seria injusto descrever uma radiografia sobre as vantagens e desvantagens de residir no bairro que serve de endereço da rodoviária do município e cuja distância média, do Centro é de apenas dois quilômetros, sem antes citar um encontro que o presidente da associação, Ozório Rosenstock, teve em 22 de abril passado com o prefeito e que contou com a participação da secretária regional Centro, Rocheli Grendene. Rocheli, que não retornou à reportagem, foi candidata à vereadora nas eleições passadas. Ela não foi eleita, mas recebeu de Carlito o comando da secretaria regional mais importante da cidade, porque cuida dos bairros América, Atiradores, Bucarein, Centro, além do próprio Anita Garibaldi. Localizada na rua Inácio Bastos, em frente ao estádio Arena, a sede da Regional fica na contramão de quem reside no Anita.

Na ocasião da reunião com o prefeito, Ozório apresentou ao prefeito uma lista de 10 obras que a entidade entende ser prioritárias para o bairro, pois a ausência das mesmas "afeta direta e indiretamente a vida de cada morador". Carlito recebeu a lista e, segundo Ozório, prometeu dar uma resposta em um prazo de 30 dias, o que nunca aconteceu. "A coisa é tão feia que nem uma desculpa nós ouvimos. Mas não vamos desistir de nossa luta", afirma.

Saúde: Atendimento só no São José

De acordo com estimativa da Prefeitura, a população do Anita Garibaldi em 2008 era de aproximadamente 8,4 mil habitantes, dos quais 16% (ou 1.280 pessoas) se encontravam na faixa de 60 anos ou mais – ou seja, um público propício a procurar mais o serviço público de saúde, principalmente em tempos de gripe suína. "Quando essas pessoas precisam de médico, são obrigadas a ir ao Hospital Municipal São José, que atende gente de todas as partes da cidade, ou a outra unidade de saúde na cidade. Um bairro tão importante como o Anita não tem posto de saúde até hoje", declara Ozório. A construção de um posto faz parte, inclusive, da lista de reivindicações que a associação tentou emplacar, sem sucesso, no Orçamento Participativo (OP) da Prefeitura. O objetivo do OP é discutir com os moradores onde serão investidos R$ 10 milhões do orçamento do ano que vem.

A aposentada Lutomira da Silva, 61 anos, moradora da rua Hermann Metz, sabe descrever as agruras de viver num bairro sem posto de saúde. Com constantes dores nas costas, ela se desloca até o Hospital São José quando necessita passar pelo ortopedista. "Se eu procurar ajuda no São Marcos é pior. No hospital eu espero horas, mas consigo atendimento", afirma ela. "Não entendo como o Anita, um bairro tão importante, não tenha seu próprio hospital".

SEGURANÇA: O tipo de crime praticado no Anita Garibaldi que mais preocupa autoridades policiais é o roubo, em que o criminoso faz uso de violência física ou psicológica para amedrontar sua vítima, geralmente com a utilização de arma de fogo. De acordo com o 8º Batalhão da Polícia Militar, unidade que cuida de 25 bairros da zona Norte de Joinville, em julho desse ano houve apenas dois roubos a estabelecimentos comerciais no Anita, número aparentemente baixo, mas que não significa que o crime está sob controle, já que a ação de bandidos está sempre migrando de uma região para outra. No mesmo Anita, a Polícia Militar não registrou nenhum assalto a residência em 2006, porém ocorreram quatro crimes em 2007 e três em 2008. O comandante, tenente coronel Edivar Antonio Bedin, explica que a sua unidade entrou recentemente num ciclo de dados mais confiáveis porque trabalha com o sistema pós-crime. Em resumo, uma equipe de policiais faz um levantamento minucioso para confirmar – ou não – a primeira informação que chega ao Centro de Operações da Polícia Militar. "Assalto é assalto e não tem nada a ver com furto qualificado", diz o comandante.

COMÉRCIO Na rua Rio Grande do Norte, no Anita Garibaldi, a maior preocupação de Odívio Aguiar não é vender mais telhas em sua loja. Apesar de não considerar o setor de comércio atuante do jeito que gostaria de ver no bairro, Odívio garante que consegue trabalhar o bastante para o sustento da família e pagar as dívidas. O que não dá para suportar, segundo o comerciante, é conviver com a situação em que se transformaram os escombros do prédio em que funcionava um supermercado, bem em frente à sua loja e também ao sobrado que serve de moradia para a família. "Isso é um terror. Virou ponto de drogados e banheiro público. Um mendigo já matou outro nesse lugar há cinco anos", afirma o comerciante. Além disso, o local virou ponto de despejo de entulho e outros tipos de materiais. Desanimado com o descaso no local, o próprio Odívio admite também jogar lixo no local. Para ele, a área seria ideal para se transformar em um centro comercial. O terreno em questão consta na lista de prioridades da Associação de Moradores. "O local causa uma péssima impressão ao bairro", diz o documento entregue ao prefeito Carlito Merss em abril passado. A entidade pede que a estrutura seja demolida.

