Da redação
redacao@gazetadejoinville.com.br
Ele ficou em segundo lugar nas eleições de 2008 para a Prefeitura de Joinville e até o momento vinha evitando criticar diretamente a administração do prefeito Carlito Merss (PT). Em entrevista exclusiva à Gazeta, o deputado estadual Darci de Matos (DEM) quebra o silêncio de mais de um ano e faz questão de relembrar: “Nós tentamos alertar a população sobre as experiências mal sucedidas de Blumenau, Chapecó, Itajaí e Criciúma. Mas, como havia um desejo de mudança, o PT ganhou as eleições e a prova está aí: faltam apenas dois anos e 11 meses para essa gestão e o governo ainda não disse a que veio”.
Darci classificou como irresponsável as inúmeras desculpas encontradas por Carlito para justificar sua má administração. Para ele, o tempo de desculpas acabou. “Eu espero que eles trabalhem, levantem cedo, toquem os projetos e cumpram aquilo que prometeram”, enfatiza.
O deputado também não poupou elogios à atitude do também deputado estadual Kennedy Nunes (PP) no episódio do rompimento com Carlito Merss depois do aumento da passagem do transporte coletivo. “Kennedy foi coerente.
O Kennedy tem essa personalidade e resolve rápido as coisas. Eu achei um ato corajoso da parte dele ao demonstrar que o prefeito não cumpriu a palavra com ele”. Sobre a promessa de baixar a passagem de ônibus para R$ 1,85, pregada por Darci durante sua campanha, ele afirmou ainda ser possível.
Medindo as palavras, Darci não se furtou em comentar sobre o escândalo envolvendo seu nome com o do ex-secretário da Saúde Norival Silva, preso e condenado em primeira instância sob a acusação de formação de quadrilha.
O parlamentar ainda fez uma avaliação do cenário político para 2010 afirmando que o senador Raimundo Colombo (DEM) inquestionavelmente é candidato ao Governo do Estado.
A avaliação de Darci de Matos sobre o governo Carlito
Os problemas de gestão
Primeiro é a falta de experiência do próprio Carlito que nunca foi gestor. Ele sempre foi parlamentar e atuou com a filosofia de crítica aos governos. Aliado a isso, a escolha de secretários “de fora” de Joinville, que não conheciam a realidade da cidade, como é o caso do Planejamento, do IPPUJ e outros que estão no terceiro escalão. O outro motivo é a filosofia petista, que é de muito debate, muita discussão e de muitos conselhos sem nenhuma objetividade.
Repetindo erros
Na eleição nós tentamos alertar a população sobre as experiências mal sucedidas de Blumenau, Chapecó, Itajaí e Criciúma. Mas, como havia um desejo de mudança o PT ganhou as eleições e a prova está aí, onde faltam apenas dois anos e 11 meses para terminar o governo e ainda não disse a que veio. Está desencontrado e não está conseguindo assumir os compromissos assumidos na campanha.
Mudando o discurso
Carlito achou que tudo era fácil. Que em 100 dias resolveria o problema da saúde, que construiria elevados, abriria avenidas. Ele teve um discurso de campanha e agora tem um discurso de gestão. Não conhecia a máquina e foi irresponsável com suas propostas.
Cabide de Empregos
Antes o Carlito dizia que a prefeitura era um cabide de empregos e agora manda um projeto para criar cargos comissionados. Vejam a questão do nepotismo. Eles continuam questionando a Justiça quando a Justiça disse que é nepotismo.
Aumento do ônibus e da água
Logo que assumiram a prefeitura promoveram o aumento da passagem do ônibus, acima da inflação, o que estoura o bolso do trabalhador. Sendo que ele tinha assumido com o Kennedy que baixaria a passagem. Tanto é que o Kennedy coerentemente rompeu com ele. A água? Eu apanhei muito na campanha em relação a isso. Viviam dizendo que era a água mais cara de Santa Catarina e do Brasil. E ele vem e aumenta a água que é um recurso gratuito. Não precisava aumentar.
As bolsas da Univille
Na educação o secretário Marquinho Fernandes está fazendo política nas escolas trocando os diretores. E a dívida com a Univille? Viviam alardeando que a prefeitura irresponsavelmente não repassava o dinheiro, que alunos iriam perder a bolsa. E agora? Assim que Carlito assumiu pediu um parecer jurídico e mudou o discurso novamente. Ele não repassa nem o dinheiro mensal e nem o atrasado.
O aumento das filas na Saúde
A saúde que ele (Carlito) disse que iria resolver em 100 dias? Ou ele não conhecia ou estava brincando com as pessoas. Passou um ano e três meses e o que foi feito pela saúde? As filas aumentaram, existem mais de 40 mil pessoas esperando uma consulta especializada ou um exame. O asfalto é importante mas pode esperar um, dois, três ou cinco meses. A doença não espera, ela mata.
Um ano de desculpas
Eu até estou curioso para saber qual serão as próximas desculpas dele. No início foi o rombo de R$ 100 milhões que era uma mentira. Depois que a equipe era nova e precisava conhecer a máquina. Agora passou mais de um ano e vamos ver o que eles vão alegar. Eu espero que eles trabalhem. Levantem cedo, toquem os projetos e cumpram aquilo que prometeram.
Gas
tos com publicidade
Na campanha, Carlito batia na verba da comunicação que era R$ 7 milhões. Agora ele pediu 15 e deram R$ 11 milhões. Mais uma incoerência, porque ele dizia que era muito dinheiro pra comunicação. Ou não conhecia ou estava brincando com a população.
O rompimento de Kennedy
O Kennedy foi coerente. O Kennedy tem essa personalidade e resolve rapidamente as coisas. Eu achei um ato corajoso da parte dele ao demonstrar que o prefeito não cumpriu a palavra com ele. O Kennedy disse, no segundo turno, que somente estava apoiando o Carlito porque ele tinha se comprometido com suas propostas. Ele fez o que tinha que fazer.
A mentira do rombo
Eu já encontrei muitas pessoas nas ruas afirmando que estão com saudades do Tebaldi. O Tebaldi fez uma gestão administrativa muito equilibrada. Pagava em dia, repassava as subvenções. Eu conhecia a situação da prefeitura. Eles, do PT, quando assumiram começaram com aquela bravata de que tinha R$ 100 milhões de dívida para tentar desmoralizar o governo anterior. Mas, a mentira tem perna curta e o Tribunal de Contas deu o veredicto.
Os secretários forasteiros
Falta experiência no secretariado. Tem muita gente que não é daqui, que veio para a campanha e está aí. Falta objetividade, falta experiência. Eles não conseguem fazer uma gestão a altura do que a cidade precisa.
Passagem a R$ 1,85
É possível. Eu vou explicar. Fiz um acordo com o Tebaldi que faria como o Kassab fez em São Paulo, daria subsídio para a passagem. As empresas reclamaram muito na época, queriam aumentar. Tanto é que eu tenho um projeto de lei que tramita na Assembleia, tirando a incidência do ICMS do óleo diesel para o transporte coletivo.
De onde viria o subsídio
Da prefeitura, do gabinete do prefeito, da publicidade e de diárias, que são atividades de onde você pode cortar.
Propaganda exagerada
É uma gestão de falácias. Uma maquiagem. Eu nunca me esqueço que nos primeiros dois meses eu estava em casa e vi uma propaganda em horário nobre, que deve ser caríssima, o prefeito divulgando a reforma de uma cobertura de um posto de saúde e uma passarela ali no Comasa do Boa Vista. Eu acho que o valor dessas duas “obrinhas” deve ter custado o mesmo valor da mídia. Meu Deus do céu! E sobre a limpeza dos rios? Aquilo foi feito com dinheiro do Estado e do Governo Federal.
Eleições: passado, presente e futuro
Derrota nas eleições
O motivo da derrota? A exaustão do poder. Nós estávamos há 12 anos no poder. Era uma tendência de mudança natural. Eu perdi, mas continuei de cabeça erguida.
A influência da prisão do Norival Silva
É difícil avaliar. O Norival era um secretário como tantos outros da gestão do prefeito Tebaldi que se complicou e caiu. Isso foi ruim pra gestão e para a campanha como um todo. Tudo que acontece em uma gestão de errado repercute negativamente.
Darci está reeleito?
Não. Claro que não. Eu considero que a população tem aceitado bem o meu trabalho. Não só eu, o Kennedy e o Nilson Gonçalves. Temos feito um bom trabalho na Assembleia. Mas, eu estou trabalhando em Joinville e fora de Joinville. Na última eleição eu trabalhei muito pouco fora de Joinville.
Tríplice Aliança
O Raimundo Colombo é candidato ao governo. Pode escrever isso, com tríplice ou sem tríplice. Ele é candidato ao governo. Ele é o segundo colocado nas pesquisas e isso é ponto pacífico. Agora, nós queremos a tríplice com o PMDB e o PSDB.