TRÂNSITO: Um poste para proteger outro poste

A finalização do alargamento da rua Marquês de Olinda, no trecho situado entre as ruas Anita Garibaldi e Henrique Dias, é uma obra considerada prioritária por um simples leigo que passa alguns minutos observando o local. A extensão do trecho em questão é de aproximadamente 300 metros e a não realização da obra transforma o local em armadilha de acidentes para motoristas e pedestres. A situação é bizarra a ponto da Celesc (Centrais Elétricas de Santa Catarina) ter fixado na esquina um poste para proteger de batidas de carros outro poste de sustentação de fios.

O problema maior é para os motoristas que trafegam pela Marquês de Olinda em direção à rua Anita Garibaldi. No encontro com a rua Henrique Dias, a pista da Marquês sofre uma curva fechada para a esquerda e em seguida para a direita. Sem semáforo no local, de repente o motorista desavisado e avançando em velocidade se vê envolvido em acidente. Diariamente, centenas de alunos do campus da Sociesc e da Escola Estadual Martins Veras circulam pela área.
"Já acordamos bruscamente de madrugada por causa do barulho causado por acidentes na esquina", afirma a dona de casa Maria Lucas Dias, moradora da rua Henrique Dias. Ela diz que o Anita Garibaldi seria um bairro perfeito para se morar, não fosse o cruzamento perigoso. Ciente sobre o problema, a Conurb (Companhia de Desenvolvimento e Urbanização de Joivinlle) informou que enviaria uma equipe técnica ao local.

O prolongamento da rua Minas Gerais, desde o viaduto da BR-101, até a rua Copacabana, margeando a linha férrea, é outra reivindicação. De acordo com a Associação de Moradores Anita Garibaldi, o projeto já existe na Secretaria de Infraestrutura. A pista nova desafogaria o trânsito neste trecho. "Essa obra aliviaria o acesso para quem entra na cidade pela Anita Garibaldi", afirma Ozório Rosenstock, presidente da entidade.

Outra reivindicação é a revitalização da própria rua Anita Garibaldi, principal via do bairro e que possui vários trechos de calçada mal conservados. "O problema se agrava em dias de chuva, pois a água acumulada em poças obriga pedestres a utilizarem a rua como passagem", completa Ozório. A Prefeitura não se pronunciou a respeito das ruas Minas Gerais e Anita Garibaldi.

SANEAMENTO BÁSICO Escolhido como um dos dois delegados do Anita Garibaldi para atuar nas diretrizes do OP, o funcionário público do judiciário catarinense Juarez Vieira, braço direito de Ozório Rosenstock, lamenta a falta de perspectivas de obras para o bairro. Além da ausência da unidade de saúde, Juarez aponta como prioritário a construção de uma estação de tratamento de esgoto sanitário. De acordo com a própria Companhia Águas de Joinville, informações contidas no site oficial da Prefeitura, apenas 57,83% da área do bairro – compreendida por 3,05 quilômetros quadrados – é atendida por rede coletora de esgoto.

"Na lista de cinco itens encaminhados ao OP (dos quais nenhum será atendido), está a questão do esgoto. Ficamos preocupados com a notícia da construção de um condomínio de nove edifícios, num total de 400 apartamentos, no terreno que faz esquina com as ruas Anita Garibaldi e Copacabana. Não somos contra o desenvolvimento, mas o Anita precisa de atenção especial, para que sua infraestrutura comporte e suporte as grandes construções", afirma Juarez.

A Associação de Moradores informa ainda que já cansou de alertar a Prefeitura sobre o esgoto doméstico despejado no rio Jaguarão e seus afluentes. Também de acordo com a entidade, o OP privilegiou entre suas obras para 2010 a reforma de toda a calçada no entorno do 62º Batalhão de Infantaria do Exército, o que, segundo a entidade, não atende os anseios da maioria da população local.

Verde, muito verde

Se houvesse um concurso para definir o bairro que mais conserva áreas verdes em Joinville, o Anita Garibaldi com certeza seria um forte candidato ao título. Moradora do bairro há 64 anos, uma das famílias de sobrenome Pereira da cidade sabe muito bem o que é qualidade de vida quando o assunto é meio ambiente.

O clã Pereira reside no alto do Morro da Prefeitura, que leva esse nome porque o poder público municipal mantinha na área uma usina de asfalto, que atualmente serve como pátio de máquinas e caminhões. As trilhas do morro são frequentadas principalmente nos fins de semana e por poucos privilegiados conhecedores do local.

"Isso aqui é um sossego em todos os aspectos. Meus avós criaram os filhos aqui e agora sou eu quem cuida do lugar", afirma Fabiane Beatriz Chaves Bastos, moradora de uma das casas construídas no terreno de quase dois mil metros quadrados ocupada pelos Pereira. O acesso à residência é possível pela rua Joaquim Nabuco, via que começa na Marquês de Olinda.

É do Morro da Prefeitura que se tem idéia da dimensão de áreas verdes de diversos tamanhos no Anita Garibaldi. "Não podemos reclamar da falta de árvores no bairro. Temos a convivência com pássaros de várias espécies que alegram nossos dias", afirma Ozório Rosenstock, presidente da Associação de Moradores. As praças Praça Monte Castelo, da Rodoviária e da Empresa Hansen também são pontos de referência do bairro.